O sinal sonoro da mensagem do celular é ouvido pouco depois das 16h.
Eduardo Cunha interrompe a entrevista, mira o telefone e permanece em
silêncio por segundos infindáveis. E não consegue esconder a ansiedade. O
rosto chega a mudar de cor. A partir daquele momento, há uma tensão
poucas vezes vista naquele gabinete da presidência da Câmara dos
Deputados. O peemedebista acaba de receber a informação de que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a denúncia contra ele por corrupção e lavagem de
dinheiro. Antes mesmo de acabar a entrevista, entram na sala os
deputados Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Mendonça
Filho (DEM-PE) e Carlos Marun (PMDB-MS). Permanecem ali, parados, dando
um tom ainda mais solene à notícia do dia.
"Eles
fizeram isso para tentar ganhar força nas manifestações de hoje
(ontem). E aí, o que acontece? Ele (Janot) quis gerar duas manchetes.
Nós não nascemos ontem.
Eduardo
Cunha evitou detalhar a denúncia da Lava-Jato. Antes mesmo de receber a
mensagem confirmando que a peça da Procuradoria-Geral da República havia
chegado ao STF, ele disse que suspeitava do teor do documento. “Não
posso falar sobre conteúdo da Lava-Jato, não posso entrar num nível de
riscos, de detalhes aos quais eu precisarei responder juridicamente”,
disse, considerando iniciado o processo jurídico. “Pois o processo
político já existe, mas o processo jurídico tem de respeitar o ritual.
Eu não posso atropelar o meu advogado, não posso atropelar aquilo que
ele vai precisar para atestar (a minha inocência), não posso atropelar
os argumentos que eu vou precisar utilizar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário