quinta-feira, 14 de maio de 2015

YOUSSEF ACUSA EDUARDO CUNHA DE RECEBER PROPINA

O doleiro Alberto Youssef depõe na CPI da Petrobras na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR) - 11/05/2015
O doleiro Alberto Youssef depõe na CPI da Petrobras na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR) - 11/05/2015(Vagner Rosario/VEJA)
Em novo depoimento à Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era um dos "destinatários finais" da propina de cerca de 4 milhões de reais em contratos de navios-sonda da Petrobras. Essa é uma das suspeitas que pesam contra Cunha, investigado na Operação Lava Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF).
O doleiro reafirmou nesta quarta-feira sua versão de que Cunha foi o mentor de requerimentos feitos na Câmara para pressionar a empresa Mitsui, que não estaria pagando a propina ao PMDB. A Procuradoria Geral da República fez buscas na Câmara para copiar arquivos digitais que mostram que os documentos de texto usados nos requerimentos têm como registro de autor o nome do deputado.
Youssef disse que foi procurado pelo executivo da Toyo Setal Julio Camargo, que representava a empresa alvo da chantagem, após os requerimentos. "Fui chamado em 2011 pelo Julio Camargo no seu escritório, onde ele se encontrava muito preocupado e me relatou que o Fernando Soares, através do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia pedido alguns requerimentos de informações referentes aos contratos da Mitsui, da Toyo e do próprio Julio Camargo, através de outros deputados", relatou ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância.
"Quando o senhor conversou com Julio Camargo ele falou quem eram os beneficiários das operações? Ou ele só falou no Fernando Soares?", perguntou o magistrado. O doleiro respondeu: "Falou no Fernando Soares e contou a história da pressão que o Eduardo Cunha estava fazendo para que ele pudesse pagar o Fernando Soares, dando entendimento que esse valor fosse também na época para o deputado."
Mais tarde, questionado pelo seu advogado sobre quem seriam os "destinatários finais" desta propina, Youssef reiterou ter ouvido de Camargo que eram "Fernando Soares e Eduardo Cunha". Youssef também confirmou que as propinas eram relativas aos contratos de navios-sonda.
Fernando Baiano, Julio Camargo e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró são réus em processo sobre suposto pagamento de 30 milhões de dólares em propinas na contratação de duas sondas de perfuração para exploração de petróleo. O presidente da Câmara nega qualquer envolvimento no esquema de desvios na Petrobras.
No fim do mês passado, o ex-diretor da área de informática da Câmara Luiz Antonio Souza da Eiradisse em depoimento a procuradores e à Polícia Federal, um dia após ser demitido por Cunha, que a versão inicial do requerimento da auditoria do sistema de informática da Câmara foi gerada com a senha, "pessoal e intransferível", de Cunha. O documento final com requerimento de informações foi apresentado pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha e atual prefeita de Rio Bonito (RJ). Ela disse que não se lembrava os motivos do requerimento.
Nesta quarta-feira, Cerveró e Fernando Baiano preferiram se manter em silêncio diante do juiz Sérgio Moro

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