domingo, 14 de junho de 2015

NOVO CLUBE DO BILHÃO DESBANCA EMPRESAS DO PETROLÃO

Ferrovia Norte/Sul, próximo a cidade de Pena Forte (PE)
Infraestrutura: construtoras médias se armam para disputar espaço com o clube do bilhão(Cristiano Mariz/VEJA)
O petrolão atingiu em cheio a operação das maiores empreiteiras do país, e algumas delas já entraram, inclusive, com pedido de recuperação judicial. Mas há quem encontre na desgraça do clube do bilhão uma oportunidade. Enquanto um bloqueio cautelar impede que 30 empresas envolvidas na Lava Jato prestem serviços para a Petrobras, e processos em curso na Controladoria-Geral da União (CGU) as ameaçam com a inidoneidade, que as proibiria de de trabalhar para a União, construtoras médias se preparam para crescer no vácuo das grandes. O conceito de "construtora média" é impreciso. A reportagem do site de VEJA, contudo, selecionou seis empresas com faturamento anual entre 300 milhões e 2 bilhões de reais que, seja pela saúde financeira, pelo estilo de gestão ou por contarem com alguma expertise no atendimento ao governo, estão aptas a conquistar território rapidamente: Método, Racional, Encalso, Cowan, Aterpa e Hochtief. Elas têm caminho livre para se tornar gigantes - em um novo ambiente, no qual impere a legalidade.
Dificilmente uma construtora de porte médio terá musculatura para fazer frente à Camargo Corrêa ou à Odebrecht no médio prazo. Empresas como as do clube do bilhão não se tornaram grandes do dia para a noite. Quase todas em operação há mais de meio século, elas cresceram também graças a uma janela de oportunidade: surfaram como poucas na onda da construção civil da ditadura militar. Antes de serem tragadas pelo petrolão, passaram décadas ajudando a desenvolver os grotões do país. Mas, diante da possibilidade de se tornarem inidôneas na esteira da Lava Jato, a fila se organiza para substituí-las.
Um dos caminhos para o crescimento é fazer parcerias com empresas estrangeiras, que sempre tiveram na presença das gigantes um obstáculo para entrar no Brasil. Na semana passada, o governo anunciou um novo pacote de investimentos em infraestrutura. Embora parte do plano seja pouco factível, nele também estão previstas obras que já contam com estudos de viabilidade. O mercado se move com cautela, mas empreiteiras estrangeiras fazem as contas e sondam as construtoras médias em busca de parcerias para, talvez, disputar as concessões. O advogado Fernando Villela, sócio da área de infraestrutura do escritório Siqueira Castro, conta que já foi procurado por empresários de fora interessados nos aeroportos que serão privatizados. "Diante da atual conjuntura, as estrangeiras podem, enfim, entrar no Brasil, inclusive adquirindo o capital de construtoras nacionais, sobretudo as médias", avalia.
A Racional Engenharia, fundada em 1971 em São Paulo, se movimenta para não perder o bonde. Newton Simões, um dos sócios da empresa, disse que o diálogo está aberto com empreiteiras nacionais e internacionais para a criação de consórcios. "Duas cabeças pensam melhor. Algumas associações são pontuais, e tudo dependerá das características de cada projeto", diz. A Racional mira empreendimentos nas áreas portuária e aeroportuária. Simões pondera, no entanto, que para o diálogo avançar, o governo precisa explicar as taxas de retorno sobre os investimentos e espantar temores de mudança de regras no meio do processo. A empresa não tem experiência no ramo de infraestrutura, mas se diz pronta para desbravá-lo depois de que executou mais de 500 obras em segmentos que vão da indústria à hotelaria, passando pela construção de shopping centers e edifícios corporativos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário