terça-feira, 30 de junho de 2015

BARBOSA CRITICA INVESTIDA DE DILMA CONTRA DELAÇÃO NA LAVA JATO

Joaquim Barbosa preside nesta terça-feira (01) sua última sessão do Supremo Tribunal Federal. A aposentadoria do ministro está prevista para este mês
Joaquim Barbosa em sua última sessão no Supremo Tribunal Federal()
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa comentou na madrugada desta terça-feira as declarações da presidente Dilma Rousseff, em Washington, sobre o depoimento demolidor do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, segundo quem a campanha da petista foi abastecida com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. Barbosa afirma que nunca viu um chefe de estado tão mal assessorado como Dilma - e lembra a presidente que "zelar pelo respeito e cumprimento das leis do país é uma das mais importantes missões constitucionais de um presidente da República".
Questionada sobre as declarações de Pessoa, trazidas à luz , Dilma proferiu a seguinte declaração: "Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora". Depois, a presidente recorreu aos livros de História. "Há um personagem que a gente não gosta, porque as professoras nos ensinam a não gostar dele. E ele se chama Joaquim Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator", afirmou, mencionando o homem que traiu os inconfidentes em Minas Gerais.
"A assessoria da presidente deveria ter-lhe informado o significado da expressão 'law enforcement': cumprimento e aplicação rigorosa das leis", escreveu o ex-ministro.
Barbosa classificou a resposta da presidente como uma tentativa de "'investir politicamente' contra as leis vigentes, minando-lhes as bases". "Caberia à assessoria informar a presidente que: atentar contra o bom funcionamento do Poder Judiciário é crime de responsabilidade!", afirmou o ex-presidente do STF, que encerra: "Reflitamos coletivamente: vocês estão vendo o estrago que a promiscuidade entre dinheiro de empresas e a política provoca nas instituições?". "Esqueci de dizer: 'colaboração' ou 'delação' premiada é um instituto penal-processual previsto em lei no Brasil! Lei!!!".

LOBISTA LIGADO A DIRCEU FAZ ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA

José Dirceu e Milton Pascowitch
José Dirceu e Milton Pascowitch)
O empresário Milton Pascowitch, preso em maio na 13ª fase da Operação Lava Jato da Polícia Federal, celebrou acordo de delação premiada e prometeu contar às autoridades o que sabe sobre o escândalo do petrolão. Pascowitch é ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no julgamento do mensalão e também investigado em um inquérito sobre o esquema de corrupção que envolve a Petrobras, que pode ter movimentado mais de 6 bilhões de reais. Sua delação, já homologada pelo juiz Sergio Moro, pode contribuir para que a força-tarefa consiga novos indícios da participação do ex-homem forte do governo Lula no propinoduto que sangrou os cofres da estatal.
Milton Pascowitch é o 18º delator da Lava Jato. Além de dar informações sobre o possível envolvimento de Dirceu com o esquema, as revelações do lobista podem abrir e reforçar novas linhas de investigação, principalmente sobre o bilionário mercado de exploração do pré-sal. Em depoimento, o ex-vice-presidente da construtora Engevix, Gerson Almada, disse ter pago até 0,9% para Pascowitch por contratos de sondas de exploração de petróleo da Petrobras com a empresa Sete Brasil.
Pascowitch foi preso no final de maio pela Polícia Federal. Com a delação, ele foi autorizado a cumprir prisão domiciliar com o uso de uma tornozeleira eletrônica. O empresário pagou parte da sede da JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu, apontada pelos investigadores do petrolão como um dos possíveis propinodutos para lavar dinheiro desviado da Petrobras. A empresa Jamp Engenheiros Associados, de propriedade do empresário, desembolsou 400.000 reais dos 1,6 milhão de reais utilizados na aquisição do imóvel que sediava a JD, em São Paulo. Mais: uma empresa de Milton Pascowitch também comprou um imóvel em nome de Camila, filha de Dirceu, no bairro da Saúde, na capital paulista.

DELATORES DA LAVA JATO DEPÕEM NA POLÍCIA FEDERAL

Dois delatores do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato devem prestar depoimento hoje (30) à Justiça Federal em Curitiba. O consultor Júlio Camargo, que prestou serviços à empresa Toyo Setal, e o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco vão responder aos questionamentos do juiz federal Sérgio Moro na condição de testemunhas de acusação, por terem assinado acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
A audiência está prevista para começar às 15h. Os depoimentos fazem parte da ação penal que envolve o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.

SENADO DISCUTE PRÉ SAL E REFORMA POLÍTICA

O Senado promove hoje (30) sessão temática para discutir os projetos que mudam as regras sobre a participação da Petrobras na exploração do pré-sal. Os dois projetos de lei do senador José Serra (PSDB-SP) fazem alterações no modelo de operador único, adotado no novo marco regulatório do pré-sal, e na participação mínima do governo no modelo de partilha. Eles estão prontos para votação, em regime de urgência, no plenário, mas a apreciação foi adiada para que os senadores pudessem discutir o assunto com especialistas.
Para a sessão temática de hoje foram convidados o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Haroldo Lima, o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Jorge Marques de Toledo Camargo, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, e o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
O debate está marcado para as 11h e deve se estender até o início da sessão deliberativa ordinária, marcada para as 14h. A partir daí, os senadores devem se dedicar à análise de três medidas provisórias que trancam a pauta da Casa, uma delas corrige a tabela do Imposto de Renda. Há ainda a possibilidade de que seja votado o projeto de lei que trata das desonerações sobre a folha de pagamento das empresas

MOBILIZAÇÃO CONTRA A APROVAÇÃO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Às vésperas da votação sobre a redução da maioridade penal, marcada para esta terça-feira (30/6), na Câmara dos Deputados, entidades contrárias à medida se mobilizam para evitar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 171/1993. Pesquisa realizada a pedido do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) divulgada ontem mostra que cerca de 3.749 jovens entre 16 e 17 anos foram vítimas de homicídio em 2013, o equivalente a 46% das mortes nessa faixa etária. Essa é justamente a população que será afetada se a PEC for aprovada. O objetivo do estudo, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência, apresentado ontem no Congresso, é chamar atenção para a vulnerabilidade desses adolescentes e evitar a mudança constitucional.

