segunda-feira, 30 de novembro de 2015

DONO DO BANCO PACTUAL TEM PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA


O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu a prisão temporária do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, em preventiva, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Com isso, não há mais data de vencimento para a detenção do executivo. Sem a decisão de Zavascki, Esteves poderia ser solto a partir desta segunda-feira, 30, quando expirava o prazo de cinco dias da prisão temporária.

A mesma medida foi adotada também para o chefe de gabinete do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, o assessor Diogo Ferreira. Os dois foram presos na última quarta-feira, 25, por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. No caso de Delcídio e do advogado Edson Ribeiro, as prisões já eram preventivas desde o início.

Os quatro são suspeitos de tentar barrar as investigações sobre corrupção na Petrobras e comprar o silêncio de Nestor Cerveró. Em conversas gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Delcídio tenta comprar o silêncio do ex-dirigente da estatal para evitar menções a seu nome ou ao banco BTG Pactual em eventual delação premiada. As tratativas eram feitas com o advogado Edson Ribeiro, com participação do assessor do parlamentar.

De acordo com Zavascki, em nota divulgada pelo STF, os depoimentos prestados desde a realização das prisões e o material coletado em buscas "permitiram o preenchimento dos requisitos para a decretação das prisões preventivas". Pela legislação penal, a prisão preventiva pode ser decretada para garantir a ordem pública, conveniência da investigação criminal ou assegurar a aplicação da lei, quando há prova da existência do crime e indícios sobre o autor do delito.

A expectativa é de que Delcídio, Esteves, Diogo Ferreira e Edson Ribeiro sejam denunciados pela Procuradoria-Geral da República no início desta semana por tentativa de dificultar as investigações.

BANCO BTG PCTUAL PAGOU 45 MILHÕES A EDUARDO CUNHA

O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), no plenário da Câmara, em Brasília, nesta quinta-feira (19). Cunha determinou que todas as comissões que estivessem funcionando naquele momento fossem suspensas
O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), no plenário da Câmara, em Brasília, nesta quinta-feira (19). Cunha determinou que todas as comissões que estivessem funcionando naquele momento fossem suspensas(GUSTAVO LIMA/Agência Brasil)
Agentes da Polícia Federal encontraram um documento com anotações de um suposto pagamento de propina do banco de investimentos BTG Pactual ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a outros peemedebistas, segundo reportagem no site do jornal O Globo, neste domingo.
De acordo com jornal, documento foi encontrado na casa do chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira, indica que o BTG Pactual teria pago 45 milhões de reais a Cunha e a outros parlamentares do PMDB em troca de emenda a uma medida provisória, para permitir o uso de créditos fiscais da massa falida do banco Bamerindus, de propriedade do BTG.
Em comunicado, o BTG negou o pagamento por suposto benefício e disse estar à disposição de autoridades para esclarecimentos. Em sua conta no Twitter, Cunha disse que "é um verdadeiro absurdo e parece até armação". "Amanhã qualquer um anota qualquer coisa sobre terceiros e vira verdade?", questionou.
De acordo com O Globo, o conteúdo do documento mencionando o suposto pagamento de propina foi usado para embasar o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de conversão da prisão temporária em preventiva do chefe de gabinete de Delcídio e do banqueiro André Esteves, controlador do BTG Pactual.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki determinou as prisões preventivas de Ferreira e de Esteves no domingo.
Delcídio, que era líder do governo no Senado, seu chefe de gabinete e o banqueiro foram presos na semana passada por suspeita de obstruírem a operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção que envolve a Petrobras. Também foi preso o advogado do ex-diretor da área Internacional da petroleira Nestor Cerveró, Edson Ribeiro Filho

PRESIDENTE DO STF AJUDOU DILMA E PT EM PROCESSO NO TSE

Ricardo Lewandowski
Ricardo Lewandowski(Cristiano Mariz/VEJA)
Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal monopolizava as atenções do país quando alinhavava as últimas sentenças aos responsáveis pelo escândalo do mensalão. Naquele mesmo mês, só que em outra corte de Justiça e bem longe dos holofotes, um auditor prestava um surpreendente depoimento, que jogava luz sobre episódios ainda nebulosos que envolvem o maior caso de corrupção da história. O depoente contou que, em 2010, às vésperas da eleição presidencial, foi destacado para analisar as contas do PT relativas a 2003 - o ano em que se acionou a superengrenagem de corrupção. Foi nessa época que Delúbio Soares, Marcos Valério, José Genoino e o restante da quadrilha comandada pelo ex-ministro José Dirceu passaram a subornar com dinheiro público parlamentares e partidos aliados. Havia farto material que demonstrava que a contabilidade do partido era similar à de uma organização criminosa. Munido de documentos que atestavam as fraudes, o auditor elaborou seu parecer recomendando ao tribunal a rejeição das contas. O parecer, porém, sumiu - e as contas do mensalão foram aprovadas.
Menos de dois meses depois, ocorreu um caso semelhante, tão estranho quanto o dos mensaleiros, mas dessa vez envolvendo as contas da última campanha presidencial do PT. O mesmo auditor foi encarregado de analisar o processo. Ao conferir as planilhas de gastos, descobriu diversas irregularidades, algumas formais, outras nem tanto. Faltavam comprovantes para justificar despesas da campanha. A recomendação do técnico: rejeitar as contas eleitorais, o que, na prática, significava impedir a diplomação da presidente Dilma Rousseff, como determina a lei. Ocorre que, de novo, o parecer nem sequer foi incluído no processo - e as contas de campanha foram aprovadas. As duas histórias foram narradas em detalhes pelo auditor do Tribunal Superior Eleitoral, Rodrigo Aranha Lacombe, em depoimento ao qual VEJA teve acesso. Ambas cristalizam a suspeita de que a Justiça Eleitoral manipula pareceres técnicos para atender a interesses políticos - o que já seria um escândalo. Mas há uma acusação ainda mais grave. A manipulação que permitiu a aprovação das contas do mensalão e da campanha de Dilma Rousseff teria sido conduzida pessoalmente pelo então presidente do TSE, o ministro Ricardo Lewandowski

