Em depoimento prestado em junho ao Ministério Público Federal do Distrito Federal, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuava diretamente no pedido de propina.
Em depoimento divulgado pelo Jornal Nacional, o ex-braço direito do ex-presidente disse que Lula considerava os recursos do pré-sal suficientes para financiar “quatro a cinco campanhas a presidente”.
Palocci relata uma série de pressões realizadas pela cúpula do governo petista sobre os fundos de pensão que financiavam o projeto de sondas da Sede Brasil, empresa criada durante o segundo governo Lula para construir as sondas de exploração de petróleo em águas profundas que seriam compradas pela Petrobras para extrair o óleo do pré-sal.
O ex-ministro contou que Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff pressionaram para fundos de investimentos aplicarem na empresa, mesmo com falta de estudos técnicos, e que os dois “não se comoviam” com o fato de que o dinheiro investido era de trabalhadores.
Palocci afirma ainda que ele petista foi beneficiário direto de propinas de projetos do governo, como a negociação do contrato bilionário de compra de caças para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB) e no caso da construção da Usina de Belo Monte.
“O pré-sal colocou todos os âmbitos do governo em torno dessas riqueza. No governo Lula, o pré-sal foi enxergado como um passaporte para o futuro, que foi um bilhete premiado no final de governo. Que o clima era de delírio político. Que isso dá ao ex-presidente um momento de atuação raro, descuidando da parte jurídica. Que ele passa a atuar diretamente no pedido de vantagens indevidas”, diz Palocci no depoimento.
Palocci participou das decisões mais importantes do partido nas últimas duas décadas. Ele foi condenado pelo juiz Sergio Moro, que comanda os processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A assessoria de imprensa do ex-presidente Lula rebateu as acusações do ex-ministro. “Palocci conta mentiras, sem provas, para obter uma delação premiada. A ausência de provas já foi apontada até mesmo pelo Ministério Público”, afirma um dos assessores de Lula.
A ex-presidente também respondeu às acusações do ex-ministro. “O senhor Antônio Palocci mente. Não apresenta provas do que fala e insiste em elaborar narrativas de maneira dócil para agradar seus algozes na esperança de sair da prisão”, afirmou a ex-presidente em nota divulgada por um de seus assessores.
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