- Rivais na disputa pelo Planalto, Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) provocaram nesta quarta-feira (4) reações antagônicas em uma plateia formada por empresários que se reuniram em Brasília para ouvir as propostas dos pré-candidatos à sucessão de Michel Temer.
Com um discurso superficial, sem detalhar propostas ou aprofundar pensamentos sobre sua possível política econômica, Bolsonaro adotou uma postura mais palatável ao empresariado e foi aplaudido por pelo menos dez vezes durante sua exposição em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Já Ciro Gomes foi vaiado justamente por defender um tema caro aos empregadores: a revisão da reforma trabalhista aprovada pelo Congresso no ano passado.
O ex-governador do Ceará afirmou não ter poder para revogá-la, mas disse que vai retomar a discussão caso seja eleito em outubro. "Meu compromisso com as centrais sindicais é botar esta bola de volta para o meio de campo."
A explanação do pedetista causou mal-estar na plateia, que o vaiou na mesma hora. Reativo como costuma ser, Ciro respondeu: "Pois é, vai ser assim mesmo. Se quiserem presidente fraco, escolham um desses aí que vêm com conversa fiada para vocês."
"Confiança não é simpatia. Confiança é não mentir", completou o pré-candidato do PDT. Ao final do encontro, Ciro pediu desculpas por qualquer "veemência", mas afirmou não ter se sentido agredido com as vaias. E ponderou que também foi aplaudido pela audiência.
No âmbito político, Ciro disse que parte do Congresso é vista como corrupta e atacou Temer ao afirmar que "há um quadrilheiro na Presidência".
Para Bolsonaro, o país ficará "ingovernável" com "este Supremo". "A gente precisa de um presidente que evite que o nosso Supremo Tribunal Federal continue legislando, bem como o Conselho Nacional de Justiça legisla também", afirmou.
O presidenciável do PSL disse ainda que militares comandarão alguns dos 15 ministérios que pretende ter, caso seja eleito em outubro.
"Vou botar alguns generais nos ministérios caso eu chegue lá. Qual o problema? Os [presidentes] anteriores botavam terroristas e corruptos e ninguém falava nada."
Mesmo diante de empresários, Bolsonaro admitiu que não entende de economia. "Quando falei que não entendia de economia, entendi que a grande mídia fosse levar para o lado da humildade."
Em diversos momentos, disse frases como "não quero falar aquilo que não domino com grande propriedade", "tenho muito mais a aprender do que a ensinar" ou afirmou que quem deveria responder algumas questões era o economista Paulo Guedes, que presta consultoria para sua pré-campanha.
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