FAMÍLIA DE DELCIDIO NÃO VAI DEIXAR LULA E O PT SE APROXIMAR DO SENADOR

Delcídio: sem pontes com PT
Delcídio: sem pontes com PT
A família e a defesa de Delcídio do Amaral estão decididos a barrar qualquer tentativa por parte do PT, do governo e do ex-presidente Lula de estabelecer “pontes” e tentar acalmar o senador petista, preso na semana passada na Lava Jato.
A avaliação é que “não há como consertar” o estrago causado pela nota oficial do presidente do PT, Rui Falcão, negando solidariedade ao senador horas antes de o Senado decidir se ele continuaria ou não preso.
“Qualquer tentativa de estabelecer pontes será dinamitada, e não vai nem chegar nele”, diz uma pessoa que faz parte do grupo restrito que tem acesso a Delcídio e acompanha a estratégia de defesa.

CONFERENCIA MUNDIAL DO CLIMA EM PARIS

Trabalhadores instalam logo da Conferência do Clima no Le Bourget, em Paris (Foto: Christophe Ena/AP)
Nesta segunda-feira (30), 138 chefes de Estado e governo estarão presentes em Paris, na França, para iniciar a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, conhecida como COP-21. Os países da ONU deverão assinar o Acordo de Paris, se comprometendo a reduzir emissões de gases de efeito estufa elimitando o aquecimento global. Mas para isso acontecer, será preciso muita negociação. Todos os países têm seus próprios interesses e será preciso muito esforço para que todos eles cheguem aos mesmos termos. Confira abaixo alguns dos pontos que podem complicar as negociações

O CERCO COMEÇA A APERTAR PARA EDUARDO CUNHA


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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi obrigado a pagar R$ 22,3 mil à Justiça suíça por tentar impedir que os extratos de suas contas fossem enviadas ao Brasil. Documentos obtidos pelo Estado confirmam que o Tribunal Penal Federal da Suíça constatou que o parlamentar, sua mulher, Cláudia Cordeiro Cruz, e seu truste usaram o mesmo advogado e os mesmos argumentos no esforço de impedir que seus dados bancários fossem enviados ao Brasil e que o caso fosse julgado no País. 

Os três recursos foram rejeitados e Cunha foi obrigado a arcar com todos os gastos do processo, inclusive as horas de trabalho dos juízes e da administração pública na Suíça. “O montante do pagamento é calculado em função de dimensão e dificuldade da causa, a forma das partes de proceder, sua situação financeiras e as taxas de administração”, indicou uma decisão do tribunal. Segundo os juízes, as pessoas que apresentaram recursos  terão de arcar com os custos do processo, fixados em 6 mil francos suíços (R$ 22,3 mil). 

O Ministério Público da Suíça já havia indicado a existência de US$ 2,4 milhões em contas secretas no banco Julius Baer, controladas pelo deputado e sua mulher. Os suíços, porém, optaram por transferir o processo ao Brasil. 

A defesa do deputado apresentou um primeiro recurso, que foi negado ainda em início de outubro. Sem sucesso, seus advogados na Suíça recorreram ainda ao Tribunal Penal, pedindo a anulação da transferência da competência do caso ao Brasil. Se tal medida fosse entendida, nenhum dos documentos enviados teria a autorização de ser usado como provas em um processo no País contra Cunha. 

Mas o recurso sequer foi tratado em sua substância, sob a alegação de que tal apelação apenas poderia ser considerada se a parte envolvida no processo fosse residente na Suíça. "Apenas pessoas processadas que tenham suas residências atuais na Suíça tem a legitimidade de recorrer", indicou a decisão do tribunal. 

"Entre os três que recorrem, apenas Cunha é visado por um processo penal, cuja delegação às autoridades brasileira foi realizada", diz a decisão. "Entretanto, nenhuma das duas pessoas físicas que recorrem tem sua residência atual na Suíça. Quanto à sociedade, apesar da conta sob litígio que ela é titular na Suíça, ela não tem relações com esse país", constataram os juízes suíços Stephan Blatter, Giorgio Bomio e Nathalie Franciolli. "De forma definitiva, nenhum dos recorrentes pode pretender dispor do direito ao recurso.

domingo, 29 de novembro de 2015

BRASILEIROS ACHAM CORRUPÇÃO O MAIOR PROBLEMA DO PAÍS

Sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro
Sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro. A Operação Lava Jato descobriu o escândalo de corrupção entre funcionários da estatal, políticos e grandes empreiteiras.(Sergio Moraes/Reuters)
Realizada nos dias 25 e 26 em todo o país, 34% dos eleitores da Datafolha colocaram a corrupção como o principal problema do Brasil na atualidade. Logo em seguida, saúde aparece com 16%, desemprego com 10%, educação e violência com 8%, cada um, e economia com 5%. A pesquisa aconteceu em meio à Operação Lava Jato, que começou apurando a atuação de doleiros em 2014, cresceu com a descoberta de um esquema criminoso na Petrobras envolvendo funcionários da estatal, grandes empreiteiras e políticos, e depois estendeu-se para o setor elétrico. A pesquisa foi publicada em reportagem do jornal Folha de S. Paulo na edição deste domingo.
O Datafolha investiga a principal preocupação dos brasileiros desde 1996, ainda durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Durante o período tucano (até 2002), o tema líder no ranking de principais problemas foi o desemprego, com o recorde de 53% no fim de 1999. Em algumas rodadas, fome/miséria apareceu em segundo lugar na lista de preocupações, assunto citado por apenas 1% atualmente. Desemprego continuou em primeiro lugar no ranking até o fim do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Sob Lula e FHC, corrupção nunca foi apontado como o principal problema do país por mais de 9% do eleitorado. O tema começou a ganhar força em junho de 2013, primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, mês de enormes protestos de rua pelo país com pautas variadas, da tarifa do transporte à violência policial. Naquele momento, a corrupção foi citada como maior problema por 11%, recorde na série histórica do Datafolha até então

QUE PAÍS É ESSE?

