Como a vida política não é feita só de impeachment, as piores consequências de um eventual afastamento ou prisão de Renan podem surgir na vida prática e rotineira. Temer poderá ficar no pior mundo possível, com dificuldades para dialogar com o Congresso. Temer e Renan nunca foram próximos; estão mais para adversários dentro do PMDB. Entretanto, têm interesses comuns no momento. Temer precisa de Renan para aprovar medidas do ajuste fiscal. Lidar com um Senado presidido por Viana, um petista, seria bem mais difícil para ele. Renan tem poder – e o desejo – de acelerar medidas do ajuste fiscal na Casa; uma garantia que não existe se o presidente for um senador da oposição.
Temer já perdeu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e sabe como tem sido difícil transitar politicamente em um local presidido no papel por Waldir Maranhão, mas tocado pelo "centrão", um aglomerado de partidos pequenos e médios. O governo tem ralado para lidar com a Casa. Teve de aceitar até um líder imposto por deputados, que não foi escolhido no Palácio do Planalto. O pedido de prisão de Cunha pode piorar ainda mais a atuação do governo ali. Mesmo afastado, Cunha ainda controla boa parte do "centrão"; se sair de cena de vez, o governo perderá um ponto de apoio decisivo e terá de encontrar uma saída definitiva para o caso. Certamente custará bastante caro
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