domingo, 31 de janeiro de 2016

BOM DIA CUBA, BOM DIA HAVANA!


Entre imagens de santos e a mobília antiga do paladar San Cristóbal, garçons circulam com um minúsculo broche, preso à camisa branca, no restaurante que funciona na casa de Carlos Cristóbal Valdés, em Havana. Perto do coração e da gravata borboleta, o pin de lapela estampa uma imagem improvável: bandeirinhas de Cuba e dos Estados Unidos cruzadas, como países amigos e pacificados. Há pouquíssimo tempo, isso seria impensável na terra dos irmãos Fidel e Raul Castro. Os garçons e o restaurante seguramente teriam sido acusados de fazer apologia ao imperialismo. “Os funcionários da embaixada americana nos presentearam”, conta um deles, tranquilamente, após servir malengas, tubérculo típico local. No clima de expectativa, os cubanos se preparam para uma nova Cuba. Um ano após a aproximação bilateral, os Estados Unidos anunciaram, na terça-feira 26, novas medidas para facilitar as exportações e as viagens de americanos à Ilha.
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BANDEIRINHAS AMIGAS 
Gançons do restaurante San Cristóbal usam o pin Cuba-USA, 
presente dos funcionários da embaixada americana em Havana
A ansiedade reluz no rosto sorridente de Alian Alarcon, funcionário do restaurante russo Nazdarovie, no terceiro andar de um velho prédio com vista para o Malecon, a avenida murada de oito quilômetros de extensão construída na orla de Havana. Alian diz que o restaurante soviético, aberto há um ano, teve triplicada a visita de turistas americanos nos últimos meses. “Eles veem pelo México. Os americanos se encantam e dizem: ‘Apenas 90 milhas nos separam, e, o que os cubanos têm de tão ruim assim que os Estados Unidos ainda dificultam tanto a nossa vinda?’” No ambientes desses estabelecimentos conhecidos como paladares – neologismo para definir restaurante em casa, cunhado a partir da novela “Vale Tudo”, da Globo, na qual a personagem de Regina Duarte era dona do restaurante “Paladar” -, é possivel medir o quanto a abertura e o fim do embargo econômico, conhecido pelos cubanos como “el bloqueo” são aguardados em contagem regressiva. Desde que ganhou força em 2010, um dos mais visíveis efeitos do programa de reformas do presidente Raul Castro, que sucedeu o irmão mais velho, em fevereiro de 2008, tem sido a multiplicação dos paladares em Havana - uma concessão do Estado à moradores para explorar suas casas comercialmente e reforçar o orçamento familiar. Os turistas já combinaram com os russos. Agora falta combinar com o Congresso americano. Na semana passada, os EUA deram a largada ao processo de liberação de viagens para a pátria do socialismo nas Américas

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