terça-feira, 15 de dezembro de 2015

OPERAÇÃO CATILINÁRIAS ATINGE EM CHEIO O PMDB

Eduardo Cunha e Renan Calheiros
Eduardo Cunha e Renan Calheiros (Ueslei Marcelino/Reuters)
A Operação Catilinárias, desdobramento da Lava Jato deflagrado nesta terça-feira pela Polícia Federal, atinge em cheio o PMDB. Além do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também foram alvos de busca e apreensão os ministros peemedebistas Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) - ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Houve também buscas na sede do partido em Alagoas, reduto eleitoral de Renan. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a solicitar ao Supremo Tribunal Federal buscas na residência oficial do senador, mas o ministro Teori Zavascki negou o pedido. O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) também teve a casa vasculhada pela Polícia Federal.
Em depoimento à Justiça, o doleiro Alberto Youseff acusou Pansera - sem citar seu nome - de ser "pau mandado" de Eduardo Cunha e de tentar intimidá-lo. Na CPI da Petrobras, Pansera protocolou requerimentos pedindo a quebra do sigilo bancário da ex-mulher e de duas filhas do doleiro e solicitou a convocação do delator Julio Camargo e da sua advogada, Beatriz Catta Preta, que defendia nove delatores da Lava Jato. Deputado do baixo clero da Câmara, Pansera foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff titular da pasta de Ciência e Tecnologia na última reforma ministerial. Ele entrou no lugar de Aldo Rebelo. Antes de integrar os quadros do PMDB, Pansera já foi filiado ao PT e ao PSTU. Ele nega todas as acusações.
Henrique Eduardo Alves foi citado pelo ex-dirigente da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos beneficiários do esquema do petrolão. O Ministério Público Federal, no entanto, não viu indícios suficientes para abrir uma investigação contra ele. Até o ano passado, Alves era presidente da Câmara dos Deputados. Com 44 anos de Casa, ele já chegou a ser líder da bancada do PMDB e estava sem mandato parlamentar por ter disputado - e perdido - o governo do Rio Grande do Norte nas eleições de 2014. O ministro também nega as implicações.
Ligado ao clã de José Sarney, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) foi citado em pelo menos duas delações premiadas da Lava Jato. Em depoimento, Paulo Roberto Costa relatou que mandou entregar 2 milhões de reais a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney para a campanha ao governo do Estado em 2010, a pedido de Lobão. O dinheiro teria sido entregue pelo doleiro Alberto Youssef. Também sob delação premiada, o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, afirmou que pagou 1 milhão de reais para o senador para que ele agisse em favor da empreiteira em obras da usina nuclear Angra 3. Lobão foi governador do Maranhão, de 1991 e 1994, e ministro de Minas e Energia durante o governo Lula (2008 até 2010) e Dilma (2011 a janeiro de 2015). O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de investigação contra o parlamentar, em março deste ano. O senador também refuta as acusações.
Alvo de quatro inquéritos no STF, o deputado Aníbal Gomes é suspeito de ser o "interlocutor" do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no esquema do petrolão. Segundo delação de Paulo Roberto Costa, Gomes participou de reuniões com empreiteiros para negociar valores de propina a serem pagos em troca de contratos da Petrobras. Ele rechaça as acusações.
O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) também é alvo de inquérito no Supremo. Em depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que o senador pediu 20 milhões de reais para a campanha, em 2010, do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que morreu no ano passado em um acidente de avião. Na ocasião, ele era secretário de Desenvolvimento Social do Estado. Coelho também foi ministro da Integração Nacional no primeiro mandato da presidente Dilma.

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