Normalmente, os saldos negativos dessa conta são compensados pela entrada de capitais estrangeiros no país, seja os destinados a investimentos produtivos, seja aqueles que vêm para lucrar com as exorbitantes taxas de juros locais. No ano passado, no entanto, esses recursos não foram suficientes para cobrir o rombo nas transações de bens, serviços e rendas com o exterior, que rompeu a casa dos US$ 80 bilhões. E, pela primeira vez desde 2000, o balanço de pagamentos — resultado final da contabilidade do país no confronto com o resto do mundo — ficou negativo em quase US$ 6 bilhões. Esse resíduo acabou sendo coberto por saques nas reservas internacionais do país, lembram os especialistas.
Mesmo não sendo considerada crítica, a situação é preocupante, na avaliação dos analistas, e deixa uma herança pesada para o próximo governante — seja quem for o vencedor das próximas eleições. Se o país continuar no vermelho e houver um choque cambial, as reservas seriam queimadas com mais facilidade do que se espera, prejudicando a condição de solvência do país. “Uma das consequências futuras desses contínuos deficits para o brasileiro serão novas pressões inflacionárias. O Brasil já não tem uma inflação em patamar confortável. A tendência pode ser de piora contínua para o custo de vida”, explica o economista Hugo Paixão, analista da DXI Consultoria e Planejamento Financeiro.
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