quinta-feira, 14 de abril de 2016

DILMA DIZ QUE VAI ATÉ O FIM NO JULGAMENTO DO IMPEACHMENT


Marcelo Ferreira/CB/D.A Press


A quatro dias da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff faz questão de admitir publicamente apenas uma possibilidade: ficar no cargo para o qual foi eleita. Numa entrevista a 10 jornalistas, na manhã de ontem, na sala do quarto andar do Palácio do Planalto, ela rechaçou o clima de “já ganhou” da oposição, referiu-se a Sérgio Moro, o nome mais popular da Lava-Jato, como “o juiz”, e acusou seu vice, Michel Temer, e Eduardo Cunha, presidente da Câmara, ambos do PMDB, de serem sócios no “golpe”.

Durante duas horas e 20 minutos, quis provar que está firme no posto. No centro de grande mesa de madeira redonda, escorada por fotos da filha e do neto, três vasos de orquídeas e dois umidificadores de ar, manteve a altivez e até a ironia, referindo-se como “minha querida, meu querido” a quem lhe dirigia perguntas mais incômodas. De início, avisou que não seria uma entrevista “comportadinha” e passou recados claros — o mais importante deles é que vai lutar até o último minuto. Sem deixar explícito, entretanto, se o governo vai judicializar o processo no STF. “Eu não te garanto ainda o que nós vamos fazer (judicializar) porque eu ainda não tenho completa avaliação do jurídico do governo. Não sei quando faremos, se faremos.”

Vestida com uma camisa preta de bolinhas brancas e calça preta, disse que tem mais fôlego e disposição em dias tensos. Não toma remédio tarja-preta e tem dormido bem. “Você acha que alguém que está mal anda de bicicleta e faz musculação todo dia?” Admitiu, no entanto, cansaço. “Desde que o dia raiou em 2016, não tenho sossego.”

Às críticas, responde no mesmo tom. “Não posso ficar fazendo autocrítica porque não muda uma vírgula da realidade.” Não referenda as alfinetadas do próprio PT sobre perdas dos trabalhadores em seu governo. Mas reclama da “espetacularização”, pela imprensa, da Operação Lava-Jato. Assume a crise econômica, mas atribui a dificuldade de sair dela ao emaranhado político, embora não exclusivamente a ele. Há clareza sobre os inimigos. Ironizou o vazamento do discurso do vice Michel Temer, que “ensaiava” quais seriam suas palavras ao assumir a Presidência. Acredita que foi uma divulgação deliberada.

A matemática do governo permite planos para segunda-feira. Caso o impeachment não passe, está na agenda um grande pacto para tirar o Brasil da crise, “sem vencedores e derrotados”, com todos os setores da sociedade, inclusive a oposição. Se nada caminhar como planeja, se todas as instâncias forem testadas, só aí ela admite ser carta fora do baralho

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