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“Queremos que os deputados votem com dados precisos”, afirma Waiselfisz, que defende uma polícia nacional integrada de enfrentamento à violência entre União, estados e municípios. Segundo o Mapa da Violência 2015: adolescentes de 16 a 17 anos, as principais vítimas são do sexo masculino, negras e com baixa escolaridade. Na comparação com 85 países, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de homicídios entre 15 e 19 anos, atrás apenas de México e El Salvador. O estudo usou dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, a taxa de homicídios entre 16 e 17 anos ficou em 54,1 a cada 100 mil habitantes em 2013. Os números variam consideravelmente entre as unidades da Federação, indo de 147 em Alagoas a 13,8 em Tocantins, o que ainda é considera elevado por ultrapassar o patamar epidêmico de 10 homicídios por 100 mil pessoas. O Distrito Federal ocupa o quarto lugar no ranking, com uma taxa de 83,3. De modo geral, houve uma melhora nos índices do Sudeste e uma piora no Nordeste entre 2003 e 2013. Waiselfisz atribui a diferença a ações em estados como São Paulo, por exemplo, onde foi instalado um sistema de análise de estatísticas criminais para identificar locais perigosos. “Concomitantemente, a criminalidade mudou para outras áreas que não estavam preparadas para enfrentar a violência”, explica o sociólogo.
Segundo a presidente do Conanda, Angélica Goulart, é preciso que o debate sobre a redução da maioridade penal seja baseado em dados sobre a realidade dos jovens e que se desfaça o mito da impunidade de adolescentes infratores. A entidade é contra a PEC e contra alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê punição de até 3 anos para menores de 18 anos envolvidos com crimes. “A gente não quer um retrocesso de direitos em cima do que já está pautado com a lei que regula todo o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase)”, afirma.
O Conanda trabalha com o Conselho da Juventude (Conjuve) e de o Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) em ações diversas contra a redução da maioridade, incluindo debates e um trabalho de convencimento com parlamentares. A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) também estão mobilizadas. A programação desta semana inclui festival de música e vigília em frente ao Congresso. Hoje, uma marcha sairá do Museu da República. A concentração começa às 9h, e a estimativa é reunir 10 mil pessoas

GOVERNADOR DO PARANÁ VAI SER PROCESSADO POR AÇÃO POLICIAL


APPSindicato/Divulgação - 28/4/15

O Ministério Público do Paraná anunciou ontem que abrirá ação civil pública contra o governador do estado, Beto Richa, por improbidade administrativa, em razão da atuação da Polícia Militar durante as manifestações de 29 de abril, em Curitiba, quando mais de 200 pessoas ficaram feridas. O MP também incluiu no processo o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que à época estava à frente da Secretaria de Segurança Pública. Ainda são citados o ex-comandante da Polícia Militar César Vinícius Kogut, o ex-subcomandante da PM Nerino Mariano de Brito, o coronel Arildo Luís Dias e o tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira.

Na tarde de 28 de abril, servidores públicos, estudantes e professores se manifestavam nos arredores da Assembleia Legislativa contra a votação de um projeto de lei que alterava o regime de previdência. A PM foi acionada para dispersar a manifestação e, de acordo com o procurador de Justiça Eliezer Gomes da Silva, agiu de maneira “amplamente desproporcional” a alguma eventual ameaça.
“Foram feitos mais de 2 mil disparos com balas de borracha, e foram usadas mais de mil bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral”, contou o procurador, com base em investigação que durou dois meses e ouviu 614 pessoas, entre vítimas, testemunhas e militares. Os procuradores ainda analisaram 4.114 arquivos de fotos e vídeos encaminhados ao Ministério Público. “As bombas, em grande parte, não foram lançadas ao redor dos manifestantes, mas por sobre eles”, disse o procurador. Isso provocou “ferimentos e queimaduras sérias”, segundo ele. “Os laudos mostram vários ferimentos nos órgãos superiores, na testa, nos olhos, no pescoço, no tórax. Isso revela a dimensão da ofensiva policial”, disse Gomes da Silva. “Professores com mais de 30 anos de magistério nunca tinham passado por situação sequer aproximada”, disse. As declarações foram feitas durante entrevista coletiva na tarde de ontem, quando o procurador anunciou a abertura de processo contra as autoridades

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domingo, 28 de junho de 2015

O OCASO DE UM POPULISTA

Num encontro recente com os principais chefes do PMDB, o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, novo líder da oposição ao governo petista de Dilma Rousseff, comparou a presidente a uma adolescente mimada. Na analogia, Lula se apresenta no papel de pai preocupado. O petista, como é de seu hábito, sempre aparece nesse tipo de metáfora como figura sensata, arguta, sábia. Desempenha a função do pai – do bom pai. “Ela (Dilma) faz bobagem, você senta para conversar e dizer por que aquilo foi errado. Ela concorda, claro”, disse Lula. “Mas não demora, logo no dia seguinte, ela vem e faz tudo de novo. Te chamam na delegacia para buscar a filha pelo mesmo motivo.” Todos eram homens, e riram. A culpa pelas desgraças do país não é da Geni. É de Dilma.

