Meirelles e Temer: nem do ponto de vista ultraliberal o plano funcionaria
A recente divulgação de levantamento realizado pelo Financial Times, dando conta que o salário médio do trabalhador chinês já é mais alto do que os de seus colegas brasileiros, argentinos e mexicanos pode nos levar a várias reflexões. Fico com duas principais. A: O que está acontecendo com a China? e B: Qual a meta do projeto ultraliberal em curso no Brasil?
Primeiro sobre a China. A queda do crescimento do PIB chinês, de uma média acima de 10% na década passada para pouco mais de 6% em 2015 se deve não apenas à retração dos mercados ocidentais, mas a um giro realizado a partir de 2007 na economia do país.
Naquele ano, um dos temas debatidos pelo 15º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCCh) foi a de fortalecer o mercado interno, como forma de dar maior sustentabilidade ao desenvolvimento até ali garantido em sua maior parte pelo dinamismo do setor exportador.
Na mesma época, outra mudança ocorreu: a China agregou à sua característica de exportador de manufaturas a exportação de capitais. A partir daí, investimentos do gigante oriental na África e América Latina – além de outras partes do mundo – tornaram-se mais agressivos.
Manifesto dos trabalhadores
Uma das consequências foi o que a revista The Economist à época chamou de “manifesto dos trabalhadores” do país: uma paulatina mas segura elevação do valor real do salário médio, mantendo, porém, a moeda nacional desvalorizada para garantir a competitividade internacional de seus produtos.
Assim, o indicador do Financial Times não aponta apenas uma queda da renda dos salários nos países latino-americanos, mas uma elevação dos ingressos asiáticos. Entre 2006 e 2016, em alguns ramos de atividade, o salário médio no país foi multiplicado por três, em termos reais, segundo a Economist.
É bem possível que essas diretrizes sejam mantidas no 19º Congresso do PCCh, marcado para o segundo semestre deste ano
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário