segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

COMO FICA A SEGURANÇA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Soldados nas ruas de Vitória ,no esforço de suprir a ausência da PM .No Espírito Santo,uma greve da polícia tem consequências especialmentes imprevisíveis (Foto: Gabriel Lordello/EFE)
Há duas décadas, Rio de Janeiro e Espírito Santo eram os dois estados mais violentos do Brasil. Registravam mais de 40 mortos para cada 100 mil habitantes, taxa compatível com a de países em guerra. Desde então, o panorama da segurança pública mudou muito. Antes o sétimo mais perigoso, São Paulo se tornou o segundo estado mais seguro da Federação, com uma queda de 56% na taxa de homicídios. Com uma queda de 34%, o Rio agora está na média. No Espírito Santo, porém, a taxa de homicídios recuou apenas 4,4%. “Dos estados mais violentos, foi o que menos avançou”, diz o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo Mapa da violência. Por que é mais difícil para os capixabas combater a criminalidade?
É errado atribuir o caos dos últimos dias à austeridade fiscal do governo do Espírito Santo. O investimento do estado em segurança aumentou de 9% do gasto público total, em 2010, para 14% em 2016. Há uma década, as prisões capixabas estavam entre as piores do país. Só em junho de 2006, rebeliões em três presídios deixaram quatro mortos – um deles, degolado. Desde então, mais de 20 unidades carcerárias foram construídas. Cada preso recebe um kit de higiene pessoal, sem precisar recorrer a parentes ou facções criminosas. É o mínimo, mas no Brasil isso é um marco civilizatório. Em 2016, o Espírito Santo foi o único estado no país sem assassinatos em presídios. Nos últimos cinco anos, o efetivo da Polícia Civil aumentou cerca de 50% – a maior parte do reforço foi destinada à investigação de assassinatos. “No ano passado, houve mais condenações por homicídio do que homicídios. Isso só aconteceu porque havia um acúmulo de processos, mas mostra como o estado está recuperando o atraso”, afirma Henrique Herkenhoff, secretário de Segurança Pública de 2011 a 2013, professor da Universidade Vila Velha e ex-procurador-chefe do Ministério Público Federal no Espírito Santo. Apesar de elogiados por especialistas, os avanços da segurança pública capixaba não trouxeram resultados evidentes no mais confiável e importante indicador. A taxa de homicídios continua no patamar de 40 mortos para cada 100 mil habitantes. Talvez seja uma questão de tempo. Ou talvez os esforços, acima da média, não estejam à altura de um problema bem mais complexo do que a média

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