Reprodução: Vieira é apontado como chefe de quadrilha
que corrompia servidores de órgãos federais
Ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), cargo que assumiu em 2010 por
indicação da amiga Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da
República em São Paulo e acusada de integrar o grupo, ele nega que tenha pago
propina a Cyonil Borges, do Tribunal de Contas da União, que delatou o
esquema.
Vieira se apresenta como "um petista de baixo clero" e defende Rose
categoricamente. Revela-se indignado e amargurado. Recorre a Deus
frequentemente, a quem pede proteção nesta etapa difícil de sua vida.
Classifica a ANA de "cabide de emprego". Desafia que provem contra ele
prática de ilícitos e diz não ter intenção de delatar outros nomes - em
conversas reservadas havia admitido a possibilidade de contar o que sabe, como
divulgou o Estado.
Vai provar, avisa, sua inocência à Justiça. Aponta laços entre o ex-ministro
dos Portos Pedro Brito e Miranda. "Tenho provas de tudo."
Repudia o papel que lhe é imputado pela acusação. "Que quadrilha é essa que
supostamente só participou de dois pareceres em anos de 'atividades'? Onde está
o dinheiro de propinas que recebi?"
Como vai se defender?
Pretendo responder a todas as acusações na Justiça, apresentando documentos
comprobatórios e testemunhas contra cada uma das acusações. Confio plenamente na
Justiça e no Estado de Direito. Estou sofrendo uma grande injustiça, juntamente
com os meus irmãos e diversos amigos. Espero que Deus me ajude! O meu irmão
Marcelo, um dos supostos chefes da 'quadrilha', não tem o 2.º grau completo, é
um ex-garçom do Flat Lorena, na Avenida Rebouças, em São Paulo. A Rose não tem o
2.º grau completo, nunca esteve com a maioria das pessoas citadas. A sua
principal função no Gabinete Presidencial era marcar reuniões entre autoridades
e membros da sociedade civil.
Qual a sua participação no projeto da Ilha de Bagres, de interesse do
ex-senador Gilberto Miranda?
O projeto referente à Ilha de Bagres, no dia do parecer criminalizado pelo
MPF e PF, já tinha licença do Ibama, mas não fui sequer chamado a prestar
esclarecimentos. O MPF e a PF querem blindar a ministra Izabella Teixeira e a
diretora do Ibama, sra. Gisela Damm Forattini, diretora de Licenciamento
Ambiental, que recebia gente do Gilberto Miranda sempre. O sr. Pedro Brito,
atual diretor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), indicado
pela presidente Dilma, enquanto ministro deu sinal verde para a construção do
empreendimento na Ilha de Bagres. Aliás, foi em cerca de 10 linhas, sem registro
em processo da Secretaria dos Portos. O MPF e a PF querem me culpar de coisas
que não fiz e não tinha poderes e influências para isso. É só pegar a licença do
Ibama e o processo de criação do Porto na Antaq. O sr. Pedro Brito é amigo
pessoal do sr. Gilberto Miranda.
Como eram esses encontros?
A pessoa do sr. Gilberto Miranda, Luiz Awazo, se encontrava constantemente
com sra. Gisela. Ela foi a Santos visitar e defender o empreendimento. A sra.
Gisela fazia os trabalhos com conhecimento e apoio da ministra Izabella, que
pediu as mudanças de parecer da AGU sobre o tema em janeiro de 2012. Não posso
afirmar que houve reunião da própria ministra com o pessoal de Gilberto Miranda.
Com o sr. Pedro Brito, diretor da Antaq, as reuniões eram pessoalmente entre ele
e Gilberto Miranda. O sr. Pedro Brito comemorou o seu aniversário em 2011 na
casa de Gilberto Miranda. O ex-presidente da Antaq Fernando Fialho, na gestão em
que o processo chegou à Antaq, é amigo pessoal de Gilberto Miranda, inclusive
este foi padrinho de casamento de uma das suas filhas. Toda essa celeuma é
referente a um único parecer feito pelo dr. Arnaldo Godoy, consultor-geral da
União, em um caso que veio da Antaq, referente a Ilha de Bagres. Ajudei a fazer
o parecer, a partir da permissão da Lei n.º 9.794/99, pois era diretor de órgão
do Meio Ambiente, a ANA, e membro do Conama, recentemente indicado pela ministra
Izabella Teixeira.
O MPF imputa ao sr. papel central no 'núcleo principal da quadrilha'.
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