A historinha de Lula, compartilhada num momento de intimidade política, revela quanto Lula tem, de fato, de argúcia – e quanto Dilma tem de impopularidade. Conforme a aprovação da presidente aproxima-se do chão (10%), como mostrou o Datafolha na semana passada, mais à vontade ficam os políticos para fazer troça da petista. Até ministros próximos de Dilma, que conseguem trabalhar há anos com ela, apesar das broncas mal-educadas que recebem cotidianamente, não escondem mais o desapreço pela presidente. “A Dilma conseguiu implodir as relações com os movimentos sociais, com o Congresso e com o PIB”, diz um desses ministros, que é do PT. “O segundo governo acabou antes de começar. Estamos administrando o fracasso e os problemas do primeiro mandato. Resta apenas o ajuste fiscal para o país não quebrar.

PROPINAS PARA CAMPANHAS ELEITORAIS TINHA CODINOME "TULIPA"

Lula durante campanha para reeleição em 2006 na cidade de São Bernardo do Campo (SP)
Lula durante campanha para reeleição em 2006 na cidade de São Bernardo do Campo (SP)(Leslie Mazoch/AP)
Em 2006, Lula conquistou um novo mandato ao derrotar, em segundo turno, o tucano Geraldo Alckmin. Com a vitória, ele adotou como prática zombar dos efeitos eleitorais do mensalão, descoberto um ano antes e até então o maior esquema de corrupção política da história do país. As denúncias de compra de apoio parlamentar, dizia o líder petista, não haviam sido capazes de conter o projeto de poder do partido. Também pudera. Sem que ninguém soubesse, na campanha à reeleição, Lula contou com a ajuda do petrolão e recebeu uma bolada desviada dos cofres da Petrobras. Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, a UTC contribuiu com 2,4 milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje trabalha como secretário de Saúde da cidade de São Paulo. Para viabilizar a entrega do dinheiro e manter a ilegalidade em segredo, o empreiteiro amigo de Lula e o tesoureiro do presidente-can­didato montaram uma operação clandestina digna dos enredos rocambolescos de filmes sobre a máfia.
Pessoa contou aos procuradores que ele, o executivo da UTC Walmir Pinheiro e um emissário da confiança de ambos levavam pessoalmente os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha presidencial de Lula. Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local, a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário. Ao chegar com a grana, Pessoa dizia "tulipa". Se ele ouvia como resposta a palavra "caneco", seguia até a sala de Fi­lip­pi Júnior. A escolha da senha e da contrassenha foi feita por Pessoa com emissários do tesoureiro da campanha de Lula numa choperia da Zona Sul de São Paulo. Antes de chegar ao comitê eleitoral, a verba desviada da Petrobras percorria um longo caminho. Os valores saíam de uma conta na Suíça do consórcio Quip, formado pelas empresas UTC, Iesa, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que mantém contratos milionários com a Petrobras para a construção das plataformas P-53, P-55 e P-63. Em nome do consórcio, a empresa suíça Quadrix enviava o dinheiro ao Brasil. A Quadrix também transferiu milhares de dólares para contas de operadores ligados ao PT.
Pessoa entregou aos investigadores as planilhas com todas as movimentações realizadas na Suíça. Os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presidente Lula foi beneficiado diretamente pelo petrolão. Até agora, as autoridades tinham informações sobre as relações lucrativas do petista com grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas nada comparável ao testemunho e aos dados apresentados pelo dono da UTC. Depois de deixar o governo, Lula foi contratado como palestrante por grandes empresas brasileiras. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que ele recebeu cerca de 3,5 milhões de reais da Camargo Corrêa. Parte desse dinheiro foi contabilizada pela construtora como "doações" e "bônus eleitorais" pagos ao Instituto Lula. Conforme revelado por VEJA, a OAS também fez uma série de favores pessoais ao ex-presidente, incluindo a reforma e a construção de imóveis usados pela família dele. UTC, Camargo Corrêa e OAS estão juntas nessa parceria. De diferente entre elas, só as variações dos apelidos, das senhas e das contrassenhas. "Brahma", "tulipa" e "caneco", porém, convergem para um mesmo ponto

GOVERNO DILMA NA MIRA DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Dilma Rousseff
Vinte dias para convencer o TCU
Se a votação no TCU das pedaladas de Dilma Rousseff fosse hoje, o governo perdia.
Como ainda faltam vinte dias, a história pode, claro, mudar. Mas o clima é ruim. O governo já detectou o mau humor.

DILMA VAI AOS ESTADOS UNIDOS E TENTA SE REINVENTAR

AFP PHOTO/EVARISTO SA


A presidente Dilma Rousseff desembarcou ontem com uma comitiva de ministros nos Estados Unidos, onde ficará até quarta-feira, em busca de investimentos que ajudem o Brasil a contornar a crise econômica, acentuada desde o fim das eleições do ano passado. O encontro com o presidente Barack Obama também pretende retomar o diálogo entre os países, depois de Dilma cancelar viagem à terra de Tio Sam em 2013, por causa de denúncias de que os EUA estavam espionado autoridades e estatais brasileiras. Entretanto, mais do que criar oportunidades de negócios, a presidente terá que se explicar. Diferentemente de 2013, quando os números jogavam a favor do Brasil, agora, ela precisa convencer os americanos de que, apesar da crise, vale a pena apostar no país. Para complicar, além de justificar a alta inflação, desemprego baixo e rejeição recorde, Dilma terá o desafio de esclarecer as denúncias de caixa dois em sua campanha feitas por um dos delatores da Operação Lava-Jato, que investiga corrupção na Petrobras.

