domingo, 14 de fevereiro de 2016

JUSTIÇA CONDENA ONG DE CUNHA A INDENIZAR EMPREGADOS

Em julho de 2009, a fachada do prédio de dois andares na entrada de Vila Kennedy, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro, ganhou uma placa com letras pretas, garrafais, sobre um fundo amarelo, que anunciava o Centro de Cidadania Eduardo Cunha. O slogan “Afinal de contas, o nosso povo merece respeito”, que o presidente da Câmara popularizou em programas de rádio, completava o quadro. Como o centro oferecia dentistas e fonoaudiólogos, cursos técnicos, balcão de emprego, orientação de advogados e fisioterapia, os moradores acharam que, finalmente, os políticos ajudariam a comunidade pobre de 41 mil habitantes, a 40 quilômetros do centro do Rio, na ocasião dominada por traficantes e definida pela violência. Mototaxistas, feirantes e camelôs passaram a conviver com a aglomeração de cerca de 200 pessoas que acorriam ao lugar diariamente.
Antiga sede do centro ,em VIla Kennedy (no alto) e o deputado Eduardo Cunha (acima).Os funcionários dizem que fazim campanha (Foto: Pedro Farina/ÉPOCA)
A empolgação durou pouco mais de um ano. Em novembro de 2010, logo após a eleição, o centro fechou. Demitidos, nove funcionários foram à Justiça do Trabalho contra o deputadoEduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, cobrar indenizações. Investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal por suspeita de participar do petrolão, acusado de manter contas bancárias secretas no exterior e de receber propina, o presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado duas vezes no ano passado – na primeira e na segunda instância – na Justiça do Trabalho. Os nove funcionários – cinco deles ouvidos por ÉPOCA – afirmam que seu verdadeiro trabalho era fazer campanha para Cunha. “Na época da política, davam panfleto para a gente”, diz Penha Cardoso de Melo, que ganhava R$ 400 para cuidar da limpeza e do cafezinho. “Para todo mundo que buscava atendimento, a gente tinha de falar para votar nele.”

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