— À margem das denúncias envolvendo a Petrobras, os três principais candidatos ao Palácio do Planalto apostam em ataques paralelos para desconstruir os adversários. A campanha da presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição, trouxe o medo para o centro do debate — com uma peça publicitária com críticas à proposta de autonomia do Banco Central — e orientou a estratégia com foco em desmontar as ideias da candidata do PSB, Marina Silva. A socialista, por sua vez, apontou a mira para os parceiros de Dilma. Disse que se ela for eleita, terá que agradecer a políticos como os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Fernando Collor (PTB-AL). Já o candidato do PSDB, Aécio Neves, tenta mostrar que Marina e Dilma são mais parecidas do que como se apresentam, ao lembrar o passado da socialista no PT.
Contra a ex-ministra, interlocutores próximos à campanha de Dilma contam que já começaram a trabalhar para minar a candidatura da socialista com ataques às propostas. Um passo foi dado ontem com a peça publicitária de 30 segundos que cita Marina e a proposta de dar autonomia ao Banco Central, apesar de ser uma prática comum em países desensolvidos, que significaria “entregar aos banqueiros um grande poder de decisão sobre a sua vida e de sua família”. Nas imagens, banqueiros ficam felizes enquanto a comida acaba. Também ontem, militantes do PT e sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) protestaram contra a autonomia do órgão em frente à sede do BC.
Em São Paulo, Dilma voltou a insistir nos ataques à socialista, disse que não tem banqueiro a apoiando nem a sustentando, em referência indireta à coordenadora do programa de Marina, Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú . “Não adianta falar que eu dei ‘bolsa banqueiro’. Não tenho banqueiros me apoiando, me sustentando”, afirmou. “Dar autonomia ao Banco Central significa que ele vai definir taxa de juros, câmbio e políticas de crédito sem prestar contas aos poderes Executivo e Legislativo”, condenou. Segundo um aliado, a tática é atacar as políticas que a socialista propõe para o país. “Banco Central independente é um retrocesso absurdo. Questionar todo planejamento estratégico de exploração do pré-sal é outro equívoco. Vamos seguir mostrando esse limite dentro da política com as escolhas que ela está fazendo”, argumenta o interlocutor.
Contradições
Os argumentos seguem orientações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele tem dito que não precisa bater pessoalmente em Marina, mas que basta ir às contradições dela. “Ela não tem discurso nem estrutura partidária para enfrentar a gente”, diz o petista. Entre os itens que estão na lista da campanha para serem desmontados estão o “desmame da indústria brasileira” e até mesmo a criminalização da homofobia. “Ela fala em desmame da indústria, mas, diante a crise, é preciso protegê-la de maneira correta. Mas ela não vacila só na área econômica, pois voltou atrás na criminalização da homofobia”, diz. Na avaliação dos petistas, a composição de uma equipe heterogênea “está mostrando uma faceta de candidatura conservadora
”
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