Assim como a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o político abolicionista Joaquim Nabuco se notabilizou por ser uma figura pública à frente de seu tempo. Personificou a vanguarda, quando muitos ainda insistiam no atraso. Separados por mais de um século, eles se entrelaçaram na última semana pelos seus ideais. Como agora, no Império o Senado também se constituía numa Casa revisora cujas decisões e propósitos já eram alvo de sérios questionamentos. Dizia Nabuco: “Para o Senado, a política é uma distração. A função é outra. Os lutadores desinteressados que ele contém influem tanto no jogo da instituição como a bandeira de um navio nos movimentos da máquina”. Na manhã de quarta-feira 25, Carmen, numa de suas mais brilhantes intervenções na corte, encarnou Nabuco ao puxar o primeiro voto, na sequência do relatório do colega Teori Zavascki, pela manutenção na cadeia do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Num recado direto aos senadores, em especial parlamentares que se escoram no foro privilegiado para perpetrar crimes de toda a sorte, disparou: “Um aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade e impunidade e corrupção. Em nenhuma passagem, a Constituição Federal permite a impunidade de quem quer que seja. O crime não vencerá a Justiça”. A ministra foi além: “Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou que a esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 (do mensalão) e descobrimos que o cinismo venceu a esperança. E agora o escárnio venceu o cinismo”.
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Na semana passada, a política brasileira produziu tal desfaçatez. Num País em que sempre achamos que já vimos de tudo ainda é possível se deparar com situações das mais implausíveis graças à ousadia ilimitada dos nossos políticos. Como poderíamos imaginar que um senador da República, líder do governo, em pleno exercício do mandado, iria tramar a fuga pelo ar ou pelo mar de um criminoso confesso preso na Lava Jato? E que um banqueiro seria acusado de financiar a operação? E que, na mesma semana, um pecuarista – amigo e dono de acesso livre a um ex-presidente da República – seria preso sob a suspeita de ser o laranja deste mesmo ex-presidente? E, para completar, o presidente da Câmara faria articulações em plena luz do dia para escolher como, quando e quem deveria conduzir uma investigação contra ele próprio? Realmente, e é triste constatar, vivemos em meio à esculhambação geral.

JUIZ SÉRGIO MORO : A VOZ QUE CLAMA NO DESERTO.


Moro passou a dissecar seu abatimento. “Apesar dessas revelações e de todo o impacto desse processo, não assisti a respostas institucionais relevantes por parte do nosso Congresso e do nosso governo. Parece que a Operação Lava Jato é uma voz pregando no deserto.” É uma voz que urra. Somente na primeira instância, a Lava Jato tem o seguinte a dizer: 360 buscas e apreensões, 116 mandados de prisão, 35 acordos de delação premiada, pedido de restituição de R$ 14,5 bilhões – sendo que R$ 1,8 bilhão já foram recuperados. Não é eloquente o suficiente? São 75 condenações que somam penas de 626 anos, 5 meses e 15 dias. Ouviram agora? Tudo indica que não. Ainda no fórum, Moro defendeu as prisões efetuadas pela Lava Jato em entrevista a Frederic Kachar, presidente da Aner e diretor-geral da Infoglobo e da Editora Globo. O juiz disse que elas eram fundamentais “para dar um freio a algumas condutas que nos causavam espanto”. Como se antecipando a manhã de quarta-feira, em que o senadorDelcídio do Amaral, do PT de Mato Grosso do Sul, foi preso por planejar a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Moro continuou. “Teve mais de um caso em que, com a operação já em andamento havia tempos, algumas pessoas ainda estavam praticando crime de corrupção. Mesmo com toda aquela publicidade.” É realmente espantoso.
SERGIO MORO/FÓRUM ANER DE REVISTAS (Foto: LUCÍOLA OKAMOTO/MIKIO FOTOGRAFIAS)
Que deserto é esse em que nenhuma iniciativa institucional contra acorrupção floresce? Em que um escândalo que atinge Executivo e Legislativo não semeia transformações estruturais? Na semana passada, assistimos a uma sufocante tempestade de areia, com um amigo íntimo de um ex-presidente, um senador e um banqueiro presos sob suspeita de corrupção. A desertificação está no privado, no público e na intersecção de ambos. A voz da Lava Jato, a voz de Moro, não ressoa. Milhares de vozes disseram o mesmo que o juiz nas manifestações de junho de 2013. Foi um berro que fez até o mais petrificado dos ambientes se mexer: o presidente do Senado, Renan Calheiros, alvo da Lava Jato, anunciou uma série de propostas. Entre elas, estava o projeto para tornar a corrupção um crime hediondo – que tramita desde 1990 e aumenta as penas dos condenados. O projeto foi aprovado na Casa e seguiu para a Câmara, onde aguarda votação. Naqueles dias tempestuosos, a presidente Dilma Roussefffoi à TV insistir na pauta da corrupção como crime hediondo.

O DIA QUE NÃO TERMINOU

O senador Delcídio do Amaral encontrou seu destino de pijama. Ele vinha em papel, nas mãos dos policiais federais que batiam à porta do flat onde o senador se hospeda, em Brasília, ao raiar daquele dia que o Brasil jamais esquecerá. Os agentes carregavam uma ordem judicial inédita na história do país. Eleito ao cargo pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul, líder no Senado do combalido governo Dilma Rousseff, confidente da presidente da República, articulador do cada vez mais difícil ajuste fiscalDelcídio do Amaral Gómez, de 60 anos, recebeu com resignação, sonolento, sua sentença política de morte. Guiou a equipe da força-tarefa da Lava Jato pelos aposentos. Imediatamente, foi informado de que o local seria alvo de uma busca e apreensão. “Tudo bem, podem olhar”, disse. Abriu gavetas e até mencionou o conteúdo de alguns documentos às autoridades. Após a devassa, foi comunicado sobre a prisão. Reagiu com duas perguntas. Queria saber se a prisão era preventiva, que pode se estender por meses. Sim, era. Ato contínuo, perguntou sobre sua imunidade parlamentar. “Ordens do Supremo”, responderam os policiais, de posse do mandado judicial. Delcídio se aprumou, vestiu terno e gravata, entrou numa caminhonete que o aguardava no estacionamento do hotel e, às 8h15, já estava na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Tornava-se o primeiro senador no exercício do mandato a ser preso. Começava ali o dia 25 de novembro de 2015, um dia que soltou perigosamente o parafuso da política brasileira – mas, ao mesmo tempo, um dia que demonstrou a blindagem de aço da República contra pancadas institucionais.
Capa 912 - 25 de novembro de 2015: O dia que não terminou  (Foto: Época )