Em delação premiada à Procuradoria-Geral da República — homologada na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, detalhou que repassou R$ 7,5 milhões à campanha de reeleição de Dilma Rousseff. Na lista do empreiteiro, constam ainda doações à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e a políticos, como os senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Não bastassem os escândalos, a rejeição ao governo Dilma deu um salto, de 22%, em agosto de 2013, para 65% este mês, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada há duas semanas.

Indicadores
Se, no cenário político, Dilma, enfrenta situação delicada, o panorama econômico está longe de ser animador. Em outubro de 2013, quando a petista decidiu adiar a visita aos EUA, o Brasil tinha taxa de desemprego de 5,2%, contra 6,7% anunciados na quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação estava sob controle. Em outubro de 2013, o acumulado de 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado uma prévia da inflação oficial, era de 5,84%. O mesmo índice já alcançou 8,47% em maio, acima do teto da meta para 2015, de 6,5%

POLICIA FEDERAL APURA PAGAMENTO DE PROPINA A POLÍTICOS

Marcos Oliveira/Agência Senado


Curitiba — A empreiteira Camargo Corrêa repassou, sem explicação, R$ 3,51 milhões à empresa de um consultor ligado ao senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), a Globalbank Assessoria. Ao todo, firmas controladas por Pedro Paulo Leoni Ramos, o “PP”, repassaram R$ 2,9 milhões para a contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Bonfim Poza, que emitiu notas frias para justificar o fluxo do dinheiro. Dos valores recebidos por Meire, um deles chegou às mãos dela dois dias depois de a Camargo Corrêa ter pago a segunda parcela para a empresa de “PP”.

Laudo contábil da Polícia Federal identificou R$ 154 milhões pagos pela empreiteira a mais de 40 pessoas jurídicas a título de consultoria. Entre os destinatários do dinheiro, estão a empresa de palestras e o instituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e as firmas de consultoria do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Os pagamentos à consultoria de Pedro Paulo Leoni foram feitos em duas parcelas. De acordo com a Polícia Federal, a primeira foi paga em 2009. A segunda, em 17 de dezembro de 2012, no valor de R$ 1,75 milhão. Dois dias depois, Meire emitiu uma nota fria da Arbor Contábil para a Globalbank, forjando tratar-se de “serviços de assessoria e consultoria”. Em contrapartida, ela recebeu R$ 729 mil. A operação foi ordenada pelo doleiro Alberto Youssef. Meire sacou o dinheiro e entregou ao doleiro, de acordo com depoimento do operador da Lava-Jato que consta no inquérito contra Collor no Supremo Tribunal Federal (STF)

DENUNCIAS CHEGAM A CAMPANHA DAS ELEIÇÕES DE DILMA

Givaldo Barbosa/Agência O Globo


Preocupada em salvar o mandato, com a Operação Lava-Jato batendo à porta das eleições de 2014, a presidente Dilma Rousseff escalou ontem o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante — dois homens fortes da atual gestão —, para reclamar do vazamento seletivo e tentar desqualificar a delação do empresário Ricardo Pessoa. Tesoureiro da campanha de reeleição de Dilma, Edinho assumiu o recebimento da doação de R$ 7,5 milhões da UTC — empresa investigada na Operação Lava-Jato — mas assegurou que os repasses foram legais. “Todas as doações foram feitas dentro dos critérios da ética, transparência e legalidade. Tanto que as contas de campanha foram auditadas e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, disse Edinho, em entrevista coletiva na sede do Ministério da Justiça, no fim da manhã de ontem. Insatisfeita com a falta de explicações para as denúncias, a oposição pretende aprovar o depoimento de Pessoa na CPI da Petrobras.

Responsável pelas doações à campanha de Dilma em 2014, Edinho disse que o cargo estava à disposição da presidente. “É ela quem contrata e quem demite”, afirmou. O ministro da Secom afirmou estar indignado com o que classificou de vazamento seletivo de informações. Como parte citada na delação, Edinho disse que contratará um advogado para ter acesso ao teor total do depoimento e provar que não houve qualquer irregularidade nas doações. “Quero ser ouvido nos autos para me defender. Se comprovadas as mentiras, pedirei que seja suspenso o benefício da delação premiada”, afirmou o petista.

O ministro da Secom repetiu o que foi dito em nota oficial divulgada na sexta-feira (26/6). Ele admitiu ter se encontrado três vezes com Ricardo Pessoa ao longo de 2014. A primeira reunião, em julho, ocorreu na sede do comitê de campanha da chefe do Executivo, em Brasília, em que ficou acertado o cronograma de doações no valor de R$ 7,5 milhões. “Ele me disse que, caso a presidente Dilma passasse para o segundo turno, um novo acerto seria feito.” E afirma ter estranhado o fato de, mesmo sendo Ricardo Pessoa uma figura histórica e conhecida como presidente de uma empresa que tem contratos com o governo federal e com governos estaduais, só haver questionamento sobre a doação à campanha da presidente Dilma. “Não foram feitas doações apenas para as nossas campanhas. Não aceito esse tipo de criminalização”, rebateu ele

