Brasília - O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), apresentou nesta sexta-feira, 30, um projeto de decreto legislativo para barrar os conselhos de consulta à sociedade civil criados por decreto nesta semana pela presidente Dilma Rousseff. O deputado ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra o que chama de “medida antidemocrática”.
Na segunda-feira, Dilma editou um decreto que cria nove instâncias de negociação e comunicação com entidades civis e movimentos sociais. Embora já estivesse programada pelo Planalto desde 2010, a norma teve sua redação acelerada a partir das manifestações de junho do ano passado.
O texto, que institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), oficializará a relação do governo com os “novos setores organizados” e “redes sociais”.
Os integrantes não serão remunerados e as propostas apresentadas nas reuniões dos conselhos não precisam necessariamente ser levadas adiante pelo governo. A orientação é que todos os órgãos públicos tenham seus conselhos consultivos.
Mendonça diz que o decreto presidencial é “eufemismo para o aparelhamento ideológico por meio de movimentos sociais, filiados do PT e sindicalistas ligados ao PT”. “É uma invasão à esfera de competência do Parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País. A democracia se dá por meio dos seus representantes no Congresso, legitimamente eleitos. Não bastasse as tentativas de controle da mídia e a ideologização e o aparelhamento da cultura no País, agora eles querem impregnar toda a máquina governamental”, disse Mendonça em nota. O líder promete fazer pressão para que sua proposta seja votada com celeridade na Câmara.
“Esse decreto da presidente Dilma é uma afronta à ordem constitucional do País. Sabedor que vai perder as eleições, o PT age no sentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela, que em um primeiro momento tenta vender a ideia de participação popular para depois ter suporte para implantar o sistema bolivariano no País”, condenou o líder da oposição no Congresso Nacional, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Legado. O diretor de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência, Pedro Pontual, afirma que a participação social está prevista na Constituição de 1988. “Um dos legados importantes que o governo Dilma vai deixar é a institucionalização dos instrumentos de participação, transformando-os em método de governo”, afirmou Pontual em entrevista na terça-feira
Procurada pelo G1 às 9h30, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
Além de pedir a suspensão da campanha, que integra a marca “A Copa das Copas”, em todos os veículos de comunicação, o MPF solicita que o governo federal não faça outras campanhas publicitárias sobre a Copa do Mundo que não tenham caráter educativo, informativo ou de orientação social. E pede ainda, em caso de condenação, que a União pague multa diária de R$ 5 milhões, caso descumpra a determinação.
Mensagem subliminar Proposta pelo procurador da República Ailton Benedito, a ação destaca que o conteúdo da campanha atinge o “inconsciente coletivo, de forma subliminar”. Isto é feito, segundo ele, por meio de “mensagens de que o governo federal cumpriu tudo que compromissara, que a organização do evento transcorreu sem problemas; que todas as ações, programas e políticas públicas necessárias foram planejados e executados completa e adequadamente; que não se utilizaram recursos públicos no evento”.
Segundo o procurador, notícias divulgadas pela imprensa informam que vários empreendimentos projetados para os aeroportos, o transporte público e o trânsito foram cancelados ou substituídos por outros de menor impacto e, ainda assim, não serão concluídos a tempo, mesmo que a definição do Brasil como sede da Copa do Mundo tenha sido homologada há sete anos.
“A situação evidencia os efeitos da desorganização, da falta de planejamento, da incompetência em executar o que se planejou quanto à infraestrutura e aos serviços voltados à realização da Copa”, disse na ação.
O procurador ressalta ainda que, conforme dados do Senado, o custo da Copa no Brasil, que começa no dia 12 de junho, é de US$ 40 bilhões, o que equivale a R$ 89,29 bilhões segundo conversão monetária realizada nesta terça-feira (27). A quantia é maior do que a soma do dinheiro gasto nas últimas três edições do evento, que resulta em US$ 30 bilhões, o que corresponde a R$ 66,97 bilhões. De acordo com Ailton Benedito, a ação tem o objetivo de “proteger a cidadania e a dignidade dos brasileiros, como também os seus direitos fundamentais à informação e à verdade estatal”.