quarta-feira, 2 de outubro de 2013

M.P. FACILITA O REGISTRO DO "MAIS MÉDICOS"

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, posa para foto junto com médicos estrangeiros do programa "Mais Médicos"
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, posa para foto junto com médicos estrangeiros do programa "Mais Médicos" (Ueslei Marcelino/Reuters)
A comissão especial destinada a analisar a medida provisória 621 (MP dos Médicos) aprovou, nesta terça-feira, o relatório final da matéria deixando de fora as principais reivindicações da categoria médica — como a revalidação do diploma e direitos trabalhistas para os médicos brasileiros. O texto, agora, segue para votação da Câmara dos Deputados e do Senado e deve ser votado até o dia 5 de novembro para não perder a validade.
Além de não acatar as principais sugestões de parlamentares contrários à MP, o colegiado aprovou a inclusão de uma medida que facilita o processo de liberação dos registros aos médicos formados fora do Brasil. O relator, deputado Rogério Carvalho (PT-SE), incluiu no parecer que o Ministério da Saúde será responsável por emitir os registros provisórios de profissionais estrangeiros ou brasileiros formados no exterior. Atualmente, essa é uma prerrogativa dos conselhos regionais de medicina, que agora ficarão apenas com a responsabilidade de fiscalizar a atuação do médico intercambista.
Registros provisórios — Na prática, a medida é uma forma de garantir a atuação desses profissionais sem ter de passar pelo crivo dos conselhos regionais, que têm imposto barreiras para a liberação dos registros. A Advocacia-Geral da União (AGU) chegou a emitir um parecer no qual determinou que as entidades teriam de exigir apenas a documentação prevista na medida provisória — que acaba com a obrigatoriedade do Revalida, exame necessário para estrangeiros atuarem no País — e também recorreu à Procuradoria-Geral da União (PGR) para que fosse apurada qualquer irregularidade no processo de concessão dos registros.
“É sim uma manobra para garantir a emissão dos registros. O governo vem gastando dinheiro, a população está desassistida por uma questão de obstrução à lei. A MP 621 já está valendo”, disse o relator Rogério Carvalho. O deputado, porém, nega que a medida seja uma forma de esvaziar a função dos conselhos. “Os órgãos fiscalizam o exercício da profissão. Apenas a emissão, o ato cartorial, não fica mais com eles. E isso é só para médicos que vierem trabalhar no programa”, explicou.
Já para o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, a medida é uma “distorção gravíssima do método de registro dos profissionais médicos”. “O que muda é exatamente a facilitação e a entrada de profissionais seguindo regras que podem comprometer a saúde pública e a segurança da população. É claro que essa é uma aberração jurídica e que permite que esses profissionais não tenham a devida averiguação de sua situação e nem a revalidação de seus diplomas para poder exercer a profissão”, disse.
O presidente da Fenam acrescentou que o programa Mais Médicos, ao não acatar as principais sugestões das entidades médicas, será “apenas um programa circunstancial e temporário”. Entre os pontos defendidos pelas entidades estavam o concurso público para médicos, a criação de carreira de estado para os profissionais, a revalidação de médicos estrangeiros e exames que comprovam a fluência em língua portuguesa. Todos foram negados pelo colegiado.
Novidades — Uma pequena mudança a respeito da revalidação do diploma foi aprovada. Pelo texto, o médico intercambista estará habilitado a exercer a profissão sem o teste de capacitação nos três primeiros anos de participação. Passado esse período, se o profissional quiser prorrogar sua permanência no Mais Médicos, ele terá de passar pelo exame.
Também está prevista a criação do Fórum Nacional de Ordenação de Recursos Humanos na Saúde. O grupo visa elencar propostas referentes ao setor, como diretrizes relacionadas à competência das profissões e critérios para a certificação profissional. De caráter consultivo e propositivo, o fórum será formado por representantes do Ministério da Saúde, da Educação, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), além de entidades ligadas à saúde

Nenhum comentário:

Postar um comentário