A preocupação com o caixa 2 na primeira campanha em que as doações empresariais foram proibidas tem razão de ser. Mais de 65 mil relatórios por “arrecadação irregular” dos candidatos — 13% do total no país — foram feitos por uma central do Ministério Público para atuar nas eleições. Um aplicativo de telefone celular produzido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), feito para coletar denúncias de caixa 2 e outras irregularidades, já levantou 430 denúncias desde que foi lançado, em julho, até a última sexta-feira (23/9). Beneficiários do programa Bolsa Família, com baixas condições financeiras, foram responsáveis por injetar R$ 16 milhões nesta campanha, mostrou levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, o juiz aposentado e advogado Márlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), esta é a campanha em que o tema do financiamento irregular das eleições terá mais destaque na disputa. No entanto, ele comemora o novo sistema de proibição de participação das empresas na disputa e as denúncias feitas, como prova de que a fiscalização está funcionando para valer e coibindo os abusos.
Pelo aplicativo da OAB, que pode ser baixado gratuitamente pelos usuários, o eleitor faz uma denúncia com um pequeno texto e, se quiser, pode anexar fotos, vídeos e documentos. A queixa é analisada pela Ordem para verificar se é procedente. Depois, é encaminhada para uma das 1 mil subseções da OAB no país, que complementa as informações, caso seja necessário, apresenta a denúncia ao Ministério Público e acompanha as investigações. “Isso permite que cada cidadão se torne um fiscal desde que use os mecanismos à disposição, como o aplicativo”, disse ao Correio o presidente da entidade, Cláudio Lamachia
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