terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

JOÃO PAULO CUNHA, MENSALEIRO DEBOCHA DA JUSTIÇA


Único condenado no processo do mensalão que mantém o cargo de deputado federal, João Paulo Cunha (PT-SP) aproveita os dias que lhe restam fora da prisão em tom de deboche. Ontem, quando tanto o Legislativo quanto o Judiciário retornaram aos trabalhos após o recesso, o parlamentar visitou o acampamento que petistas e sindicalistas montaram no estacionamento externo do Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, para protestar contra as penas impostas aos mensaleiros, e almoçou com os “companheiros”. Enquanto Cunha comia sob uma lona azul, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, participava da solenidade de abertura do ano legislativo no Congresso. Caberá a Barbosa definir o destino de Cunha. Enquanto o ministro não decreta a prisão do parlamentar — e, portanto, não notifica a Câmara sobre a decisão —, ele permanece solto. E o processo de perda de mandato nem sequer será aberto.

Gesto que marca a reação dos petistas condenados é feito por João Paulo Cunha e André Vargas  (Janine Moraes/CB/DA Press e Sergio Lima/Folhapress)
Gesto que marca a reação dos petistas condenados é feito por João Paulo Cunha e André Vargas

João Paulo Cunha passou a segunda-feira na expectativa de ser preso a qualquer momento. Barbosa, porém, não tomou qualquer decisão relativa ao processo do mensalão. Em 6 de janeiro, o ministro havia encerrado a Ação Penal 470 em relação ao petista, mas, no dia seguinte, viajou sem que tivesse decretado a prisão do congressista. Ontem, o ministro participou da cerimônia de abertura do ano no plenário da Câmara e apenas declarou que a prisão não tinha data para sair. Ele passou a maior parte do tempo mexendo no celular, o que foi percebido pelo vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR). O petista usou o próprio celular para se fotografar ao lado de Barbosa, sem que o ministro percebesse. “Tentei, mas não deu para ver o que ele escrevia. Curiosidade não faltou”, admitiu Vargas, que repetiu o gesto com o punho fechado feito por mensaleiros petistas no momento em que foram presos.



Mesmo com a retomada das atividades da Câmara, não há data para ser aberto o processo de cassação contra Cunha. A reunião da Mesa Diretora para esse fim seria hoje, mas foi desmarcada pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). “Não chegou nenhuma comunicação do Supremo, temos que esperar”, disse Alves. André Vargas garante que o último mensaleiro deputado não pretende renunciar. “Por todas as vezes que falei com o João Paulo Cunha, ele está determinado a enfrentar o processo, foi o que ouvi da boca dele”, afirmou
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