quinta-feira, 18 de julho de 2013

P.M.D.B. QUER ACABAR COM 14 MINISTÉRIOS,


O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recomenda à presidente Dilma Rousseff que faça já uma reforma ministerial e reduza de 39 para 25 o número de pastas.
Em entrevista à Folha e ao UOL, o deputado peemedebista, que ocupa o terceiro posto na hierarquia da República, sugere também à presidente da República que estabeleça uma agenda de mais conversas com os congressistas e aliados. Cita as reuniões do conselho político (presidentes e líderes partidários) que ocorriam durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. "Há quanto tempo não se reúne o conselho político? Eu não me lembro a última vez".


Henrique Alves acha que reforma ministerial deve ser formatada no início de agosto, quando deputados e senadores voltam ao trabalho. A nomeação de fato dos novos nomes ficaria para setembro. Quantas deveriam ser as pastas? "Acho que com a vontade enxugar a máquina, de fazê-la mais objetiva, em torno de 25 ministérios seria do tamanho do Brasil". Ou seja, um corte de 14 nos 39 existentes na Esplanada.
Há duas lógicas por trás da formulação proposta por Henrique Alves. Uma delas é política. Dilma Rousseff até agora apenas repassou ao Congresso demandas que ela diz ter interpretado a partir dos protestos de rua ocorridos no país em junho.
Agora, ao recomendar o corte de ministros e uma nova equipe para o governo, o PMDB repassa a bola para o Palácio do Planalto. "Há um consenso hoje na questão do número exagerado de ministérios", diz Henrique Alves. Ele afirma que "os partidos da base deveriam dar essa colaboração, delegando à presidente Dilma ampla liberdade de recompor o seu ministério" e para "reduzir esse ministério sem nenhuma nova imposição partidária, não indicar esse ou aquele".
E o PMDB? "Nós estamos dispostos a oferecer porque nós queremos encontrar uma saída. Não pode ficar esse impasse, adiando, achando que as coisas estão caminhando como não estão. Nós queremos um Brasil mais ágil. Que a presidente dê respostas novas. As movimentações [de rua] cessaram um pouco, mas está latente ainda a insatisfação".
Se Dilma cortar parte de seus 39 ministérios, "daria uma resposta ao que o país quer: redução de quadros, mudança, portanto, de ordenamento político-administrativo". Henrique Alves faz essas observações com cuidado, sempre de maneira a não dar a entender que esteja se intrometendo nas atribuições presidenciais. Mas ao falar em público sobre esse tema, coloca o Palácio do Planalto numa sinuca política, pois Dilma Rousseff terá de dar alguma satisfação ao partido que é o principal aliado de seu governo no Congresso.
Há também uma lógica menos política e mais operacional na proposta do PMDB para Dilma Rousseff. "Vem aí a desincompatibilização dos ministérios no próximo ano. Aqueles que são candidatos -me parecem que de 12 a 15 ministros- poderão sair", diz Henrique Alves. Ele se refere aos ministros que pretendem concorrer a algum cargo na eleição de outubro de 2014 e precisam deixar suas funções, como manda a lei, com pelo menos seis meses de antecedência.
Eis o raciocínio de Henrique Alves: "Eu acho que poderia ser antecipada essa desincompatibilização. Ministros deixariam o cargo em fevereiro ou março. O que acontece? Quando os novos assumem já chegam e encontram o orçamento e as prioridades definidas pelo ex-ministro. Vai apenas cumprir tabela, fazer aquilo que o outro deixou arrumado para ele fazer. Não consegue inovar, oxigenar, trazer ideia nova".
O presidente da Câmara diz expressar essas opiniões porque são majoritárias no PMDB e têm a concordância também do vice-presidente da República, Michel Temer. Para Henrique Alves, "está faltando boa política" no governo. E faz uma advertência: "Não há uma boa gestão sem uma boa política. A boa política antecede uma boa gestão".
Henrique Alves afirma que o PMDB vai ficar com o PT na campanha de reeleição de Dilma, em 2014. E diz confiar na recuperação da popularidade da presidente até o final deste ano. Mas condiciona essa previsão a um rearranjo no ministério e mudança na articulação política.
"É lógico, é isso", diz ele. E se Dilma não seguir essas recomendações? "Aí corre um risco grande o sucesso do seu governo". E acrescenta uma ressalva: "Mas quem conviveu, como ela, com o presidente Lula, sabe exatamente o que é necessário fazer na hora da bonança e na hora das crises. Agora, na hora da crise, ela saberá conduzir. Queremos que ela ouça mais a classe política. Tenha uma maior interação.
O presidente da Câmara diz ser necessário "ajudar o Brasil a reencontrar esse caminho que as ruas estão reclamando". Eximir-se desse processo pode ter consequências nas eleições de 2014. "Nós temos que estar muito abertos a esse reclamo para que a gente mude também e não sejamos mudados".

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