O dia 25 de novembro começara cedo também no Rio de Janeiro. Lá, a PF prendia um dos maiores banqueiros do Brasil, André Esteves, controlador do BTG Pactual, acusado de integrar com Delcídio a organização criminosa que tentou melar a delação do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró – e até planejar a fuga do país do executivo. A Lava Jato prendeu também Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, e, dias depois, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro. Um dia antes, na terça-feira, a Lava Jato, desta vez sob ordens do juiz Sergio Moro, prendera o pecuarista e operador do PT José Carlos Bumlai, acusado pelo delator Fernando Baiano de participar do petrolão usando o nome do ex-presidente Lula. A sequência de prisões neste ano, culminando com as do dia 25 de novembro, rumo a uma ordem hierárquica cada vez mais poderosa, assombra o Brasil. Estão presos, além do líder do governo no Senado, o operador do PT, o nono homem mais rico do país, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, o ex-diretor do PT na Petrobras Renato Duque, o presidente da maior empreiteira da América Latina, Marcelo Odebrecht… Faltam beliches na PF para tanta gente VIP.

OPERAÇÃO LAVA JATO PODE CHEGAR AO PLANALTO

A prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, precipitaram o avanço da Operação Lava Jato em sua investida sobre o Palácio do Planalto como origem do esquema sistematizado de corrupção no governo, desde o início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.

Ueslei Marcelino/Folha de São Paulo/Reuters


Delcídio é apontado pela investigação como um elemento de ligação entre as gestões de Lula (2003-2010) e a atual, da presidente Dilma Rousseff, iniciada em 2011, com a Petrobrás, onde fez carreira antes de entrar na política. Se contribuir com as apurações da força-tarefa, o senador petista poderá ajudar a investigação a esclarecer quem, como e com qual finalidade montou e operou o esquema de corrupção e desvios na estatal petrolífera.

Com quase dois anos de apurações ostensivas, a força-tarefa adotou a tática de avançar as frentes de apuração conforme o surgimento de pistas e provas a cada nova etapa deflagrada. A suposta tentativa de Delcídio e do banqueiro André Esteves de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró surgiu como um avanço inesperado das investigações da Lava Jato em direção ao núcleo de comando político do esquema.

Um movimento que ainda estava distante dentro da estratégia da força-tarefa e que pode comprovar que, mesmo com a operação deflagrada em março de 2014, a estrutura sistematizada de corrupção continuou a atuar na Petrobras e em outros setores do governo, como a área de energia e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

Entre os negócios investigados pelas autoridades, por exemplo, está a parceria da Petrobras com o banco BTG Pactual, de Esteves, na África, firmada em 2013, na primeira gestão de Dilma Rousseff.

De imediato, um ex-ministro do governo Dilma Rousseff afirmou ao Estado que, se encontrada irregularidade nessa transação, ela "destrói" a narrativa do governo de que as ilicitudes na Petrobrás se limitavam aos mandatos de Lula.

A força-tarefa da Lava Jato busca reunir elementos para apontar a Casa Civil como mentora do esquema que loteava politicamente cargos estratégicos, fixava porcentuais de pagamento de propina e que estruturou uma máquina de lavagem de dinheiro para ocultar o financiamento ilegal de partidos e campanhas eleitorais com o objetivo de garantir a governabilidade e a permanência no poder

Seguindo a tática de montar o quadro de funcionamento da organização criminosa alvo das denúncias à Justiça como um quebra-cabeça, investigadores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba (PR) e em Brasília, fecharam neste ano o cerco em torno do ex-presidente Lula, mesmo sem tê-lo como alvo central de um inquérito

GOVERNO FEDERAL ESTÁ FALIDO

Apesar do desgaste político que terá de enfrentar, a presidente Dilma Rousseff, que está na França, onde participa da Conferência sobre o Clima (COP21), já indicou à equipe econômica que não preserve nem programas sociais nem investimentos no corte de
R$ 10,7 bilhões que será feito no orçamento. Só estarão preservados da tesoura salários de servidores, benefícios do Bolsa Família e aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Evaristo Sá/AFP
Os cortes confirmam o colapso fiscal do governo. Como ainda não tem meta fiscal para 2015 — a proposta em análise pelo Congresso prevê rombo de até R$ 119,9 bilhões —, Dilma foi obrigada a fechar o governo para balanço, um shutdown, como ressaltam os economistas. A definição sobre o que será afetado está marcada para hoje, em reunião comandada pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. A situação das contas públicas é dramática.

Ao preservar salários, benefícios do Bolsa Família e aposentadorias, Dilma está tentando evitar pânico na população, que teme por um apagão no serviço público. A presidente acredita que, como a aprovação da meta fiscal de 2015 ocorrerá até a próxima quarta-feira, a paralisia do governo durará pouco. O decreto dos cortes será publicado amanhã. E faz parte da última avaliação bimestral de receita e despesas.

Dilma teme ser punida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que reprovou as contas da petista de 2014, abrindo brecha para o Congresso pedir o impeachment por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No ano passado, também a mudança da meta foi definida em cima da hora, mas as contas traziam ficções, como as pedaladas fiscais, que somaram mais de R$ 57 bilhões.

Pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a meta deste ano é de R$ 66,3 bilhões, o correspondente a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). O superavit primário foi reduzido para 0,15% do PIB, mas nem essa proposta passou pelo crivo do Congresso. Com a deterioração da economia, a forte queda da arrecadação e a obrigação de pagar as pedaladas fiscais, a equipe econômica foi obrigada a encaminhar nova previsão ao Legislativo. Esse será o segundo ano seguido de rombo nas contas do governo.

Depois de definidos os cortes na reunião deste domingo com Nelson Barbosa, os secretários executivos de todos os ministérios terão de mostrar, na segunda-feira, como vão lidar, na prática, com as suspensões de pagamentos de contas de luz, de telefone, de diárias de viagens, de bolsas de estudos. É a primeira vez no país que acontece uma suspensão total das despesas discricionária. Até os programas de fiscalização da Polícia Federal e da Receita Federal serão atingidos.

sábado, 28 de novembro de 2015

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL É O GUARDIÃO DA NAÇÃO

Apromessa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) de influir nas decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal para beneficiar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró chocou não apenas a sociedade, como estarreceu os integrantes da mais alta corte jurídica do País. A reação dos magistrados foi unânime, imediata e arrasadora. Pela primeira vez na história do Brasil, o Supremo autorizou a prisão de um senador da República em pleno exercício do cargo. Um congressista só pode ser detido quando seu caso já tiver sido julgado e não couberem mais recursos. Entretanto, o episódio envolvendo Delcídio enquadrou-se na excepcionalidade da lei, prevista quando o parlamentar pode ir para trás das grades ao ser constatado flagrante delito por tentar atrapalhar as investigações. Num País acostumado à máxima de que poderosos não são punidos, a decisão do STF é um alento a todos que propugnam pelo fim da impunidade. Significa que os políticos que se sentiam amparados pelo foro especial e pela imunidade parlamentar – tantas vezes chamada de impunidade parlamentar – agora experimentam o mesmo rigor enfrentado pelos cidadãos comuns, desprovidos de regalias e privilégios.
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Na quarta-feira 25, os ministros da segunda turma do Supremo acompanharam a decisão do relator da Lava Jato, Teori Zavascki, e votaram ratificando a prisão preventiva do líder do governo no Senado. Em sua decisão, o ministro Celso de Mello cunhou uma frase com a qual todo cidadão brasileiro sonha em um dia poder acreditar piamente. Disse ele: “Ninguém está acima da lei, nem mesmo os mais poderosos, os agentes políticos governamentais. É preciso esmagar com todo o peso da lei esses agentes criminosos”.
O ministro Antonio Dias Toffoli também foi contundente: “Infelizmente, estamos sujeitos a esse tipo de situação de pessoas que vendem ilusões (...) O Supremo Tribunal Federal não vai aceitar nenhum tipo de intrusão nas investigações que estão em curso, e foi isso que ficou bem claro na tomada dessa decisão unânime”. E completou: “Criou-se uma lenda urbana de que o Judiciário e esta Suprema Corte seria leniente com a impunidade, que não atuava contra os agentes políticos e poderosos. Isso é uma lenda urbana, uma falácia”

O PAÍS DA ESCULHAMBAÇÃO!

Assim como a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o político abolicionista Joaquim Nabuco se notabilizou por ser uma figura pública à frente de seu tempo. Personificou a vanguarda, quando muitos ainda insistiam no atraso. Separados por mais de um século, eles se entrelaçaram na última semana pelos seus ideais. Como agora, no Império o Senado também se constituía numa Casa revisora cujas decisões e propósitos já eram alvo de sérios questionamentos. Dizia Nabuco: “Para o Senado, a política é uma distração. A função é outra. Os lutadores desinteressados que ele contém influem tanto no jogo da instituição como a bandeira de um navio nos movimentos da máquina”. Na manhã de quarta-feira 25, Carmen, numa de suas mais brilhantes intervenções na corte, encarnou Nabuco ao puxar o primeiro voto, na sequência do relatório do colega Teori Zavascki, pela manutenção na cadeia do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Num recado direto aos senadores, em especial parlamentares que se escoram no foro privilegiado para perpetrar crimes de toda a sorte, disparou: “Um aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade e impunidade e corrupção. Em nenhuma passagem, a Constituição Federal permite a impunidade de quem quer que seja. O crime não vencerá a Justiça”. A ministra foi além: “Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou que a esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 (do mensalão) e descobrimos que o cinismo venceu a esperança. E agora o escárnio venceu o cinismo”.
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Na semana passada, a política brasileira produziu tal desfaçatez. Num País em que sempre achamos que já vimos de tudo ainda é possível se deparar com situações das mais implausíveis graças à ousadia ilimitada dos nossos políticos. Como poderíamos imaginar que um senador da República, líder do governo, em pleno exercício do mandado, iria tramar a fuga pelo ar ou pelo mar de um criminoso confesso preso na Lava Jato? E que um banqueiro seria acusado de financiar a operação? E que, na mesma semana, um pecuarista – amigo e dono de acesso livre a um ex-presidente da República – seria preso sob a suspeita de ser o laranja deste mesmo ex-presidente? E, para completar, o presidente da Câmara faria articulações em plena luz do dia para escolher como, quando e quem deveria conduzir uma investigação contra ele próprio? Realmente, e é triste constatar, vivemos em meio à esculhambação geral.

P.T. TENTA DERRUBAR QUEBRA DE SIGILO DO PARTIDO

Sérgio Moro durante evento realizado pela revista The Economist no Hotel Grand Hyatt em São Paulo
Juiz Sergio Moro quebrou o sigilo telefônico do PT de São Paulo(Vanessa Carvalho/Folhapress)
Uma decisão do juiz Sérgio Moro em ação penal da Operação Lava Jato deverá expor algumas entranhas do Partido dos Trabalhadores. O juiz quebrou o sigilo telefônico do partido em São Paulo, incluindo linhas fixas e celulares, em ação penal na qual o réu é o tesoureiro João Vaccari Neto. A preocupação do PT é que o sigilo vai identificar todas as pessoas que fizeram ligação para o partido em São Paulo. Rui Falcão pediu essa semana que o juiz Moro suspenda a quebra do sigilo de um dos celulares que eram utilizados por Vaccari e o telefone-tronco do partido. O celular, justifica Falcão, não era utilizado apenas pelo tesoureiro João Vaccari Neto. A preocupação no partido é que vários outros dirigentes teriam utilizado o aparelho. Rui Falcão argumenta que a decisão de Sérgio Moro vai "invadir a privacidade de centenas de pessoas" e que isso caracterizará "ofensa" à Constituição. O juiz Moro, ao negar o pedido do PT, justificou que "a quebra de dados das ligações não revela o conteúdo mesmo das comunicações, não representando, apesar das reclamações, intromissão profunda na esfera privada de pessoas ou do partido político". O juiz não vê motivos para rever sua decisão. "Particularmente, não vislumbro com facilidade os prejuízos sofridos pelo Partido dos Trabalhadores pela desvelação do conteúdo dos registros de telefones que podem ter sido utilizados por João Vaccari Neto que era Secretário de Finanças do Partido", escreveu o juiz

DELCLÍDIO DO AMARAL " A TESTEMUNHA"

Saída de Delcídio é o mais duro golpe para a articulação política do governo Dilma
Saída de Delcídio é o mais duro golpe para a articulação política do governo Dilma(Ueslei Marcelino/Reuters)
Para entender a magnitude da prisão, na semana passada, de Delcídio do Amaral, senador petista e líder do governo, é preciso até um pouco de imaginação. Pois imaginemos que nenhum empresário preso na Operação Lava-Jato tivesse até hoje quebrado o silêncio nas delações premiadas - ou que nenhum político estivesse na lista que a Procuradoria-Geral da República mandou para o Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo no cenário irreal acima, a prisão de Delcídio e a possibilidade de ele recorrer à delação premiada - uma vez que foi abandonado pelo PT, ignorado por Dilma e ofendido por Lula - terão consequências devastadoras para a estabilidade do já cambaleante regime lulopetista. Delcídio do Amaral testemunhou os momentos mais dramáticos dos escândalos do governo do ex-­presidente. Viveu e participou desses mesmos momentos no governo Dilma. Delcídio não é uma testemunha. Ele é "a" testemunha - e a melhor oportunidade oferecida à Justiça até agora de elucidar cada ação da entidade criminosa que, nas palavras do ministro Celso de Mello, decano do STF, "se instalou no coração da administração pública".
Terminada uma reunião no gabinete de Dilma Rousseff, em junho passado, Delcídio chamou-a de lado e disse a seguinte frase: "Presidente, a prisão (de Marcelo Odebrecht) também é um problema seu, porque a Odebrecht pagou no exterior pelos serviços prestados por João Santana à sua campanha". Delcídio contrariou o diagnóstico de Aloizio Mercadante, que ainda chefiava a Casa Civil, segundo quem a prisão de Marcelo Odebrecht "era problema do Lula". Ao deixar o Palácio do Planalto, Delcídio definiu Dilma a um colega de partido como "autista", espantado que ficou com o aparente desconhecimento da presidente sobre o umbilical envolvimento financeiro do PT com as empreiteiras implicadas na Lava-Jato. Na reunião, Dilma dissera aos presentes que as repercussões da operação nada mais eram do que uma campanha para "criminalizar" as empreiteiras e inviabilizar seu pacote de investimento e concessões na área de infraestrutura. "A Dilma não sabe o que é passar o chapéu porque passaram o chapéu por ela", concluiu Delcídio.
Passar o chapéu é bater na porta das empreiteiras e pedir dinheiro para campanhas políticas. Quando feitas dentro da lei, as doações não deixam manchas no chapéu. Mas, quando fruto de propinas como as obtidas nos bilionários negócios com a Petrobras, a encrenca, mesmo que seja ignorada por sua beneficiária, não vai embora facilmente. Menos de um mês após a reunião no Planalto, a Polícia Federal divulgou as explosivas anotações com que Marcelo Odebrecht incentivava seus advogados a encontrar uma maneira de fazer chegar a Dilma a informação de que as investigações sobre as contas da empreiteira na Suíça bateriam nela.
Poucos políticos tiveram mais acesso do que Delcídio aos bastidores do mensalão e do petrolão. Poucos políticos conhecem tão bem como ele as entranhas da Petrobras, onde trabalhou e fez amigos. Poucos políticos têm tanto trânsito como ele nos gabinetes mais poderosos da política e da iniciativa privada. Até ser preso, Delcídio atuava como bombeiro, tentando reduzir os focos de tensão existentes para Lula, Dilma e o PT. Na condição de encarcerado, é uma testemunha decisiva. A possibilidade de ele colaborar com os investigadores está sob avaliação de sua família

ADVOGADO DE NESTOR CERVERÓ É PRESO NO RIO DE JANEIRO


O advogado Edson Ribeiro, de 58 anos, preso na manhã desta sexta-feira, 27, pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, foi transferido por volta das 20 horas desta sexta da sede da Polícia Federal no Rio, no centro da cidade, para o presídio Ary Franco, em Água Santa (zona norte). Nessa unidade ele deve passar por triagem e em seguida ser encaminhado para um dos presídios do complexo de Bangu, na zona oeste.

Jose lucena/Futura Press


Ribeiro foi preso no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Ilha do Governador, na zona norte do Rio), ao sair do avião em que chegava dos Estados Unidos. O nome dele havia sido incluído na lista de difusão vermelha da Interpol, que relaciona foragidos da polícia em todos os continentes.

Advogado do engenheiro Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso em Curitiba por envolvimento em ações de corrupção na petroleira, Ribeiro teve a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira, 25.

