sábado, 8 de dezembro de 2018

HAVAN OS SIMBOLO DO PRÓXIMO GOVERNO.


Santa Catarina está cravejada de Havans. Se você for de Balneário Camboriú a Florianópolis, que dista uns 70 km, encontrará quatro ou cinco dessas lojas pelo caminho. A Havan se tornou uma espécie de símbolo modular do projeto econômico encabeçado por Paulo Guedes e seu poste. Economicamente, Hang é o modelo de tudo que há de melhor: é empreendedor, politicamente engajado, gera empregos e cumpre a missão magna da meritocracia como o pobre que ficou rico por esforço.
Para quem compartilha da perspectiva neoliberal, a abissal diferença econômica entre Hang e um de seus tantos soldados rasos é, não só aceitável, mas também louvável. A brutal diferença econômica é amenizada com a exaltação da virtude empreendedora de Hang, que se torna misericordioso no plano social porque gera empregos.
Assim é que a liberdade plena de atuação no mercado, como princípio reitor do projeto político de Bolsonaro, passará a estar, mais do que nunca, legitimada. Esse regime de tolerância em relação às diferenças de capital econômico – cada vez mais progressivas –, se estende para outros capitais simbólicos associados como o social e o cultural, como preceitua Pierre Bourdieu no livro “A Distinção”.  

No entanto, esse regime de tolerância com a diferença econômica não encontra paralelo quando se trata de diferenças de ordem subjetiva, como é o caso das diferenças de gênero. Nesse terreno pantanoso para o medo dos conservadores, tudo que escapa à lógica binária tende a receber olhares enviesados e narizes tortos. Não se trata de deixar de reconhecer as capacidades de Hang, mas simplesmente de apontar a contradição do discurso eleito no que tange o tratamento da liberdade entre a dimensão econômica e aquelas ligadas à subjetividade.

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