terça-feira, 3 de abril de 2018

PARA SER CANDIDATO ALCKMIN TEM QUE SAIR DE CIMA DO MURO


Alckmin é reservado e de falar muito pouco. A situação se agravou depois da morte do filho, Thomaz, em um acidente de helicóptero em abril de 2015. Depois disso, o tucano se fechou de vez “em seu casulo” e mergulhou de cabeça no trabalho. Amigos bem próximos relatam que, após a morte de Thomaz, o governador chegou até a deixar a família depois de uma ceia de Natal para se trancar em seu gabinete e trabalhar.
Lá dentro,  Alckmin sempre está acompanhado de um caderno espiral, onde anota tudo o que consegue durante as reuniões com secretários e lideranças políticas. Cada registro feito à mão é lembrado em detalhes pelo tucano, dono de uma “memória de elefante”, segundo aliados.  Sua obsessão maior é por números: sabe estatísticas do governo, sem mesmo ter de olhar para a colinha preparada pelos assessores durante as entrevistas. Em cafés mais descontraídos, o governador dá a impressão de ter decorado inclusive as piadas que faz aos jornalistas, muitas delas já repetidas e gastas pelo tempo.
O hábito de estar na beira da estrada almoçando com prefeitos de cidades muito pequenas do interior, enquanto figurões mais tradicionais do PSDB comem em restaurantes de luxo, já podem ter rendido piadas internas, mas, por outro lado, é uma das características do jeitão “linha direta com o governador” que ele impôs e que fez com que a penetração do partido no interior de São Paulo seja impressionante.
Para tomar decisões, Alckmin conta hoje com duas pessoas de confiança: o secretário de governo, Saulo de Castro, a quem recorre para assuntos relacionados à administração; e o assessor particular, Orlando de Assis Batista Neto – conhecido como Orlandinho – um confidente de Alckmin para assuntos políticos e pessoais.
Tomar decisões, aliás, é uma das principais dificuldades que o governador precisará contornar para a disputa presidencial deste ano. Integrantes do staff do tucano afirmam que Alckmin sempre evita se posicionar – uma mania criada por ele para não se indispor  com outras lideranças políticas. É por essas e outras que o governador ganhou o apelido de “picolé de chuchu” – traço considerado por alguns tucanos o maior inimigo de Alckmin nas eleições. A avaliação interna é de que o momento atual pede mais clareza do tucano em relação a temas que devem vir à tona nas eleições, como privatização, aborto e porte de armas.

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