Roberto Carlos: “Ninguém poderá contar do meu acidente melhor do que eu" (Philippe Lima/Agnews)
“O biógrafo pesquisa uma história que está feita pelo biografado. Ele não cria uma história, ele narra aquela história que não é dele, é do biografado. E a partir do momento que ele escreve, ele passa a ser dono da história. E isso não é certo”, crê o cantor
O músico é um dos pivôs da proibição encampada pelo movimento Procure Saber, que tem apoio de Chico Buarque e Caetano Veloso, por exemplo. A Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) batalha contra o Procure Saber no Supremo Tribunal Federal, com uma ação direta de inconstitucionalidade contra os artigos 20 e 21 do Código Civil, que condicionam a publicação de biografias ao aval dos personagens retratados ou de seus herdeiros. Em 2007, Roberto Carlos conseguiu retirar das livrarias a obra Roberto Carlos em Detalhes, escrita pelo repórter Paulo Cesar Araújo sem o seu consentimento. Uma possível liberação do texto de Araújo, segundo ele, “tem de ser discutida”.
O cantor disse que a proposta defendida por biógrafos e jornalistas para a liberação das publicações não teria efeito. Os escritores defendem os textos não precisem de aval prévio – considerado um tipo de censura – e que os biografados procurem a Justiça para reparar eventuais erros, calúnias ou difamações presentes nos livros. “Isso não funcionaria muito não”, disse o cantor, ao argumentar que a obra já estaria publicada na internet.'
Autobiografia – Roberto Carlos aproveitou a entrevista para anunciar que está preparando a própria biografia. Segundo ele, a própria história talvez não caiba em um só livro: “Vou contar tudo o que acho que tem sentido de contar em relação ao que senti e ao que vivi”.
O cantor prometeu abordar o acidente em que perdeu uma perna, ao ser atropelado por um trem. “Ninguém poderá contar do meu acidente melhor do que eu. Ninguém poderá dizer o que aconteceu, o que eu senti e passei com todos os detalhes que eu posso. Isso aí só eu sei”.
Roberto Carlos também argumentou que os escritores passam a ser donos da história alheia quando publicam uma biografia – o que para ele é incorreto. “O biógrafo pesquisa uma história que está feita pelo biografado. Ele não cria uma história, ele narra aquela história que não é dele, é do biografado. E a partir do momento que ele escreve, ele passa a ser dono da história. E isso não é certo”, acredita o cantor
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