domingo, 25 de agosto de 2013

DILMA ATACA TERRITÓRIO TUCANO.

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Presidente Dilma Rousseff em cerimônia do FIES, em São Paulo
Dilma Rousseff na quinta-feira em São Paulo: afagos a Fernando Haddad (à direita), prefeito da capital e vitrine da gestão petista no estado (Nelson Antoine/Fotoarena)
Quando resolveu retomar a rotina de viagens depois dos protestos que chacoalharam o país há dois meses, a presidente da República, Dilma Rousseff, optou por uma rota diferente da que havia percorrido nas semanas anteriores. Até então, ela priorizara o Nordeste. Agora, o foco é outro: São Paulo e Minas Gerais, principais territórios sob influência política do PSDB.
Desde 31 de julho, Dilma esteve cinco vezes em cidades paulistas e duas no estado vizinho. As outras viagens foram para o Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude, Rio Grande do Sul, onde vive sua filha, e agendas internacionais para o Paraguai e o Uruguai.
Na semana que se inicia, Dilma não vai mudar o roteiro: na terça-feira, ela visitará Belo Horizonte. Na quinta, a presidente volta a Campinas (SP). Ao final de agosto, a soma de viagens somará seis paradas no território paulista e três no Minas Gerais em um mês. É um número incomu 
lO pretexto para as viagens de Dilma é o que menos importa: o essencial é ter um palanque para discursar, plateia e espaço na imprensa regional para fazer ecoar seu discurso. Em Cristália (SP), por exemplo, a presidente participou da inauguração da nova fábrica de biotecnologia e de citostáticos da cidade. Em São João del-Rei (MG), relançou um programa que já havia sido anunciado muito tempo antes: o PAC Cidades Históricas. 
Antes dos protestos que forçaram o governo a corrigir os rumos e prenderam a presidente em Brasília por aproximadamente um mês, Dilma priorizava o Nordeste. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, era visto como uma ameaça real para 2014, e se tornou importante fazer uma ofensiva na região onde o representante do PSB é mais forte.
Com a queda na popularidade, Dilma se recolheu no Palácio do Planalto por um mês. Depois, passou a dar ainda mais importância às viagens. E o cenário se alterou: Eduardo Campos, que ainda hesita em lançar-se candidato, é o último dos quatro principais nomes nas pesquisas eleitorais. Marina Silva ainda luta para formalizar o seu partido, aRede Sustentabilidade, a tempo de disputar a Presidência em 2014. Por isso, a atenção do Planalto se volta para os tradicionais adversários do PSDB, que têm em São Paulo e Minas Gerais seus redutos eleitorais.
São João del-Rei, cidade visitada pela presidente em 20 de agosto, é nada menos do que a terra-natal do tucano Aécio Neves, virtual candidato do PSDB. Lá, Dilma posou ao lado de prefeitos - muitos deles, aliados de Aécio - e elogiou Tancredo Neves, avô do tucano. É uma clara ofensiva em território inimigo.
Aécio reagiu: diz que os passeios da presidente podem configurar propaganda antecipada. "É uma prerrogativa que ela tem. Mas, obviamente, a Justiça Eleitoral deve estar atenta a essa excessiva movimentação com um caráter evidentemente eitoral", diz o presidente do PSDB e possível candidato ao Palácio do Planalto. O tucano afirma que o PAC Cidades Históricas, anunciado pela presidente em São João del-Rei, não resultou na aplicação de um real sequer.
Além da ofensiva de viés eleitoral, as viagens de Dilma para São Paulo e Minas Gerais podem ter sido motivadas pela tentativa de recuperar sua popularidade onde ela mais caiu: no Sul-Sudeste. No Nordeste e no Norte, apesar da queda, a presidente ainda tem um prognóstico eleitoral mais confortável.
Outro elemento ajuda a explicar a mudança de foco: o interesse do PT em tirar os tucanos de seus dois principais governos estaduais. Reforçar as realizações do governo petista entre paulistas e mineiros ajuda a contrabalancear a hegemonia tucana nos dois estados e pode preparar o terreno para candidaturas de oposição.

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