sexta-feira, 5 de outubro de 2018

BOLSONARO DESAFIA ADVERSÁRIOS EM ENTREVISTA.

Seguidores do candidato presidencial de direita Jair Bolsonaro exibem bandeira com seu rosto no Rio de Janeiro, 29 de septembro de 2018
Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas para o primeiro turno das eleições presidenciais do próximo domingo, obteve nesta quinta-feira um protagonismo inédito com uma entrevista exclusiva à TV Record, no momento em que seus adversários participavam do debate na TV Globo, do qual se recusou a participar por motivos de saúde.
O candidato do PSL divulgou inclusive uma foto nas redes sociais na qual assiste um programa de humor enquanto o debate eleitoral ainda acontecia.
Em um insólito final de campanha, Bolsonaro foi entrevistado pela Record e atirou pesado contra o ex-presidente e atual detento Luiz Inácio Lula da Silva e seu afilhado político Fernando Haddad.
"Não podemos admitir essa ideologia no Brasil. Será o fim da nossa pátria se o PT conseguir chegar ao poder", advertiu Bolsonaro.
"Não podemos deixar que um partido que mergulhou o país na mais profunda crise ética, moral e econômica volte ao poder com as mesmas personalidades. E você pode ver, tudo é conduzido de dentro da cadeia pelo senhor Lula, que indica aí um fantoche seu chamado Haddad que por incompetência sequer conseguiu passar para o segundo turno na sua eleição (reeleição para prefeito) em São Paulo".
"A corrupção está colada no PT, o PT não deu certo, é um partido que traiu os tralhadores e que tem um projeto de poder".
O deputado federal e ex-capitão do exército, que não esconde a admiração pela ditadura brasileira (1964-1985), atacou o PT por sua proximidade com a Venezuela de Nicolás Maduro, na entrevista concedida em sua casa no Rio de Janeiro.
Bolsonaro, ferido por uma facada em um ato de campanha em 6 de setembro e que permaneceu hospitalizado até sábado passado, afirmou que não participou do debate por recomendação médica.
Mas o fato de ter concedido uma entrevista o transformou em alvo de críticas dos oponentes.
Ciro Gomes (PDT) considerou "uma falta de cultura democrática e uma demonstração de que Bolsonaro é um fascista". A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou que o candidato de extrema-direita "amarelou".
O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles também criticou: "Se alguém se esconde e dá uma entrevista não tem condições de administrar um país".
Haddad aproveitou a ausência de Bolsonaro no debate na Globo para criticar as medidas de austeridade iniciadas pelo governo de Michel Temer que, segundo o candidato do PT, o capitão pretende aprofundar.
"Cortar direitos dos trabalhadores para (ajustar) as contas públicas, isto não se faz. O PT jamais o fará. O que está ocorrendo no Brasil é um absurdo".

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