Sergio Moro é um estudioso e admirador da Operação Mãos Limpas, a gigantesca faxina contra a corrupção realizada na Itália na década de 90, que começou investigando um bagre miúdo com 4 000 dólares de propina no bolso e terminou capturando 1 300 empresários e parlamentares. Em 2004, Moro publicou cinco páginas numa revista jurídica analisando a operação italiana. Hoje, o texto circula na rede. Sob o título "Considerações sobre a Operação Mani Pulite", Moro descreve o que, em sua opinião, explica o estrondoso sucesso da ação italiana. É a criteriosa e sistemática aplicação de uma estratégia em três pilares: prisão, delação, divulgação.
Mesmo antes da condenação, a prisão dos corruptos - explica Moro - é fundamental para marcar a "seriedade do crime" e mostrar que, até "em sistemas judiciais morosos", a Justiça pode funcionar. A delação, por sua vez, é a única forma de chegar aos mandantes de uma organização criminosa. Moro cita o raciocínio de um dos investigadores italianos: "A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Se eles se calarem, não vamos descobrir jamais". A divulgação, última perna do tripé, é uma forma de garantir o apoio da opinião pública às investigações. Os italianos, escreveu Moro, fizeram "largo uso da imprensa" com esse fim. Sintetizando sua análise, Moro afirma que o tripé criou um "círculo virtuoso" na Itália: "As prisões, confissões e a publicidade conferida às informações obtidas geraram um círculo virtuoso, consistindo na única explicação possível para a magnitude dos resultados obtidos pela Operação Mani Pulite"
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