sábado, 2 de julho de 2016

FABIO CLÉTO IMPLICA GRANDES EMPRESAS EM DELAÇÃO

Ao deixar o emprego no banco Itaú, o executivo Fábio Cleto passou a operar, em 2011, um fundo de investimentos próprio. Conhecia do mercado financeiro Lúcio Funaro, um operador de fama ruim, acusado de operações ilícitas e envolvido no escândalo do mensalão. Sabia que Funaro era, também, próximo do deputado federalEduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro. Não sabia que naquele momento, em Brasília, políticos tinham dificuldades para emplacar alguém numa cobiçada vice-presidência da Caixa, em razão das exigências técnicas feitas pelo Ministério da Fazenda. Três nomes já haviam sido barrados. Cleto não sabia, mas era o homem certo, na hora certa. Sem qualquer conhecido em Brasília, foi o escolhido para ocupar aquele naco do Estado destinado aos políticos. O emprego era obra de Lúcio Funaro, que o recomendara a Cunha – que, por sua vez, avalizara a indicação com o então líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves. Estava feito. Cleto nem sequer encontrara Cunha. Mas sabia, por Funaro, que haveria benefícios no cargo – leia-se, propina. 
 
Eduardo Cunha e Joesley Batista (Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO, Marcelo Min/Fotogarrafa / Editora Globo)
No mesmo dia que sua nomeação foi publicada no Diário Oficial, 7 de abril de 2011, sob a assinatura da presidente Dilma Rousseff e do ministro Guido Mantega, Funaro telefonou e chamou Cleto para uma reunião em seu escritório, em São Paulo. Não era para comemorar. Ao chegar ao local, Cleto foi abordado por um carro e recebeu um envelope. Continha três folhas, com um documento no qual Cleto comunicava sua renúncia ao cargo que nem assumira na Caixa. Cleto foi obrigado a deixar o documento assinado com Funaro. Caíra numa armadilha. Caso não seguisse as ordens, Funaro apresentaria a carta e ele perderia o cargo. Uma semana depois, Cleto teve a primeira reunião com Eduardo Cunha. O deputado foi objetivo: tinha interesse em projetos apresentados por empresas ao Conselho do FI-FGTS, um fundo bilionário, formado com dinheiro dos trabalhadores, e que investe em infraestrutura. Como vice da Caixa, Cleto seria uma das pessoas a decidir sobre a liberação de milhões de reais mediante pedidos das empresas. Cunha deu três ordens a ele: sempre informar quais eram as empresas interessadas no fundo, votar como ele mandasse e, por fim, encontrá-lo semanalmente todas as terças-feiras, às 7h30 da manhã, em sua casa; conversas, apenas pelo aplicativo BBM do celular BlackBerry. Cleto tornara-se escravo dos interesses econômicos de Eduardo Cunha em Brasília, sob o chicote de Funaro

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