BRASÍLIA - Com a campanha nas ruas, sob ataques da oposição e pressionada
pela movimentação eleitoral do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a
presidente Dilma Rousseff lançou uma ofensiva para cimentar a aliança com o PMDB
para 2014. A fórmula combina gestos simbólicos e a promessa de mais presença na
Esplanada para o partido. O primeiro passo será a presença de Dilma na convenção
do PMDB, no próximo sábado.
Antes, na noite de quinta-feira, a presidente irá ao Palácio do Jaburu, a
convite do vice-presidente Michel Temer, para participar de jantar em homenagem
ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), no qual estarão presentes ministros,
senadores, deputados e governadores da sigla.
O objetivo do Planalto é sinalizar que o PMDB é o aliado preferencial para a
sucessão de 2014. O partido recebeu ainda o aceno de que poderá vir a ser
contemplado com o ministério “top”, na visão de peemedebistas: o dos
Transportes, que a presidente pretende entregar a Minas Gerais. Um dos cotados é
o deputado Leonardo Quintão, que abriu mão de sua candidatura a prefeito de Belo
Horizonte, para apoiar a aliança com o PT.
Ao mesmo tempo em que consolida a aliança com o PMDB, a presidente também
arquiteta uma recomposição com o setor empresarial. Dilma vai se reunir com os
pesos pesado do PIB nacional para se contrapor ao discurso tucano, que tem
centrado críticas no desempenho da economia.
A presidente participará, nesta quarta-feira, 27, no Planalto, da reunião que
irá comemorar os dez anos de criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social (CDES). Este está sendo considerado mais um ato de campanha, já que o
governo quer exaltar o “Conselhão” como mais um marco dos dez anos de governo
petista e injetar ânimo nos empresários.
No encontro, onde estarão presentes empresários e representantes da sociedade
civil, a presidente Dilma vai aproveitar para bombardear o discurso pessimista
sobre a economia, embalado pelo PSDB nos últimos dias.
Dilma não pretende responder diretamente ao ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, que a chamou de “ingrata” e disse que a presidente “cospe no prato que
comeu”. A ideia o é continuar fazendo balanços e mostrar resultados positivos
alcançados pelo governo petista, para se contrapor aos ataques do PSDB.
Os tucanos têm criticado em seus discursos a alta da inflação e o baixo
crescimento. A oposição não se cansa de alardear que o IPCA, um dos principais
indicadores inflacionários, fechou em alta de 0,86%, maior índice nos últimos
dez anos, e que a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, divulgada
semana passada pelo Banco Central, apontou para uma expansão de 1,64% da
economia, bem menor do que a expectativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O governo insiste em responder que medidas foram tomadas contra a crise e os
resultados estão sendo aguardados. Este discurso será repetido nesta
quarta-feira, 27, no Conselhão pela presidente, que pretende apresentar
estatísticas e dados positivos, como a concessão de portos e aeroportos. Tais
medidas, acredita, permitirão a ampliação dos investimentos da iniciativa
privada em projetos estratégicos.
Base aliada. A movimentação de partidos da base aliada
também está na mira de Dilma, para evitar defecções em 2013, prejudicando o
projeto da reeleição. Por isso os afagos ao PMDB. A convenção de sábado
consagrará e reiterará Michel Temer como presidente de honra do partido. Hoje
Temer está licenciado do cargo de presidente, mas é a maior liderança do
partido.
Durante a convenção também será escolhida a nova direção do PMDB. Ao
prestigiar Temer, Dilma deixa claro que o quer na Vice também em 2014. O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Dilma e arquiteto
da sua reeleição, chegou a sugerir nos bastidores que a Vice fosse entregue ao
PSB em 2014 para evitar que Eduardo Campos se lançasse candidato.
A especulação provocou ruídos na relação do PT com o PMDB. Agora, a ideia foi
abandonada pelos petistas.
Dilma recebeu nesta terça-feira, 26, em seu gabinete, por duas horas, o
governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), três dias após o irmão dele, Ciro Gomes,
ter atacado todos os presidenciáveis - o correligionário Eduardo Campos,
inclusive, além de Marina Silva e Aécio Neves. Ciro disse que o governador de
Pernambuco e presidente do PSB não tem visão de Brasil e nem proposta para o
País. O Palácio do Planalto conta com os irmãos Gomes como cabos eleitorais de
Dilma.