quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

PEDIR HABEAS CORPUS NA LAVA JATO NÃO MAIS EMPLACA DIZ DELEGADO

Responsável pelo início da Operação Lava Jato, o delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo, de 38 anos, está animado. Com a robustez das provas colhidas em quase dois anos de investigação, ele acredita que os advogados dos acusados precisaram se adequar ao que ele chama de “uma nova fase”, em que não basta só buscar vícios no processo e entrar com pedidos de habeas corpus. “É preciso enfrentar o mérito das acusações”, diz Anselmo. O delegado, ex-fiscal de tributos e doutor em Direito Penal, está satisfeito com o posicionamento dos Tribunais Superiores. Para ele, a Lava Jato vem sendo referendada pelas decisões das Cortes, o que dá credibilidade à investigação. Anselmo lamenta, porém, a paralisia dessas mesmas Cortes quanto às investigações feitas na Operação Faktor, conhecida como Boi Barrica, que apurou crimes financeiros da família do ex-senador José Sarney, do PMDB do Maranhão. “Se a Faktor seguisse um curso normal, talvez a Lava Jato nem tivesse existido, porque lá já havia participação na Petrobras.”
O delegado da Polícia Federal  Márcio Anselmo,A  Lava Jato vai deixar um legado técnico (Foto: Guilherme Pupo/ÉPOCA)
ÉPOCA – Com dois anos de Lava Jato, como os presos nas operações se comportam quando os agentes chegam?
Márcio Anselmo –
 Houve uma busca em que a mulher do réu perguntou se a prisão “era aquela de cinco dias ou para sempre”. Até a mulher do alvo já havia discutido o tipo de prisão do marido. Em uma outra fase, uma pessoa ficou sabendo da operação e logo começou a ligar para investigados amigos e ver se estava tudo bem. De repente, ela própria foi surpreendida com a Polícia Federal na porta. Os advogados estão em uma nova fase. Eles precisam enfrentar o mérito dos processos penais. Tribunais Superiores têm mantido as decisões da Lava Jato. Hoje, é mais fácil ingressar com pedidos de quebra de sigilo de e-mail ou monitoramento telemático. Procuradores e juízes dominam melhor as regras, e isso acaba eliminando questionamentos formais. A estratégia de pedir habeas corpus já não emplaca tão facilmente nos Tribunais Superiores

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