segunda-feira, 21 de abril de 2014

EX DIRETOR DA PETROBRÁS FICOU RICO EM CINCO ANOS


 Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras
 Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras 
Acusado pela Polícia Federal de ser um dos líderes de um esquema de lavagem de cerca de 10 bilhões de reais, o engenheiro mecânico Paulo Roberto Costa teve, na Petrobras, uma carreira invejável. Funcionário de carreira, conseguiu, desde que entrou na estatal, em 1977, chegar ao posto de diretor de Abastecimento, em 2004. A carreira bem-sucedida teve, no entanto, uma fase meteórica de acúmulo de capital nos últimos cinco anos. Nesse período, de acordo com um levantamento feito pelo site de VEJA, Costa, a mulher, duas filhas e dois genros adquiriram nada menos que 13 imóveis no Rio de Janeiro – num período de preços nas alturas. Os valores das transações registrados em cartório chegam a 5,8 milhões de reais. Não estão na soma duas salas comerciais nas quais a família investiu uma parte de seu capital.
Costa está preso por suspeita de ter cometido crimes como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e participação em organização criminosa – delitos pelos quais foi indiciado na última quarta-feira pela Polícia Federal com a conclusão da primeira etapa da operação Lava-Jato. Ele também é investigado por evasão de divisas e corrupção. Os investigadores suspeitam que o ex-diretor tenha se associado ao doleiro Alberto Youssef para articular negócios e que tenha recebido propina de fornecedores da estatal. Há indícios de que Costa recorria ao doleiro para ocultar recursos de origem ilícita. Já se sabe que Youssef comprou para o ex-diretor um Land Rover Evoque blindado, avaliado em 300.000 reais. A suspeita é que essa compra foi viabilizada por recursos mantidos por Costa no exterior, embora a defesa dele alegue que foi apenas a remuneração por serviço de consultoria prestado ao doleiro. Os policiais analisam se parte desse dinheiro foi utilizado para abastecer políticos e partidos. Vai ser verificado se Costa contava também com a ajuda da esposa (Marici Costa), das duas filhas (Arianna e Shanni Bachmann) e dos genros (Humberto Mesquita e Márcio Lewkowicz) para esconder o patrimônio.
Os registros em cartório mostram que o ex-diretor e a família fizeram uma rodada de compras de imóveis da Península, reduto de luxo na Barra da Tijuca monitorado por seguranças privados. O histórico de negociações inclui também a aquisição de um terreno em situação irregular de 2.800 metros quadrados, por 200.000 reais. A transferência de propriedade, no entanto, não foi concluída, porque a prefeitura do Rio considera o loteamento ilegal desde agosto de 2012.
Em diversas transações, os valores registrados em cartório ficaram abaixo da avaliação de mercado e da avaliação da Prefeitura do Rio de Janeiro na cobrança do Imposto de Transmissão de Bens Imobiliários (ITBI). Apesar de a compra de onze dos imóveis ter sido registrada por um gasto total de 5,8 milhões de reais, essas aquisições valiam 6,5 milhões de reais no momento em que foram feitas, de acordo com dados da Prefeitura do Rio. Uma avaliação feita pelo presidente da imobiliária Patrimóvel, Rubem Vasconcelos, a pedido do site de VEJA, estima valor atual de 14,4 milhões de reais aos imóveis adquiridos pela família de Costa desde 2009, sem considerar o terreno irregular em Vargem Pequena.
De acordo com investigadores ouvidos pelo site de VEJA, transações imobiliárias costumam ser subavaliadas em cartório para que o comprador efetue parte do pagamento com dinheiro de caixa dois, fora do sistema bancário, ou para que economize no gasto com impostos. Um dos indícios de que Costa mantinha uma espécie de “caixa dois” de recursos ilícitos foi a apreensão, na casa dele, de cerca de 1,2 milhão de reais, em notas de dólar, euro e real.
Costa tinha um salário alto como diretor de Abastecimento da Petrobras, cargo que ocupou de maio de 2004 a abril de 2012. Em 2011, a remuneração anual média dos sete diretores da estatal era de 1,7 milhão de reais, entre salário fixo e bônus. A atual residência de Costa, uma casa no condomínio Riomar IX, no Recreio dos Bandeirantes, foi adquirida em setembro de 2003 por 500.000 reais. Na época, ele era diretor-superintendente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil. Em abril de 2005, Costa vendeu um apartamento de 214 metros quadrados que tinha no condomínio Villa di Genova pelo valor declarado de 400.000 reais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário