sábado, 6 de agosto de 2016

GANHAMOS O OURO NA ABERTURA DAS OLIMPÍADAS

Cena de abertura da cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio (Foto: Liuca Yonaha/Época)
Na saída do Maracanã, ao fim do espetáculo que abriu os Jogos Olímpicos do Rio, um grupo que   havia se apresentado algumas horas antes no gramado dançava feliz, abraçado. Eles tinham encenado uma espécie de batalha carnavalesca, entre bate-bolas, um personagem típico dos carnavais de subúrbio carioca, e orixás, símbolos das religiões africanas tão integrados à cultura carioca. De longe, para quem assistiu a festa, as fantasias eram suntuosas, esplendorosas. De perto, eram o exemplo mais completo do que foi a noite: como a criatividade dos artistas consegue transformar a simplicidade em algo que extasia o olhar.
A roupa dos bate-bolas, em tons de vermelho e laranja, que pela leveza parecia feita de plumas, era formada por tiras de plástico amarradas, uma a uma, em uma tela emborrachada, daquelas usadas para embalar frutas. A vestimenta dos gloriosos orixás vermelhos, prateados e dourados, era de igual simplicidade. Tiras de uma espécie de papel laminado presas em um colete e em um cinturão.
A modelo brasileira Gisele Bündchen durante cerimonia de abertura da Olimpíada Rio 2016 (Foto: Ricardo Nogueira/ÉPOCA)
Nada complicado, nada caro. Quem conhece os barracões onde as escolas de samba preparam seus carnavais, sabe que é assim que funciona. O material mais banal se transforma, nas mãos dos carnavalescos, em algo de uma beleza singular.
As roupas dos bate-bolas e dos orixás são o símbolo do que foi a festa de abertura da Rio 2016. Do pouco se fez muito, em uma cerimônia que emocionou e que já entrou para a história dos Jogos. Não tivemos tambores tecnológicos como em Pequim (2008) ou James Bond descendo de um helicóptero como em Londres (2012). Mas tivemos Paulinho da Viola ao violão, em uma das mais belas interpretações do Hino Nacional já ouvidas; Gilberto Gil, abatido e recém saído de uma internação, e Caetano Veloso —dois mitos de nossa cultura popular—abrindo um generoso espaço para a criticada Anitta, que encarnou com perfeição a morena sestrosa de Ary Barroso, em Aquarela do Brasil.

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