terça-feira, 2 de maio de 2017

GOVERNO VAI EXONERAR AFILHADOS POLÍTICOS DE TRAIDORES

AFP / EVARISTO SA


Cerca de 40 deputados — mais de 10% da base de apoio do presidente Michel Temer — vão começar a perder os cargos que comandam a partir de hoje por infidelidade política ao Planalto. As exonerações serão publicadas no Diário Oficial da União e servirão como um alerta para os aliados no debate da reforma da Previdência, a mais dura batalha que o governo terá pela frente. “Não estamos falando de perseguição ou revanchismo. Mas os deputados não podem deixar de votar em um projeto só porque ele é impopular”, afirmou um dos vice-líderes do PMDB, Lúcio Vieira Lima (BA).

Lúcio defende a estratégia, lembrando que esta não é a única ferramenta que o governo tem usado para buscar assegurar o votos dos parlamentares. “O presidente tem feito reuniões constantes com os líderes, apresentado as propostas, alterado pontos para atender as reivindicações dos deputados. Não é simplesmente toma lá, dá cá”, defendeu ele, acrescentando que, no ano passado, o governo do PT foi fisiologista ao nomear cargos para evitar o impeachment. “Não se trata disso neste momento. Trata-se de governar o país, o que só é possível com uma base parlamentar. Culpa de nosso sistema político”, criticou ele.

A estratégia de degola foi definida na quinta-feira passada, após reunião no Palácio do Planalto entre os ministros da articulação política e líderes de partidos aliados. “Essa pressão veio dos próprios deputados. Tem gente se questionando por que, mesmo sem ter qualquer apadrinhado na máquina federal, tem se exposto perante a opinião pública, enquanto parlamentares com cargos votam contra o governo nos projetos desgastantes”, disse um dos participantes da reunião.

O governo tem tido dificuldades em aprovar medidas de interesse. Mesmo com as ameaças de retaliação feitas na semana passada, o governo obteve 296 votos para aprovar a reforma trabalhista na Câmara. O escrutínio foi suficiente para a aprovação do texto, mas ainda abaixo dos 308 votos necessários para aprovar uma emenda constitucional — caso das mudanças propostas para a Previdência.

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