sábado, 20 de junho de 2015

OPERAÇÃO LAVA JATO FECHA O CERCO CONTRA EMPRESÁRIO

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
A Polícia Federal prendeu ontem os presidentes das maiores empreiteiras do país sob a acusação de participarem de esquemas de desvio de dinheiro da Petrobras. Marcelo Bahia Odebrecht, da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez (AG), foram para cadeia com outras 10 pessoas na 14ª fase da Operação Lava-Jato, apelidada de Erga Omnes, que significa “uma medida vale para tudo”. Todos os investigados são suspeitos de corrupção, fraude em licitação e formação de cartel, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro. Duzentos e vinte policiais cumpriram 59 mandados de prisão, de condução coercitiva e de busca e apreensão em quatro estados.

“A ideia é trazer um recado claro de que a lei vale efetivamente para todos”, afirmou o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Paraná, Igor Romário de Paula. “Não importa o tamanho da sua empresa, seu destaque na sociedade, sua capacidade de influência, seu poder econômico. Isso jamais vai poder ser prerrogativa para permitir a essas pessoas e empresas a praticar crimes de forma impune.”

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima criticou as “tentativas de blindagem” das grandes empreiteiras, que, segundo ele, negam as acusações, mas não fazem investigações internas por estarem “intensamente envolvidas” no esquema de desvios de dinheiro na Petrobras. “O próprio governo diz: ‘Devemos punir os executivos e salvar as empresas’”, lembrou. “O Ministério Público, a PF e a Receita Federal dizem: ‘Devemos punir todos os responsáveis de acordo com sua responsabilidade, seja civil, improbidade e penal’. Devemos punir todos, isso aqui é uma República. A lei deve valer para todos ou não devia valer para ninguém.”

O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro, determinou o bloqueio de R$ 20 milhões nas contas bancárias de 10 dos investigados. A PF prendeu oito pessoas e mais quatro temporariamente, por cinco dias. Todos serão levados a Curitiba. Entre eles, os executivos da Odebrecht Márcio Faria e Rogério Araújo e o diretor Alexandrino Alencar, que viajou com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o exterior em viagem paga pela empreiteira. Rogério Nora de Sá, que foi presidente da AG até 2011, foi chamado a depor coercitivamente.

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