segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A VOZ DAS RUAS DEFENDE A "LAVA JATO"

As manifestações deste domingo (4) pelo Brasil deixam claro que os brasileiros têm um apreço incomensurável pela Operação Lava Jato e não aceitam que políticos façam qualquer coisa para atrapalhar o trabalho de investigação e punição dos acusados. Tal obviedade ganha grande força quando se veem milhares de pessoas nas ruas de mais de uma centena de cidades a defender o combate à corrupção. A dimensão dos protestos não chegou perto daqueles pelo impeachment de Dilma Rousseff, mas foi um recado inicial incisivo. Não era apenas contra Dilma: os brasileiros agora querem combate à corrupção e estão dispostos a defender essa ideia e pressionar quem se opuser a ela.  
Manifestação Em Brasilia, 04 de Dezembro. (Foto: Evaristo Sá/ AFP)
Os manifestantes deixaram muito claro o desapreço pelo fato de os deputados terem, na semana passada, desfigurado – sem pena e sem vergonha – o pacote de medidas de combate à corrupção, numa madrugada em que o país se condoía da tragédia com o time da Chapecoense. Mostraram também que elegeram um novo alvo pessoal. O grito “Fora, Renan”, em referência ao presidente do Senado, Renan Calheiros, tomou o lugar dos antigos “Fora, Dilma” e “Fora, Eduardo Cunha” – o “Fora, Temer” não compareceu desta vez. A ânsia em tentar acelerar o trâmite do pacote anticorrupção no Senado e o fato de ter se tornado réu no Supremo Tribunal Federal transformaram Renan no novo personagem central dos protestos. Não é nada bom para quem ainda tem 11 inquéritos a correr no Supremo – oito deles oriundos da Lava Jato. Surgiu também o grito “Fora, Maia”, contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM. Novato como alvo de protestos, Maia foi incluído por sua participação na conversão do projeto de medidas contra a corrupção em ações para dificultar investigações e punições de corruptos.
As manifestações aumentam o tamanho que Brasília enfrenta a partir desta segunda, dia 5. O Senado terá de tomar a difícil decisão de manter ou desacelerar a tramitação do pacote de medidas desfigurado pela Câmara. Sem Dilma e Eduardo Cunha no palco desta crise, Renan Calheiros estará no ponto central de observação. O Palácio do Planalto terá de trabalhar para contornar as pressões sobre o presidente Michel Temer. Na semana passada, ela veio de parlamentares desesperados para ficarem mais “protegidos” contra investigações; neste domingo (4) uma pressão exatamente oposta veio da população. Temer terá de evitar que uma decisão assim chegue à sua mesa. 

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