sexta-feira, 15 de março de 2013

CARDEAL BRASILEIRO FOI DECISIVO NA ESCOLHA DO PAPA



O argentino Jorge Mario Bergoglio, ao lado do cardeal brasileiro dom Claudio Hummes, acena, da sacada do Vaticano, para a multidão reunida na Praça de São Pedro após ser eleito Papa Francisco Foto: AP
O argentino Jorge Mario Bergoglio, ao lado do cardeal brasileiro dom Claudio Hummes, acena, da sacada do Vaticano, para a multidão reunida na Praça de São Pedro após ser eleito Papa Francisco AP
ROMA - Sob o titulo de “O amigo brasileiro do Papa desbloqueou o conclave”, o jornal italiano “Il Messaggero” disse que foi o cardeal brasileiro Claudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo, quem deu o grande impulso à eleição do Papa Francisco. “Certamente é o seu maior eleitor e amigo fiel”, anunciou o “Messaggero”.
“O consenso (em torno dos favoritos) não crescia como deveria, havia resistências, votos bloqueados e italianos estavam divididos”, relatou o jornal. Isso explicaria porque, tão logo eleito Papa, “Bergoglio quis ele (Hummes) ficasse perto dele”, possivelmente como um sinal de agradecimento.Segundo o jornal, graças “à infatigável e paciente rede construída dia a dia pelo cardeal brasileiro se criou uma plataforma de consenso para colocar (o nome de Bergoglio) no conclave no momento justo”. E o momento, de acordo com “Il Messaggero”, foi quando os candidatos favoritos – o italiano Angelo Scola, o brasileiro Odilo Scherer e o americano Sean O’Malley – “começavam a dar sinais de ceder”.
Entre os quatro outros cardeais brasileiros que participaram do conclave, a profunda amizade entre Hummes e o argentino nunca foi novidade. O conclave é uma votação sigilosa e os cardeais prestam juramento neste sentido. Mas alguns detalhes estão filtrando para a imprensa italiana, que não cita fontes. Se a informação do jornal italiano estiver correta, isso mostra a divisão entre os brasileiros e reforça o argumento dos próprios cardeais de não é aliança geográfica que define a eleição de um Papa
Argentino teria conseguido mais de 90 dos 115 votos
Outros jornais também revelam bastidores da escolha do Papa. De acordo com o jornal “Corriere della Sera”, o conclave foi marcado não penas pela rapidez com que se chegou a um consenso, mas pelo volume da votação em favor do argentino, que a reportagem estima em mais de 90 dos 115 votos, muito acima do mínimo de 77 estipulado por Bento XVI com o objetivo de dar maior coesão à escolha.
Por trás dessa votação expressiva, diz a reportagem, estava um amplo acordo costurado pelo decano do colégio de cardeais, Angelo Sodano (que não participou do conclave por ter mais de 80 anos); o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone; Giovanni Battista Re, que assumiu as funções de decano do conclave e os cardeais das Américas. Segundo o jornal, Bertone era, inicialmente, eleitor do arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, mas mudou de lado após o brasileiro ter criticado Re em reunião da Congregação Geral.
O acordo teria sido cimentado pelo cardeal italiano Raffaele Martino, presidente emérito do Pontifício Conselho Justiça e Paz e, durante 15 anos, representante do Vaticano na ONU. O trabalho nas Nações Unidas fez com que ele desenvolvesse laços fortes com o clero do Novo Mundo e com as questões sociais do continente. No conclave de 2005, ainda segundo o “Corriere”, Martino já havia votado em Bergoglio, que acabou derrotado por Joseph Ratzinger.
Confirmando o ditado segundo o qual “quem entra Papa no conclave sai cardeal”, o favorito Angelo Scola, arcebispo de Milão, conseguiu unir a maioria do cardinalato italiano, só que contra si. De acordo com as informações de bastidores, a ligação de Scola com o movimento carismático Comunhão e Libertação - e deste com políticos mais que controvertidos - foi fatal para sua candidatura.

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