sábado, 27 de junho de 2015

LULA O LOBISTA DA ODEBRECHT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acomodava-se no Gulfstream G200, avião executivo com altura de cabine de quase 2 metros, naquele 21 de maio de 2011. O jatinho é um dos maiores de sua classe, a executiva. Tem mesa de reunião, acabamento em madeira de lei e pontos USB para laptops. A viagem de cerca de 5.000 quilômetros do Panamá a São Paulo aconteceu na aeronave prefixo PR-WTR. Lula não estava sozinho. Voava ao lado do lobista da Odebrecht Alexandrino Alencar, preso recentemente na Operação Lava Jato, acusado de ajudar a empreiteira a operar as propinas do petrolão no exterior. Alexandrino pediu demissão na semana passada de seu cargo na Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Sergio Moro. Em seu despacho, Moro escreveu: “Além das provas em geral do envolvimento da Odebrecht no esquema criminoso de cartel, ajuste de licitações e de propina, há prova material de proximidade entre Alberto Youssef e Alexandrino Alencar”. Naquele dia de maio de 2011, Lula passou pelo sistema de migração da Polícia Federal às 7h07; o lobista, quatro minutos depois. Estavam juntos, como juntos estavam em mais aventuras do que admitem até hoje.
COMPANHIA O ex-presidente Lula e o lobista Alexandrino Alencar (ao fundo, de gravata) em visita ao Peru, em 2013. Os dois são amigos e costumam se cumprimentar com beijos no rosto durante as viagens que fazem juntos (Foto: reprodução)
ÉPOCA obteve um relatório da PF com as entradas e as saídas do Brasil de Lula e do lobista Alexandrino, entre 2011 e o início deste ano. Há a comprovação de duas viagens da dupla, que já haviam sido noticiadas (para Cuba e para Guiné Equatorial), e a revelação de que ambos estiveram juntos em mais quatro ocasiões (nessa viagem para o Panamá; numa outra para ColômbiaPeru eEquador; numa terceira para Portugal; e numa quarta para aÁfrica, passando por Angola e Gana). Além de atestar que a relação de Lula e Alexandrino era muito próxima, as planilhas da PF permitem, pela primeira vez, conhecer o sistema Uber particular de Lula – quem banca e como viaja o ex-presidente pelo mundo afora. São 78 trechos internacionais. As planilhas não identificam destino e origem das viagens. Mas apontam quem são os donos das aeronaves: em alguns casos, empreiteiras, bancos, importadores e companhias têxteis. Em outros, empresas alugando jatinhos de companhias de táxi-aéreo.
As viagens de Lula e Alexandrino não foram ocasionais. Os dois são amigos. Depois das viagens que faziam juntos, costumavam se cumprimentar com afetuosos beijos no rosto. Na sala de Alexandrino, na sede da Odebrecht em São Paulo, uma foto com Lula dividia espaço com retratos de familiares do executivo. Quando se referia a Lula, Alexandrino o chamava de “presidente” ou de “chefe” – deferência não dispensada nem sequer ao próprioMarcelo Odebrecht.
Tamanha era a intimidade entre os dois que Alexandrino acompanhava Lula em reuniões e eventos restritos a autoridades de Estado, mesmo quando o tour não era bancado exclusivamente pela Odebrecht. Numa excursão pela América do Sul, Lula viajou com uma comitiva de executivos da OAS, da Camargo Corrêa, daAndrade Gutierrez e da onipresente Odebrecht – todas acusadas de participar do cartel do petrolão. A viagem começou pelaColômbia: Lula embarcou em 3 de junho de 2013, às 9h41, de São Paulo para Bogotá. Lula foi a bordo do mesmo jatinho que o levara ao Panamá, dois anos antes. O lobista da Odebrecht (Alexandrino, não Lula) havia embarcado horas antes, às 7h39, para a capital colombiana. Lá, eles se encontraram com o presidente do país, Juan Manuel Santos, e participaram de encontros com empresários. Lula e Alexandrino seguiram então para o Peru, onde foram recebidos pelo então chefe de Estado,Ollanta Humala. Em fotos oficiais, o lobista da Odebrecht aparece a um passo de Lula. Os dois não param de rir. O périplo político da dupla terminou no dia 8 de junho de 2013, data em que ambos regressaram ao Brasil, em voos diferentes.
Em encontros com autoridades estrangeiras, Lula sempre defendia o interesse das empresas brasileiras em fazer negócios com o país de destino. “Por isso, a gente fazia questão de bancar as viagens dele”, disse um executivo de uma grande empreiteira antes de ser preso na última fase da  Lava Jato. O investimento se mostrava certeiro. Em 13 de março de 2013, por volta das 8 horas, Lula e Alexandrino embarcaram no aeroporto de Guarulhos com destino a Nigéria, Benin, Gana e Guiné Equatorial. Quatro meses depois dessa passagem de Lula pela África, a Odebrecht ganhou um contrato de uma obra de transporte com o governo ganês, contando com US$ 200 milhões do BNDES. Em 17 de abril do mesmo ano, o presidente de Gana, John Mahama, visitou o Brasil para lançar o seu livro Meu primeiro golpe de Estado. Aproveitou para ter reuniões reservadas com Lula e representantes da Odebrecht, segundo telegramas do Itamaraty.

O IMPERADOR DA PROPINA

João Vaccari Neto - República Federativa do Pixuleco
MOCH - Ricardo Pessoa contou que o tesoureiro do PT ia regularmente a seu escritório em São Paulo nos sábados para buscar dinheiro desviado dos cofres da Petrobras)
Homem do dinheiro, João Vaccari Neto é citado em diferentes trechos da delação de Ricardo Pessoa. O tesoureiro do PT aparece cobrando propina, recebendo propina, tratando sobre propina. O empreiteiro contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Por orientação do então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, um dos presos da Operação Lava-Jato, Pessoa passou a tratar das questões financeiras da quadrilha diretamente com o tesoureiro. A simbiose entre corrupto e corruptor era perfeita, a ponto de o dono da UTC em suas declarações destacar o comportamento diligente do tesoureiro: "Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que o Vaccari aparecia para lembrar: 'Como fica o nosso entendimento político?'". A expressão "entendimento político", é óbvio, significava pagamento de propina no dialeto da quadrilha. Aliás, propina, não. Vaccari, ao que parece, não gostava dessa palavra.
Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais "entendimentos políticos". João Vaccari era conhecido pelos comparsas como Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo frequentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava "as comissões" na empresa sempre nos sábados pela manhã. Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9º andar do prédio, falava amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o "pixuleco". Assim, a reunião terminava com a mochila do tesoureiro cheia de "pixulecos" de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: "Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes". Foi tudo filmado.

