quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

SERGIPE E ALAGOAS NA FILA DO PRÉ-SAL.


A Bacia de Sergipe-Alagoas, a mais promissora fronteira de exploração de petróleo depois de Campos e Santos, terá de esperar entre sete e oito anos pelo início da produção nas cinco descobertas registradas este ano. Terá de "entrar na fila de espera do pré-sal", como respondeu o Ministério das Minas e Energia a um pedido do governo de Sergipe.
O governador Marcelo Déda (PT) tentou antecipar o início da produção dos poços, em reunião há pouco mais de um mês com o ministro Edison Lobão e o secretário de Petróleo e Gás do ministério, Marco Antônio Almeida. A resposta foi que, por falta de equipamentos, principalmente plataformas, o Estado terá de esperar até 2020 para começar a extrair o óleo leve (de maior valor comercial) das descobertas recentes da região.
"Falta espaço nos estaleiros nacionais para dar conta das demandas de Sergipe", disse o assessor econômico de Déda, Ricardo Lacerda. E por causa da exigência de fabricação dos equipamentos no Brasil não é possível recorrer ao afretamento das plataformas no mercado externo.
Animado com as sucessivas descobertas no litoral de Sergipe, o governo local considerou que o Estado seria uma prioridade para a Petrobrás, contou Lacerda. Déda ficou entusiasmado com a possibilidade de encorpar o orçamento atraindo novos investidores e com os royalties do petróleo, hoje, praticamente restritos à produção em terra.
A Petrobrás negou que haja limitações para produzir em Sergipe-Alagoas. Em nota, afirma que "no momento em que esse potencial (da bacia) estiver delimitado, a companhia decidirá sobre o melhor projeto para o desenvolvimento da produção dos campos descobertos".
Produção. Sergipe produz, atualmente, 1,24 milhão de barris por mês, volume de outubro, última data divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mas a maior parte em campos terrestres. A produção marítima foi de 267 mil barris no mês. O Estado é reconhecido, na verdade, como uma importante região de produção de gás natural em campos maduros.
"A descoberta de reservatórios no mar de Sergipe abre uma nova frente para a Petrobrás", destacou o professor do Instituto de Economia da Energia da UFRJ, Edmar Almeida.
As descobertas na bacia foram em áreas exploradas pela Petrobrás e a IBV Brasil, empresa formada pela junção das indianas Bharat PetroResources e Videocon Industries. As duas empresas anunciaram ainda em 2010 a descoberta de "petróleo de qualidade semelhante ao das águas profundas da Bacia de Campos, uma nova fronteira exploratória" na Bacia de Sergipe-Alagoas.
À época, a empresa informou "a existência de grandes acumulações nas porções mais distantes dessa bacia, com volumes superiores aos encontrados nos Campos de Guaricema e Dourado, em águas rasas", na mesma região.
O poço Barra, onde foi encontrado o óleo naquela época, está localizado em lâmina d'água a profundidade de 2.341 metros e distante de 58 km da costa. Ontem, a Petrobrás anunciou a quinta descoberta deste ano na bacia, com apenas cinco dias de intervalo do anúncio anterior.
A Bacia de Sergipe-Alagoas possui características geológicas semelhantes às de Gana, na África, onde, em 2007, a descoberta de uma reserva com mais de 1 bilhão de barris de petróleo alterou o mapa econômico do país, como salientou o geólogo Wagner Freire.
Edmar, da UFRJ, destaca ainda que as descobertas em Sergipe-Alagoas não se aproximam do pré-sal ou da Bacia de Campos, mas são relevantes, sobretudo pelo tamanho e qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário