Desde que deixou o presídio da Papuda em Brasília há cerca de oito meses, o ex-ministro José Dirceu vive cada dia de liberdade como se fosse o último. Mal conseguiu a progressão da pena de sete anos a que foi condenado no processo do mensalão e o petista já se viu novamente envolvido em outro escândalo de corrupção ainda maior. Investigado no Petrolão, Dirceu nunca esteve tão próximo de voltar para a cadeia. A angústia é tamanha que ele nem come direito. No último mês, perdeu cerca de 10 kg. “Está pele e osso”, dizem interlocutores. A iminência da prisão levou seus advogados a entrarem com um pedido de habeas corpus preventivo. O pedido foi feito ao Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4), na última quinta-feira 2, pelo advogado Roberto Podval. Eles alegaram que o ex-ministro está “na iminência de sofrer constrangimento ilegal”, em referência a uma eventual ordem de detenção por parte do juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro. Na sexta-feira 3, a Justiça negou o pedido de habeas corpus, por ser demasiado genérico. O juiz federal Nivaldo Brenoni considerou que, até o momento, a prisão é “mero receio” do ex-ministro.
ELE, DE NOVO
Segundo delator, ex-ministro cobrou propina da empreiteira Engevix e usou
o dinheiro para tentar melhorar sua imagem política após o desgaste do mensalão
Dirceu é suspeito de receber milhões em propinas, travestidas de consultorias privadas, pela intermediação de contratos de empreiteiras com a Petrobras. Sua situação se complicou depois que o lobista Milton Pascowitch firmou acordo de delação premiada, homologado por Moro na segunda-feira 29. À força-tarefa da Operação Lava Jato, Pascowitch revelou que o ex-ministro cobrou propina da empreiteira Engevix Engenharia e usou o dinheiro para tentar melhorar sua imagem política após o desgaste do processo do mensalão. A propina, segundo o empresário, foi paga a Dirceu por sua empresa, a Jamp Engenheiros Associados, por meio de consultorias de fachada. Pascowitch ressaltou que o dirigente petista até chegou a prestar serviços no início, prospectando negócios fora do Brasil. Mas, depois, a relação comercial desvirtuou para o pagamento recorrente de propinas. Só a Jamp respassou à JD Assessoria e Consultoria, empresa que o ex-ministro manteve com seu irmão Luiz Eduardo, quase R$ 1,5 milhão entre 2011 e 2012. Mais R$ 1,2 milhão foram pagos diretamente à JD pela Engevix. De 2006 a 2013, a JD declarou R$ 29 milhões em rendimentos, dos quais R$ 8 milhões provenientes de empreiteiras envolvidas no Petrolão
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