ESTADOS UNIDOS LEGALIZA CASAMENTO GAY

Defensores do casamento gay comemoram em frente à Suprema Corte em Washington, nos EUA, após aprovação do casamento de casais do mesmo sexo pela constituição
Defensores do casamento gay comemoram em frente à Suprema Corte em Washington, nos EUA, após aprovação do casamento de casais do mesmo sexo pela constituição(Alex Wong/AFP)
A Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou nesta sexta-feira o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, uma decisão histórica que anula o poder dos Estados de proibir as uniões entre homossexuais. O presidente americano, Barack Obama, comemorou a decisão em sua conta pessoal no Twitter e em uma declaração na Casa Branca.
Após uma votação apertada, de cinco votos favoráveis contra quatro contrários, o juiz Anthony Kennedy leu a decisão afirmou que o casamento civil é um direito constitucional para todos, independente da orientação sexual. "Não há união mais profunda do que o casamento", disse ele, complementando que essa união deve ser possível para todos os cidadãos sem discriminação. Não está claro ainda como os certificados de casamento serão emitidos nos Estados onde as uniões homossexuais foram previamente proibidas.
Na rede social, Obama se referiu à decisão como "um grande passo rumo à igualdade". "Os casais de gays e de lésbicas têm agora o direito de se casar, como quaisquer outros. #LoveWins [o amor vence]", tuitou. Posteriormente, o presidente americano disse que a Suprema Corte corrigiu o que estava errado, se referindo à proibição do casamento gay em alguns Estados americanos. "Isso era discriminação em forma de lei. Tratava casais de gays e lésbicas que se amam como uma classe de pessoas inferior e segregada. [Com a decisão], somos um país melhor"ESTADOS 

A VIDA DO PRINCIPE NA CADEIA

Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20)
Marcelo Odebrecht: mudanças na conduta após uma semana preso em Curitiba
Em meados de 2014, meses após o estouro da Operação Lava Jato, emissários da construtora Odebrecht, a maior da América Latina, procuraram discretamente integrantes do Ministério Público. Com o cerco se fechando contra as empreiteiras e as concorrentes já encrencadas com acusações de corrupção, cartel e lavagem de dinheiro, a empresa apresentou linhas gerais de uma proposta de delação premiada. Com o acordo, poderia blindar o presidente e herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht, e assegurar que a companhia pudesse tocar uma carteira de investimentos de 12,8 bilhões de reais.
A temida delação premiada de funcionários da Odebrecht acabou não acontecendo. Marcelo endureceu o discurso e defendia até a semana passada que não havia "nada de ilegal ou imoral" nos generosos empréstimos do BNDES a países que contrataram a empresa para obras no exterior. Na última sexta-feira, porém, 459 dias depois do início da Lava Jato, o empresário recebeu das mãos da própria advogada Dora Cavalcanti, em sua mansão no Morumbi, o mandado de prisão preventiva redigido pelo juiz Sergio Moro. O príncipe dos empreiteiros passaria os próximos dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Neste final de semana, nove dias depois de ter chegado à capital do Paraná, Marcelo Odebrecht ainda aguarda que seus advogados derrubem a prisão preventiva imposta por Moro. Entre os defensores, prevalece a avaliação de que ele não permanecerá preso pelos longos meses impostos a outros empreiteiros, mas ainda assim dão como praticamente certo que o empresário não conseguirá reverter a prisão preventiva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, para onde foi encaminhado na quinta-feira o primeiro pedido de habeas corpus.
Nas palavras de um dos defensores, o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do caso, "não concede habeas corpus nem para a filha". Uma das possibilidades é pedir em benefício de Marcelo a extensão de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao chefe do clube VIP de empreiteiras, Ricardo Pessôa, ele próprio um dos mais recentes delatores da Lava Jato.
Enquanto aguarda a movimentação dos advogados, Marcelo Odebrecht escreve. Passa o dia sentado redigindo bilhetes, alguns para consumo próprio, outros entregues aos advogados. Na quarta-feira, às 8h26 da manhã, a esposa Isabela chegou para a primeira visita. Estava com Mônica Odebrecht, irmã de Marcelo e advogada da empresa. Diante de Isabela, conteve-se para não chorar. Para policiais que acompanham o dia a dia do empreiteiro na cadeia, a ficha de Marcelo Odebrecht tinha começado a cair um dia antes.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

TRIBUNAL MANDA ARQUIVAR HEBEAS CORPUS EM FAVOR DE LULA

O ex-presidente Lula durante o encontro “Novos Desafios da Democracia” em São Paulo - 22/06/2015
Desembargador federal do Tribunal Regional Federal (TRF) arquivou o pedido de habeas corpus em favor do ex-presidente Lula
O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, arquivou na tarde desta quinta-feira um pedido de habeas corpus preventivo em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado para que o petista não fosse preso por causa das investigações da Operação Lava Jato. O recurso foi assinado por Maurício Ramos Thomaz, cidadão que, ao longo do julgamento do mensalão, publicou carta aberta em favor dos réus cujos casos eram analisados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao negar o HC, Gebran Neto disse que Ramos Thomaz praticou uma "aventura jurídica" ao apresentar o recurso à Justiça e pediu que o Ministério Público investigue o caso, já que o autor atacou diversas autoridades no que o magistrado considera uma "linguagem imprópria, vulgar e chula". Apenas em relação ao juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, Ramos Thomaz disse que o juiz do caso seria "moralmente deficiente" e teria postura "hitleriana". O tumulto com a notícia do habeas corpus em favor do ex-presidente levou o desembargador a decretar segredo de justiça para o caso por 48 horas, já que o endereço eletrônico do tribunal ficou instável pelo elevado número de acessos. No início do mês, Gebran Neto já havia negado pedido de liberdade apresentado também por Ramos Thomaz em nome do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Maurício Ramos Thomaz é recorrente em pedir habeas corpus em casos de repercussão midiática. No auge do escândalo do mensalão, ele atacou o então ministro do Supremo Joaquim Barbosa ao apresentar pedidos em favor de Simone Vasconcelos, ex-funcionária do operador Marcos Valério, da banqueira Kátia Rabello e do ex-dirigente do Banco Rural Vinicius Samarane. 

