“Eu estou em Roma. Se pudermos falar amanhã...”, pediu o padre Krysztof Charamsa à reportagem, por telefone. Após insistência, ele decidiu conversar com o Correio. Charamsa admitiu que a decisão de se revelar gay na véspera do Sínodo dos Bispos foi algo “pessoal” e um gesto importante para abrir a mentalidade da Igreja Católica sobre a homossexualidade. Ele também afirmou que esperava a reação do Vaticano de expulsá-lo dos cargos que acumulava na Santa Sé. “Eu respeito a decisão. Isso está claro para mim”, comentou.
Por que o senhor decidiu-se revelar homossexual a poucas horas do Sínodo?
(Suspiro) Então... Eu acho que a decisão de expor isso foi algo muito pessoal. (pausa) Eu estou muito cansado hoje. Então... O momento da divulgação é um momento bastante pessoal, a poucas horas do Sínodo. É importante, pois eu penso nesse momento em todas as famílias.
Em que sentido?
Cada família deve estar sujeita a essa reflexão, ao diálogo, à oração dessa coisa grande e importante da Igreja sobre o assunto da família. Eu acho que o nosso papa, Francisco, nos oferece essa grande possibilidade de pensarmos em todas as famílias. O Sínodo deve ser um testemunho e pedir para ser um ato prático de reflexão. Hoje, acredito que minha revelação envia um momento para todas as famílias LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) depositarem esperança nesse Sínodo. Para que ele leve em conta não apenas as famílias, mas que seja um importante momento na história da Igreja para nosso pensamento católico e maravilhoso sobre todas as famílias.
O que o senhor espera do Sínodo, em termos práticos?
Eu acho que nós devemos pensar hoje sobre famílias homossexuais, lésbicas e transsexuais. Famílias são um pedaço de nossa humanidade. As famílias são voltadas para Deus. As famílias são um caminho para nosso amor. E acho que nós, enquanto cristãos, devemos expressar o amor e devemos praticá-lo por todas as pessoas, sem discriminação, sem estigmatização, sem marginalização. Assim como o papa Francisco nos disse no início do seu pontificado, ao afirmar que é tempo de a Igreja pensar mais sobre a família e sobre a paz, o pensamento mais importante da vida humana. Sem discriminação. Nós também temos que pensar que muitas pessoas homossexuais esperam por uma palavra de amor e de esperança por parte de nossa Igreja
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