Ele é um dos participantes da conversa gravada por Bernardo, filho de Cerveró, em que, com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), também preso, tramava a fuga do País do ex-diretor da Petrobras. No depoimento, de cerca de três horas, prestado na Superintendência da PF no Rio, Ribeiro alegou inocência, de acordo com seu advogado, Carlo Luchione. O defensor de Cerveró é acusado de ter se associado ao senador petista e ao banqueiro do BTG Pactual, André Esteves, também preso na quarta-feira, para tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato

ESTÁDIO DE BRASÍLIA NA MIRA DA OPERAÇÃO LAVA JATO

Breno Fortes/CB/D.A Press - 27/2/15


O acordo é feito em conjunto com a Procuradoria-Geral da República (PGR), por envolver políticos com foro privilegiado, como ministros, deputados e senadores, com a Procuradoria da República no Paraná e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em troca, a Andrade Gutierrez pretende sobreviver ao não ser proibida de fechar contratos com a administração pública caso seja considerada inidônea, julgamento que já asfixiou financeiramente outras concorrentes no passado, como a Delta Construções.

A Andrade Gutierrez fez obras sozinha ou em parceria, por exemplo, da reforma do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro; do Mané Garrincha, em Brasília; do Beira-Rio, em Porto Alegre, e na construção da Arena Amazonas, em Manaus. Todos foram utilizados na Copa do Mundo do ano passado. Já na Petrobras, a empresa tocou obras como do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A construtora é acusada pelo Ministério Público de fazer parte do cartel de empreiteiras, como a Odebrecht e a Camargo Corrêa, que combinava licitações na Petrobras e superfaturava os preços. Os valores excedentes, de cerca de 1% a 3%, eram repassados para funcionários da estatal, políticos, partidos e operadores do mercado financeiro irregular, como doleiros. O presidente da empresa, Otávio Azevedo, e os executivos Elton Negrão e Flávio Barra estão presos e são acusados de pagarem propinas no esquema

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

PRESO BANQUEIRO, UM DOS HOMENS MAIS RICO DO PAÍS

 Banqueiro André Esteves é preso pela Polícia Federal no Rio (Foto:  Ana Paula Paiva / Valor / Ag. O Globo)
O banqueiro André Estevespreso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (25), em São Paulo, sob a acusação de querer prejudicar as investigações da operação Lava Jato, é uma das figuras mais bem sucedidas da arena financeira do país nos anos 2000 e também uma das mais controversas.
Nascido e criado na Tijuca, bairro de classe média no Rio de Janeiro, Esteves, de 46 anos, ergueu um império com ramificações nos principais centros financeiros internacionais, como Nova York, Londres e Hong Kong. Num setor dominado por gigantes globais, ele fez do BTG Pactual o maior banco de investimento da América Latina e se tornou um dos homens mais ricos do Brasil, com uma fortunaestimada hoje em cerca de US$ 2 bilhões (R$ 7,6 bilhões). “Sou muito bom para ganhar dinheiro, mas não para gastar”, afirmou a ÉPOCAnuma entrevista exclusiva realizada em 2012, logo depois de concluir uma bem sucedida operação de lançamento de ações do BTG na Bolsa de Valores de São Paulo.
Apesar do sucesso que alcançou, Esteves afirma que costuma levar uma vida reservada, mais voltada para o trabalho e para a família, com quem costuma passar suas (poucas) horas de folga. Ele diz trabalhar de dez a 12 horas por dia. Em geral, tira apenas duas semanas de férias por ano. Uma no Carnaval e outra no meio do ano. Seu jato particular, um Dassault Falcon 7X, avaliado em US$ 50 milhões, é uma ferramenta de trabalho, que Esteves usa para se deslocar com agilidade e privacidade pelo país e pelo exterior. Normalmente, faz apenas uma ou duas viagens com o jato por ano com a família.
Bem relacionado e influente, Esteves conversa com os principais empresários do país como se estivesse falando com a turma do colégio. Numa das entrevistas que concedeu a ÉPOCA, pediu licença para atender um telefonema do banqueiro Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, fundador do extinto banco Garantia, vendido ao Credit Suisse em 1998, e hoje principal acionista do grupo AB InBev, maior fabricante de cervejas do mundo, que controla a Ambev no país. Ao final de um almoço com a reportagem da revista, Esteves acelerou sua saída para atender pessoalmente o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco Cappi

P.T. ABANDONA SENADOR DELCÍDIO E RENAN CHAMA-OS DE COVARDES

O senador Delcídio Amaral (PT), em 2005
O senador Delcídio Amaral (PT), em 2005(Ueslei Marcelino/Reuters)
O Partido dos Trabalhadores apressou-se nesta quarta-feira a abandonar o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder da presidente Dilma Rousseff no Senado preso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota assinada pelo presidente da legenda, Rui Falcão, a sigla afirma que "não deve solidariedade" ao senador. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), classificou o documento como "oportunista e covarde".
A postura do PT em relação a Delcídio contrasta com a histórica proteção do partido a seus próceres envolvidos em esquemas de corrupção: a sigla aclama mensaleiros condenados como "guerreiros do povo brasileiro" e trata seus quadros envolvidos no petrolão como "vítimas".
Renan criticou a postura da direção nacional do PT durante a votação sobre manter ou revogar a prisão do senador. "A nota do Partido dos Trabalhadores é intempestiva, oportunista e covarde", disse, sob aplausos, no plenário. Para o presidente do Senado, o partido se precipitou e pré-julgou Delcídio.
O presidente nacional do PT divulgou um posicionamento em que indica a possibilidade de punição contra o senador, além de dizer que os atos dele não tem relação com atividades partidárias. "O PT não deve solidariedade a Delcídio", diz o texto. O líder do PT, Humberto Costa (PE), reagiu ao comentário de Renan. "A nota divulgada pelo presidente do nosso partido não foi objeto de discussão com a bancada. Ela não reflete necessariamente a posição da bancada", disse.
Parlamentares da base de Dilma e da oposição também criticaram a nota da cúpula petista. "O tesoureiro do PT está preso e ele nunca abriu a boca para falar. O presidente do PT é um covarde. Rui Falcão, você é um covarde.", disse Omar Aziz (PSD-AM), em referência a João Vaccari Neto, já condenado a quinze anos de prisão pelo juiz Sergio Moro. "O PT foi incapaz de perceber o valor parlamentar de Delcídio. Ele teve coragem de assumir a liderança de governo que os colegas não quiseram", disse o senador Aloísio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

