terça-feira, 27 de agosto de 2013

ALTA DO DÓLAR VEIO PARA FICAR

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central 
A queda de 3,2% da cotação do dólar na última sexta-feira, quando a moeda recuou para 2,35 reais, deu um pouco de alívio ao stress do mercado de câmbio - mas não o suficiente para que o real parasse de se desvalorizar. Mesmo com o anúncio de um plano de injeção de 100 bilhões de dólares até o final do ano para conter a alta da moeda americana, a cotação voltou a subir para 2,38 reais nesta segunda-feira, dia em que o BC ofertou 497,9 milhões de dólares em leilão de contratos de swap cambial - o equivalente à venda de dólares no mercado futuro.
A decisão da autoridade monetária brasileira em desenhar uma ofensiva para estabilizar o câmbio foi elogiada pelo mercado porque estabelece, ao menos, uma estratégia. Porém, é ponto pacífico entre economistas que tais leilões não conseguirão reverter a tendência de alta ou impedir a oscilação abrupta do câmbio, enquanto as notícias vindas dos Estados Unidos continuarem provocando sobressaltos. "O BC não vai conseguir levar o dólar a 2,20 reais, mas pode tentar evitar que ele chegue em 2,70 reais rapidamente", afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
A moeda brasileira tem se desvalorizado num movimento conjunto com outros países emergentes, que também são penalizados pela saída de capital. Esse fluxo de dólares que derrubou as divisas de países como Brasil, Índia e África do Sul partiu em direção aos EUA, atraído pela possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentar sua taxa básica de juros. Com isso, os títulos do Tesouro americano que são atrelados aos juros se tornam mais atrativos aos investidores estrangeiros. 
Apesar das ações do BC sobre o câmbio, os efeitos são praticamente nulos. E essas ações são uma repetição de uma história de três anos atrás - mas contada ao inverso. A partir do final de 2010, o ministro da Fazenda Guido Mantega foi parar nas manchetes de toda a imprensa internacional ao criticar o Fed por promover uma "guerra cambial". Segundo Mantega, a política de estímulos criada pelo banco central americano, que consiste na compra de títulos de bancos como forma de injetar liquidez na economia, era nociva porque fazia com que esse capital viesse aos países emergentes como forma de investimento especulativo.

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