segunda-feira, 9 de junho de 2014

EMPRESTIMO CONSIGNADO COMPROMETE A VIDA DO SERVIDOR



Fernando Fernandes diz que não fecha as contas sem recorrer a empréstimos. Meta é garantir padrão de vida (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Fernando Fernandes diz que não fecha as contas sem recorrer a empréstimos. Meta é garantir padrão de vida


Nem os reis da estabilidade escapam do perrengue. Os servidores públicos, com salário garantido todo mês, nunca dependeram tanto dos empréstimos consignados — aqueles descontados diretamente no contracheque — para arcar com os compromissos financeiros. O saldo devedor dessas dívidas está em R$ 143,1 bilhões, recorde registrado pelo Banco Central. O montante supera em quase oito vezes o total de recursos destinados aos trabalhadores da iniciativa privada.

A dívida dos servidores com os bancos tem aumentado numa velocidade bem maior do que a de quem não trabalha para o Estado: no último ano, cresceu quase o dobro. Com mais crédito disponível, os funcionários públicos têm demorado mais para quitar os débitos. Em média, o tempo de endividamento chega a cinco anos e meio (67,2 meses) — o maior da história, também de acordo com o BC —, contra três anos e meio (42,5 meses) dos consignados do setor privado.

A busca dos servidores por crédito para pagar as contas, analisa o consultor Alexandre Ayres, sócio da Neocom Informação Aplicada, é o clássico exemplo da crise pelo endividamento. “Entre essas pessoas, há muita gente considerada rica, mas que acabou comprometendo até 90% da renda com financiamentos”, conta. Com a disparada dos juros, quem se curvou aos consignados agora se vê atordoado. “Pode até ter estabilidade, mas não há mais sobra de dinheiro”, acrescenta. Ele ressalta ainda que, além dos empréstimos com desconto em folha, os funcionários públicos têm pesadas dívidas no cartão de crédito, no cheque especial, com carros e a casa própria.

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