domingo, 23 de setembro de 2018

ALIADOS DE ALCKMIN QUEREM VOTAR EM BOLSONARO NO SEGUNDO TURNO

 - Partidos do centrão --formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade--, formalmente coligados ao presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, já discutem a "fatura" que vão cobrar para apoiar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ou a candidatura do petista Fernando Haddad no segundo turno, afirmou um dirigente do grupo à Reuters sob a condição do anonimato.
A constatação do grupo é que o tucano --sem ter reagido nas pesquisas de intenção de voto-- praticamente não tem mais condições de chegar à etapa final da corrida ao Palácio do Planalto e que, por essa razão, o blocão começou a conversar entre si e com lideranças da campanha de Bolsonaro e Haddad sobre como pode se dar o apoio.
Segundo essa fonte, a ordem é que lideranças do grupo não deixem Alckmin isolado até o primeiro turno da campanha, que ocorre no dia 7 de outubro. Mas já há tratativas nos bastidores para tentar fechar apoio para um dos candidatos. A "fatura" será o espaço que cada um dos presidenciáveis vai oferecer aos partidos do bloco no governo, caso seja eleito.
"Não acredito que ninguém vá abandonar a campanha do Alckmin, mas certamente o centrão já está se reunindo para juntos marchar para uma candidatura no segundo turno", disse essa fonte. "Vamos negociar juntos e ver que posição vamos solicitar", acrescentou.
A intenção de negociação em bloco é para aumentar o cacife do centrão com qualquer que seja o presidenciável, ainda mais tendo em vista que o eleito vai precisar de apoio no Congresso para tentar aprovar sua respectiva agenda de reformas no início do governo. Tanto Bolsonaro quanto Haddad disporiam, no momento, de fraca base parlamentar a julgar pelas coligações feitas na campanha.
No segundo turno, o tempo de horário eleitoral dos candidatos no rádio e na TV é igual e o eventual apoio de novos partidos, ao contrário da primeira etapa de votação, não tem qualquer interferência nisso. O aval a um determinado presidenciável é mais uma demonstração de força política.
Qualquer que seja o eleito, o bloco quer manter ao menos os espaços que possui no governo Michel Temer, disse a fonte. Por exemplo, o PP comanda atualmente os ministérios da Saúde e da Agricultura, além da presidência da Caixa, e o PR controla a pasta dos Transportes.
O grupo deverá tomar uma decisão conjunta --assim como ocorreu quando fecharam com Alckmin--, mas há a possibilidade real de racha do grupo. Isso porque o DEM --tradicional crítico do PT-- não deve referendar um apoio à candidatura de Haddad, mesmo diante de uma eventual posição dos demais integrantes do bloco nesse sentido.
O presidente licenciado do partido de Bolsonaro, Luciano Bivar, admitiu mais cedo à Reuters que há conversas entre integrantes da campanha do candidato do PSL com lideranças de partidos que atualmente estão coligados com Alckmin a fim buscar um apoio à candidatura do militar da reserva para uma disputa de segundo turno, mas não quis dar detalhes das tratativas.
O coordenador da campanha de Bolsonaro em São Paulo, deputado Major Olimpio, disse não acreditar que a presença em cargos faça parte das negociações em torno de apoio de partidos a Bolsonaro no segundo turno.
"Se depender de fatura, não estará com o Bolsonaro. Ele jamais entraria no toma lá, dá cá", destacou Olimpio, ao ressalvar que esse questionamento tem de ser feito ao próprio presidenciável --que está hospitalizado há quase duas semanas se recuperando de um atentado em evento de campanha em Juiz de Fora (MG)

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