quarta-feira, 3 de abril de 2019

BOLSONARO ERRA VÁRIAS VEZES NA ENTREVISTA À RECORD.


Na terça-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) concedeu entrevista à TV Record e criticou a metodologia de cálculo de desemprego adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na última sexta-feira (29), o órgão publicou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua Mensal e mostrou que, no último trimestre móvel, foi registrado um crescimento na taxa de desemprego do Brasil. A Lupa avaliou as declarações de Bolsonaro sobre o tema. Confira abaixo:
“[Na taxa de desocupação] Leva-se em conta quem está procurando emprego. Só quem está procurando. Quem não procura emprego não é tido como desempregado”
Presidente Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista ao Jornal da Record, em 1º de abril de 2019

VERDADEIRO, MAS

O conceito usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para falar de desemprego é o mesmo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e difere do senso comum. Geralmente, trata-se como “desempregado” todos aqueles que não têm emprego. No universo das pesquisas desse setor, no entanto, há sutilezas e termos específicos que precisam ser explicados.
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, que é realizada pelo IBGE, os desempregados são chamados de desocupados. Nesse grupo, estão as pessoas que não tiveram nenhum tipo de trabalho remunerado na semana de referência – ou seja, aquela em que a pesquisa foi feita -, mas que procuraram emprego nos 30 dias anteriores a ela. Também se enquadram nessa categoria aqueles que não estavam trabalhando no período, mas que certamente começariam a trabalhar após a realização da entrevista promovida pelo pesquisador.
Assim sendo, de fato, aos olhos do IBGE, quem não procura emprego não é considerado desempregado (nem desocupado). Esse indivíduo é classificado pelo instituto como desalentado.
Desalentado é, portanto, aquele que não têm emprego nem sequer buscou uma colocação no mês anterior à pesquisa, apesar de estar disponível para trabalhar.
Mas, ao contrário do que sugeriu o presidente na entrevista concedida à Record, o número de desalentados – em suas palavras, “Quem não procura emprego” – não interfere na taxa de desocupação do Brasil.
A taxa, também produzida pelo IBGE, é calculada levando em conta a força de trabalho, e ela, por sua vez, só considera as pessoas ocupadas e desocupadas. Exclui, por completo, o grupo dos desalentados.
Os desalentados entram na chamada força de trabalho potencial, junto com aqueles que buscaram emprego, mas não estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência da pesquisa

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