Campos evita falar abertamente sobre a campanha do ano que vem e diz ter
avisado a Dilma, em um encontro há cerca de 15 dias, que qualquer decisão sobre
uma eventual disputa contra sua reeleição só será tomada em 2014.
"Ela sabe que não é hora de o PSB decidir. O PSB vai decidir no seu tempo.
Ela deixou muito claro que o interesse dela é seguir tendo uma relação de
respeito com o PSB durante todo o ano de 2013 e deixar 2014 para 2014",
afirmou.
Enquanto isso, o pernambucano viaja pelo Brasil com uma agenda de
pré-candidato. Participou de um jantar na quinta-feira e de um almoço ontem, em
São Paulo, com representantes do Instituto para Desenvolvimento do Varejo -
composto por empresas como Carrefour, Pão de Açúcar, Americanas, C&A,
Riachuelo, Magazine Luiza e Walmart.
No almoço de ontem, em um hotel na região dos Jardins, o governador
pernambucano destacou a evolução dos índices econômicos de seu Estado. Relatou
que o PIB local cresceu em média 4,6% ao ano sob seu comando e apresentou como
trunfo um modelo eficiente de incentivos à indústria e ao comércio.
Segundo os empresários que participaram do encontro, Campos não falou em
candidatura. Curiosos, no entanto, os convidados perguntaram se suas ideias
poderiam ser aplicadas em todo o Brasil. O pernambucano teria respondido que um
"grande porcentual" poderia, sim.
O presidente do PSB falou abertamente sobre temas nacionais ao afirmar que o
Brasil precisa desenvolver políticas de comércio exterior mais claras, e que
deve escolher setores industriais que mereçam tratamento prioritário - a exemplo
de uma política estratégica de incentivo criada por ele em Pernambuco.
Futuro. Campos disse, segundo varejistas, que o Brasil ainda está "em
processo de construção". Citou três períodos, resumidos em "décadas": a
construção da democracia a partir de Ulysses Guimarães (PMDB), a reforma
econômica conduzida por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o desenvolvimento
social no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista após o evento, Campos afirmou que é preciso pensar a economia
do Brasil para o próximo ano e para "o futuro da década". Ressaltou, no entanto,
que críticas ao resultado do crescimento modesto do PIB nacional durante o
governo Dilma não devem ser interpretadas como um movimento eleitoral.
"O Brasil não merece repetir em 2013 o que foi o ano de 2012. Para isso, é
importante tomar uma série de medidas, inclusive discutir de maneira tranquila
sobre os problemas", afirmou. "Não se pode, a cada vez que se levante um
problema, que se descaracterize como uma tentativa de se fazer debate
eleitoral."
Queridinho. Alguns empresários deixaram o almoço entusiasmados com o discurso
de Campos. "Ouvimos falar muito dele no Sul e no Sudeste, mas não entendíamos
tanta badalação. Percebemos agora que ele fala a língua da gestão empresarial,
junto com um discurso político", resume um varejista, sob anonimato.
Os empresários também afirmaram que causaram boa impressão indicadores
apresentados por Campos nas áreas de educação e saúde. O governador de
Pernambuco teria dito que os hospitais de seu Estado não têm "nenhum" paciente
aguardando atendimento nos corredores.
Nos dois encontros com empresários, Campos também citou investimentos em
segurança e programas sociais. Destacou ainda a necessidade de uma reforma do
pacto federativo e de tornar a gestão pública mais eficiente. / B.B.
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