POLICIA FEDERAL FAZ BUSCA NO ESCRITÓRIO DO GOVERNADOR DE MG

O governador mineiro Fernando Pimentel e a primeira dama Carolina de Oliveira: laços financeiros com o empresário Benedito de Oliveira
O governador mineiro Fernando Pimentel e a primeira dama Carolina de Oliveira: laços financeiros com o empresário Benedito de Oliveira(Luiz Costa/Jornal Hoje em Dia/VEJA)
A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira buscas em escritórios da agência de comunicação Pepper, que presta serviços ao PT, e em um escritório que era usado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). As ações são parte da segunda fase da Operação Acrônimo, que apura se a campanha de Pimentel ao governo do estado em 2014 recebeu dinheiro do esquema operado pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, colaborador de campanhas do PT.
Obtidos com exclusividade por VEJA, documentos levantam a suspeita de que Bené operava uma espécie de caixa paralelo na campanha de Pimentel ao governo. Além disso, indicam que a mulher de Pimentel, Caroline Oliveira, seria dona de uma empresa fantasma utilizada pela organização criminosa. Há a suspeita de que as empresas de Bené, que receberam cerca de meio bilhão de reais do governo federal desde 2005, tenham bancado gastos de campanhas eleitorais petistas. Bené chegou a ser preso no fim de maio, mas deixou a cadeia após pagamento de fiança

RENAN QUER MUDANÇAS NO REAJUSTE DOS APOSENTADOS

Presidente do Senado, Renan Calheiros, durante o evento "Mais Mulheres na Política'', em São Paulo - 26/03/2015
Presidente do Senado, Renan Calheiros(Paulo Whitaker/Reuters)
O presidente do Senado, Renan Calheiros, sinalizou nesta quinta-feira que a Casa pode alterar o texto da proposta que vincula todos os benefícios da Previdência Social à política de valorização do salário mínimo, aprovada na quarta-feira pela Câmara dos Deputados - uma decisão que o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificou como "um erro". Renan afirmou que a questão fiscal tem de ser colocada acima de qualquer outra.
"Essa questão é crucial para a sociedade brasileira. Com bom senso, com equilíbrio, com a questão fiscal colocada acima de qualquer outra questão vamos aguardar que a matéria chegue, reunir todos, ouvir as lideranças e, afinal, complementar o processo legislativo", declarou Renan, depois de se reunir com Dilma Rousseff no Planalto, para tratar de reforma política. Para o presidente do Senado é fundamental aprofundar o debate para que não se cometam "equívocos". A fala de Renan demonstra uma sutil mudança de postura. Os dois estavam em rota de colisão desde que Renan teve importantes aliados retirados de cargos-chave no governo Dilma.
A proposta que preocupa o peemedebista foi aprovada por 206 votos a 179 pelos deputados e estende para os demais aposentados o cálculo de reajuste que leva em conta a inflação do ano anterior e o crescimento do PIB nos dois anos anteriores. Pouco antes, a Câmara havia renovado até 2019 a aplicação dessa regra para o salário mínimo.
'Irresponsável' - O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse não ter dúvidas de que os senadores vão mudar o texto. "O Senado sabe que isso quebra o Brasil." O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), chamou a alteração feita pelos deputados de "irresponsável" e "perigosa" e disse que os senadores da base podem ter uma "convergência" contra a proposta, ao contrário do que ocorreu na Câmara. "O Congresso, particularmente a Câmara, conspira o tempo inteiro para que esse desequilíbrio se aprofunde", criticou.
A medida provisória, que deve ser votada pelos senadores na próxima semana, tem de ser apreciada pelo Congresso até 7 de agosto, senão perde a validade. Se alterada, a MP volta para a Câmara. O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a aprovação da emenda que vinculou a correção de todos os benefícios da Previdência à política de valorização do salário mínimo foi um "erro e esse erro precisa ser corrigido". "Se não, os sinais que vamos dar para os mercados é de um descontrole da política fiscal de uma tal maneira que não haverá medidas ou nem quem possa resolver."

HOMOLOGADA A DELAÇÃO PREMIADA DE RICARDO PESSOA DA UTC

Presidente da construtora UTC, empresário Ricardo Pessoa chega a Superintendência da Polícia Federal no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo - 14/11/2014
Presidente da construtora UTC, empresário Ricardo Pessoa chega a Superintendência da Polícia Federal no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo -
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou nesta quinta-feira o acordo de delação premiada firmado pela Procuradoria-Geral da República com o dono da UTC, Ricardo Pessoa, em 13 de março, em troca de um abrandamento de pena. Pessoa é apontado pelos investigadores como o chefe do "clube do bilhão", cartel de empreiteiras que combinava preços de licitação na Petrobras e desviava recursos para o pagamento de vantagens indevidas a ex-diretores e parlamentares.
A delação do empreiteiro deve reforçar indícios de envolvimento de políticos já investigados na Operação Lava Jato e também para que novos inquéritos sejam abertos. Entre os citados, está o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, que já havia sido mencionado por outros delatores da Lava Jato. Lobão é alvo de inquérito no STF por suspeita de solicitar recursos para a campanha da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB)

POLICIA FEDERAL FAZ BUSCA EM AGÊNCIA DE PUBLICIDADE EM BRASÍLIA


Marcelo Ferreira/CB/D.A Press


O desdobramento da segunda fase da Operação Acrônimo, da Polícia Federal, desencadeada na manhã de ontem, atinge o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Os 31 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Não houve prisões. Na capital federal, os policiais estiveram na Pepper Comunicação, responsável pelas contas do PT nas mídias sociais. A empresa, situada no Brasília Shopping, atuou nas campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2010 e 2014.

