quinta-feira, 13 de setembro de 2018

INDICADO POR LULA DIAS TOFFOLI CHEGA À PRESIDÊNCIA DO SUPREMO.

Fátima Meira/Futura Press
 - Nove anos após chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal) nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na esteira de serviços prestados ao PT e ao governo, o ministro José Antonio Dias Toffoli, 50, natural de Marília (SP), assume nesta quinta-feira (13) a presidência da corte.
Devido à sua ligação histórica com o partido e à falta de credenciais acadêmicas, Toffoli foi visto à época como despreparado para o cargo. Fora reprovado duas vezes em concursos públicos para a magistratura e não possuía títulos de mestrado e doutorado. De lá para cá, construiu uma reputação de ponderação, deu mostras de que cortou o cordão umbilical com o PT, estudou casos a fundo e montou uma equipe de primeira. Mas é o DNA político do novo presidente que hoje é visto como um ativo por ministros do STF.
A experiência com o Executivo e o Legislativo lhe rendeu capital político, na avaliação de colegas -atributo que deverá ser útil na nova função em um momento de protagonismo do Judiciário.
O magistrado tem dito a interlocutores que, à frente do Supremo, pretende se entender com quem quer que seja eleito, de Jair Bolsonaro (PSL) a Guilherme Boulos (PSOL).
Toffoli assumiu uma cadeira no Supremo em outubro de 2009, em substituição ao ministro Carlos Alberto Menezes Direito, que morrera um mês antes. Foi advogado-geral da União (2007-09) e subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil (2003-05) nos governos Lula.
Atuou na Prefeitura de São Paulo em 2001 na gestão de Marta Suplicy, então no PT, assessorou a liderança do partido na Câmara dos Deputados (1995-2000), foi assessor parlamentar na Assembleia paulista (1994) e consultor da CUT (1993).
Também ministrou disciplinas de direito constitucional e direito de família no UniCEUB, em Brasília (1996-2002).
"A expectativa [com o novo presidente] é muito boa. Conheço Toffoli há mais de 20 anos, somos da mesma turma da São Francisco", disse o colega do Supremo Alexandre de Moraes. Toffoli se formou na tradicional faculdade da USP em 1990.
"Experiente jurídica e institucionalmente, ele tem bom trânsito nos três Poderes e um perfil agregador", acrescentou Moraes.
Para o ministro Gilmar Mendes, Toffoli "se preocupa com a imagem do STF e não pretende que este se sobreponha aos demais Poderes".
"Para o Judiciário como um todo, do ponto de vista administrativo, o CNJ [Conselho Nacional de Justiça] é mais importante que o STF. Diante dos atrasos acumulados, ele sabe que não pode perder tempo", disse.
Amigo dos tempos de faculdade, o juiz Richard Kim disse que Toffoli sempre foi bastante ativo, conciliando atividades extracurriculares, festas e estudo. Kim trabalhou no gabinete de Toffoli de 2013 a 2017, e hoje é juiz auxiliar do ministro Tarcísio Vieira no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Kim conta que Toffoli foi do movimento estudantil, representou os alunos na Congregação da São Francisco e participou da criação de um departamento de moradia para cidadãos de baixa renda. Também atuou na defesa de um assentamento, auxiliando na sua regularização.
Entre os julgamentos relevantes em matérias constitucionais, a equipe de Toffoli no Supremo destaca três em que o entendimento do ministro prevaleceu no plenário.
O primeiro liberou o fisco para acessar dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial. O segundo declarou inconstitucional um trecho da lei sobre classificação indicativa -entendeu-se que tal trecho implicava censura prévia.
O terceiro considerou constitucional uma lei estadual de São Paulo que proíbe o uso de qualquer tipo de amianto, considerado nocivo à saúde. No mesmo julgamento, declarou-se inconstitucional uma lei federal de 1995 que permitia o uso do amianto na variedade crisotila.
Na área criminal, são apontados como relevantes a discussão que Toffoli fez sobre a natureza das delações premiadas e uma decisão sua de declarar monocraticamente (individualmente) o trânsito em julgado de um recurso do ex-senador Luiz Estêvão, o que levou o político condenado à prisão

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