terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A CRISE POLÍTICA TIRA FÉRIA EM JANEIRO

ATORES A presidente, Dilma Rousseff, o vice, Michel Temer, o senador Aécio Neves, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o do Senado, Renan Calheiros (em sentido horário). A crise fará uma parada – mas só nas aparências (Foto: Ernesto Rodrigues/Folhapress, Charles Sholl/Futura Press, Eraldo Peres/AP, Mario Tama/Getty Images e Sergio Moraes/Reuters)
>> Reportagem publicada na edição 916 de ÉPOCA (28 de dezembro de 2015)
Na noite de segunda-feira, dia 21 de dezembro, a presidente Dilma Rousseff ofereceu no Palácio da Alvorada um coquetel de final de ano para ministros, auxiliares mais próximos e um restrito grupo de aliados no Congresso. Numa clássica blusa de renda preta, acompanhada de colar de pérolas, Dilma circulou com o semblante aliviado. Permitiu-se inclusive uma piada inusual com o líder do PT na Câmara, Sibá Machado, a quem chamou de “crítico de arte”, depois que o petista lhe presenteou com um quadro da artista plástica mineira Gri Alves.
>> Pela volta da confiança

O jeito mais leve que Dilma tem mostrado nos últimos dias é de quem acredita que a ameaça do impeachment, pelo menos por ora, não pesa tanto sobre seus ombros. A presidente acredita, assim como os principais assessores no Palácio do Planalto, que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que fez retroagir a denúncia por crime de responsabilidade que corre na Câmara, enfraqueceu o processo de afastamento. “Eu mesmo acho que terminamos o ano melhor do que prevíamos”, diz um dos ministros mais próximos de Dilma.
crise política terá uma pausa forçada e desejada em janeiro – não por obra de algum talento ou melhora súbita na situação, mas devido à inércia da obrigação legal do recesso parlamentar e da vontade de ambos os lados, governo e oposição, de interromper a disputa. Será apenas uma parada técnica. As articulações só deixarão de ocorrer no palco central, em Brasília, e acontecerão em outros palcos – ou coxias – espalhados por todos os Estados. Em encontros longe dos refletores, com o país em “pause”, governo e oposição se armarão para o que virá em fevereiro.

Nesse cenário, Dilma abdicou da temporada na praia e fará apenas uma pequena pausa para passar as festas de fim de ano com a família, em Porto Alegre. Dilma crê que terá condições de esboçar alguma reação em janeiro para começar a tirar sua administração das cordas. O entorno de Dilma não quer desperdiçar a trégua. Sem dinheiro, sem a oposição do Congresso e sem o Judiciário para tornar operacional a Lava Jato, o Planalto espera colocar em ação em janeiro o que mais gosta de fazer: uma ofensiva midiática para tentar reverter a péssima imagem do segundo mandato de Dilma entre os brasileiros. A massa de propaganda tentará vender a mensagem de que a administração não está totalmente paralisada. O Planalto acredita que, ao falar sozinho, conseguirá reduzir um pouco seu sufoco. 

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