- A Polícia Federal suspeita que a Eliland do Brasil e outras "empresas de fachada" foram usadas por mais de 15 anos como "braço oculto" da Argeplan Engenharia -do coronel João Batista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer- para o recebimento de propinas do setor portuário.
A informação consta de relatório da Polícia Federal, no qual pede a prorrogação, por 60 dias, do inquérito que investiga suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o presidente e seus aliados.
Para o delegado Cleyber Malta Lopes, que assina o documento, a estrutura montada para possíveis desvios pode "ter se perpetuado até recentemente ou mesmo os dias atuais".
A Eliland é o braço, no Brasil, de uma offshore aberta no Paraguai, a Eliland S/A. A empresa era gerida por Almir Martins Ferreira, contador da Argeplan, e teria sido montada por "laranjas" escalados pelo coronel e um de seus sócios.
Segundo a PF, dezenas de documentos obtidos pela investigação indicam que a Eliland era usada para escoar parte dos recursos obtidos em serviços concedidos pelo poder público.
O delegado cita suposto contrato firmado pelo grupo Rodrimar, investigado por pagar vantagens ilícitas a Temer, com a empresa. Ele menciona também vínculo comercial da empresa com a JP Tecnolimp. Constituída pelos grupos Júlio Simões e Pioneira, essa companhia fechou contrato de R$ 60 milhões, entre 1998 e 2013, com a Companhia Docas de São Paulo (Codesp) - estatal que administra o Porto de Santos e, historicamente, é comandada por aliados do presidente.
Lopes informa que a Eliland do Brasil "reiteradamente aparece como possível vínculo comercial entre várias outras empresas concessionárias do setor portuário e a Argeplan".
Para ele, há suspeitas de que "foi criada justamente para constar ostensivamente nos contratos com tais empresas, acobertando-se o vínculo da Argeplan e seus sócios com o setor portuário".
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