De lá, os agentes levaram documentos e computadores. A investigação, até o momento, aponta indícios de que o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, um dos presos da Acrônimo e já em liberdade, seria o operador do suposto caixa 2 da campanha vitoriosa de Pimentel. De acordo com fontes com acesso ao inquérito, a buscaria na Pepper se justifica pela ligação da empresa com a primeira-dama de Minas Gerais, Carolina Oliveira Pereira.

Ontem, a defesa do governador alegou que ele estava à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento. Os advogados avaliaram que o pedido da Polícia Federal para realizar buscas na residência oficial do governador é desnecessário e excessivo. A defesa alega ainda que existe uma espetacularização do caso.

Por meio de nota oficial, o governo de Minas Gerais classificou as ações de busca e apreensão realizadas no antigo escritório do governador como “arbitrárias”. A administração estadual afirma que as acusações de irregularidades são “deduções fantasiosas”, na mesma linha das que foram feitas a Carolina Oliveira, mulher de Pimentel, que teve a residência como alvo da primeira fase da Operação Acrônimo, no início deste mês. Ela chegou a trabalhar na Pepper. Segundo a Polícia Federal, a primeira-dama teria uma empresa de fachada, a Oli Comunicações e Imagens, que foi usada pela organização do empresário.

O governo diz ainda que vai resistir. “Resistiremos a qualquer tentativa de impor a Minas Gerais constrangimentos indevidos e antirrepublicanos”, diz a nota. O PT comunicou que a Pepper continuará prestando serviços ao partido. A agência informou, por meio da assessoria de imprensa, que continua à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos solicitados. Afirmou também que deu acesso a todos documentos requeridos pelos policiais federais.

Solicitação
Em Belo Horizonte, a Polícia Federal esteve no local onde funcionava o escritório político do petista durante a campanha eleitoral do ano passado. A PF também pretendia realizar buscas na residência oficial do governador mineiro, na antiga residência dele, no gabinete, na sede do PT em Minas Gerais e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não autorizou. Os policiais também estiveram na empresa P-21, que já pertenceu ao político mineiro. Hoje, a consultoria pertence apenas a um filho do antigo sócio do governador e tem um novo nome: OPR.

Na sede da agência Pepper no Rio de Janeiro, os funcionários foram dispensados de ir ao trabalho e também houve apreensão de documentos e de computadores.

A PF solicitou ao STJ, na semana passada, autorização para abertura de inquérito contra o governador para apurar suposto crime de “lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores”. A decisão ainda não foi proferida. Um dos principais motivos é a ligação de Bené com o petista.

Flagrado em seu avião com R$ 113 mil em espécie, o empresário teria pedido doação de campanha para o governador de Minas Gerais já em dezembro de 2013, quando ele ainda era ministro do governo de Dilma Rousseff. É o que mostram uma anotação na agenda do empreiteiro Gérson Almada, dono da Engevix, e um depoimento à Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Não houve ajuda, segundo disse o empreiteiro. Mas, em agosto do ano passado, a Engevix doou R$ 190 mil para o diretório mineiro do PT, de acordo com dados públicos da Justiça Eleitoral.

DILMA IRÁ VISITA A CASA BRANCA NOS EEUU

Washington - A Casa Branca expressou nesta quinta-feira sua expectativa de que a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington na próxima semana ajude a superar a turbulência causada pelas revelações de espionagem americana. 

"Acho que essa visita irá indicar em que medida viramos a página e seguimos em frente", disse, em Washington o assessor de política externa do presidente Barack Obama, Ben Rhodes.

Em coletiva de imprensa em Brasília sobre a viagem presidencial, o diplomata brasileiro Carlos Paranhos confirmou que a visita contará com contatos de alto nível, não só com o chefe de Estado americano, mas também com seu vice, Joe Biden. 

"Esta visita é importante porque representa uma retomada de diálogo político bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos no mais alto nível, além da retomada de contatos em áreas como comércio, economia e debates sobre temas relevantes da agenda internacional", disse o diplomata.

A viagem pode vir a ser, portanto, um ponto final para o grave desencontro gerado pela revelação, em 2013, de que órgãos de inteligência dos Estados Unidos espionaram as comunicações do Planalto, de empresas e de milhões cidadãos brasileiros. "Isso foi superado", resumiu Paranhos.

Na época, a denúncia levou a presidente a cancelar uma visita de Estado programada para outubro do mesmo ano. O Planalto exigiu explicações do governo americano e garantias do fim dessas atividades. "A própria visita indica que nós estamos avançando", acrescentou Rhodes.

A presidente Dilma Rousseff chegará aos Estados Unidos neste sábado com uma robusta agenda de negócios, em uma viagem minuciosamente preparada para aparar as arestas das relações bilaterais depois do escandaloso episódio de espionagem envolvendo a Casa Brana.

A presidente ficará em território americano até o dia 1º de julho, passando por Nova York, Washington e São Francisco, com um roteiro que inclui um encontro com Barack Obama e reuniões com a nata do mundo financeiro e empresarial do país