SENADO REAFIRMA DECISÃO DO SUPREMO E MANTÉM SENADOR PRESO

Sessão deliberativa extraordinária no Senado decide sobre a manutenção da prisão do senador Delcídio Amaral (PT- MS), em Brasília, nesta quarta-feira (25). Delcídio foi detido nesta manhã pela Polícia Federal em ação da Operação Lava Jato
Sessão deliberativa extraordinária no Senado decide sobre a manutenção da prisão do senador Delcídio Amaral (PT- MS), em Brasília, nesta quarta-feira (25). Delcídio foi detido nesta manhã pela Polícia Federal em ação da Operação Lava Jato(Wilson Dias/Agência Brasil)
Os avanços da Operação Lava Jato se sobrepuseram ao corporativismo histórico do Senado nesta quarta-feira. Em votação aberta, os parlamentares decidiram por 59 votos a 13, e uma abstenção,manter na cadeia o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder de Dilma na Casa. Num ano em que os brasileiros saíram às ruas para protestar, o Senado deixou claro: está assustado. E motivos não faltam: além da cobrança das ruas, os parlamentares são assombrados pelo rolo compressor da Lava Jato e peloclaro recado do Supremo Tribunal Federal (STF) ao validar a decisão que levou Delcídio para a prisão - ninguém está acima da lei.
Com a decisão, os senadores se livraram de abraçar uma constrangedora autopreservação mesmo diante de revelações arrebatadoras. Constrangimento, aliás, foi a palavra mais repetida nos discursos em plenário na histórica votação desta noite, em que os parlamentares se obrigaram a prestar publicamente contas ao eleitorado - e complicaram a vida dos que apostam no "escárnio", como bem definiu no julgamento desta manhã a ministra do STF Cármen Lúcia.

ADVOGADO DE NESTOR CERVERÓ É PRESO NOS ESTADOS UNIDOS

Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, durante audiência no Congresso Nacional
Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, durante audiência no Congresso Nacional(Rodolfo Buhrer/Reuters)
A Polícia Federal informou na noite desta quarta-feira que o advogado Edson Ribeiro, alvo da Operação Lava Jato, foi preso nos Estados Unidos. A PF destacou que Ribeiro, defensor do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, será transferido para o Brasil após realização de alguns procedimentos burocráticos.
O advogado já havia saído do país quando sua prisão foi decretada. A PF informou que o visto de Edson Ribeiro foi cassado.
A operação que levou à prisão do advogado, do senador Delcídio do Amaral (PT/MS), de seu chefe-de-gabinete Diogo Ferreira, e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, se chamaria Catilina - uma referência ao militar e senador da Roma Antiga, celebrizado por ter tentado derrubar a República e a oligarquia do Senado. Mas, ao final, os investigadores decidiram não batizar a missão que tem como alvo maior o líder do governo no Senado

EMPRESÁRIO BUMLAI TEVE EMPRÉSTIMO ABENÇOADO POR LULA


Gabriela Bilo/Estadão Conteúdo
O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. Todo negócio estaria "abençoado" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nega.

A operação de empréstimo, um dos motivos que levaram Bumlai para a cadeia na terça-feira (24), foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai, juntamente com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano, teria dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão - para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 - como compensação a uma dívida de "R$ 60 milhões" do PT com a Schahin.

Alvo da Lava Jato, Salim contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro José Dirceu ligou pessoalmente para ele. "Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin pelo então executivo do banco Sandro Tordin, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões", disse Salim em depoimento. "Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente", registra a força-tarefa
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SENADOR PRESO TEM COMPORTAMENTO DE MAFIOSO

Em sessão extraordinária realizada ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, por unanimidade, a prisão preventiva do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no STF. O ex-líder do governo no Senado é suspeito de atrapalhar as investigações do escândalo da Petrobras. Para tentar impedir a delação premiada de Nestor Cerveró, o senador ofereceu uma “mesada” de R$ 50 mil pelo silêncio do ex-diretor da Petrobras. Após a decisão do Supremo, a prisão de Amaral foi para análise no Senado.

Gustavo Moreno/CB/DA Press - 27/11/14 - Nelson Jr./SCO/STF
O colegiado, convocado por Zavascki na manhã de ontem, confirmou ainda as prisões temporárias de André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, e de Diogo Ferreira, chefe do gabinete do senador; além da prisão preventiva do advogado Edson Ribeiro, que defendeu Cerveró.
Em gravações de conversas recentes entre Amaral, Bernardo Cerveró e Edson Ribeiro foram citados os ministros do STF Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes e Teori Zavascki. O senador sugeriu que o grupo “centrasse fogo no STF”, para pressionar os ministros por habeas corpus que assegurassem a liberdade de Cerveró. “Infelizmente, nós estamos sujeitos a esse tipo de situação. Pessoas que vendem ilusões, mensageiros que tentam dizer ‘conversei com fulano, sicrano, vou resolver a sua situação’. O que importa é o seguinte: O Supremo Tribunal Federal não vai aceitar nenhum tipo de intrusão nas investigações que estão em curso e é isso que ficou bem claro na tomada dessa decisão unânime em colegiado”, garantiu Toffoli.

Para Zavascki, Amaral se colocou como capaz de influenciar decisões judiciais por meio dos ministros, enquanto Fachin esclareceu que nunca falou com o senador sobre a Lava-Jato e que considera a menção “lamentável”. O ministro Gilmar Mendes ressaltou, durante a reunião extraordinária, que não havia sido procurado para agir em favor de Cerveró. “Nós temos contatos inevitáveis com parlamentares. Essa é uma marca da Brasília, e conversamos, inclusive, sobre o quadro político. Mas não recebi nem de parte do presidente do Congresso, Renan Calheiros, nem de parte do vice-presidente, Michel Temer, qualquer referência, ou apelo, ou outro caso em tramitação nesta corte.