Gravata e sala privativa deixaram de ser lei em alguns escritórios de advocacia da cidade. Jovens profissionais estão protagonizando rachas em sociedades tradicionais e abrindo as próprias firmas com propostas menos formais do que nos antigos empregos.
"Tem muito a ver com ser jovem. As cisões vêm turbinadas por esse pessoal", resume Guilherme Amaral, 31. Há menos de dois anos, ele e outros 69 advogados saíram da antiga banca, o Felsberg e Associados, e abriram o próprio escritório, na avenida Paulista. O AidarSBZ fica a poucos quarteirões do Felsberg, onde Amaral entrou como estagiário e ficou por dez anos.
As duas empresas atuam em áreas semelhantes do direito, atendendo grandes empresas. Mas, no novo endereço, os sócios criaram horários mais flexíveis, passaram a permitir o "home office" e aboliram a maior parte das salas fechadas para dar lugar a bancadas coletivas, que reúnem tanto estagiários quanto sócios.
Novos advogados
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Guilherme Amaral, 31, uniu-se a 69 advogados para criar novo escritório, que permite "home office"
"Você consegue fazer um trabalho sério sem ser sisudo e sem exigir um monte de regras", conta Amaral numa sexta, antes de participar da happy hour que começaria ali mesmo no escritório, com direito a bingo e cerveja.
A ruptura, diz, foi pacífica. O sócio e fundador de sua antiga firma, Thomas Felsberg, 69, concorda. "Temos valores consolidados e havia advogados com ideias próprias, que não se encaixavam na cultura do escritório."
Na hora de contratar novos profissionais, Amaral aposta na diversidade, "do advogado mais malandro ao CDF". "Tenho cliente que não precisa de inglês. Vou perder o funcionário porque ele não sabe o idioma?", indaga. "Tem escritório que exige até mestrado para alguém subir na carreira."
O advogado Rubens Vidigal Neto, 33, também aderiu às baias coletivas quando montou seu escritório na Consolação, região central, há menos de três anos. "Ninguém precisa bater na minha sala para falar comigo. Dá ideia de pertencimento ao lugar", diz o sócio do Perlman Vidigal, especializado em áreas como mercado de capitais.
Ali, muitas questões são decididas em comitês com integrantes de todas as categorias de advogados, não só sócios. Horários também são mais flexíveis. "Existe uma cultura de se trabalhar até altas horas, mas a gente gosta de curtir a vida em outros aspectos."
A ideia de abrir o próprio empreendimento, diz, foi "financeiramente positiva", mas ele ressalta que a atitude pode ter seus riscos. "Tenho colegas que fizeram movimentos parecidos, mas num momento em que não tinham um histórico profissional sólido. O resultado não foi positivo."
Os advogados não revelam valores, mas a consultora Anna Luiza Boranga, que há mais de 20 anos trabalha na reestruturação de sociedades de advogados, estima que podem girar em torno de R$ 50 mil mensais os ganhos de quem deixa uma banca consolidada
para abrir o próprio escritório
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