sexta-feira, 11 de abril de 2014

REI DA SOJA NÃO FOI EXTORQUIDO POR SENADOR BOLIVIANO MORTO

Ex-senador boliviano Andrés Guzmán e o empresário Olacyr de Moraes, em Moscou
Ex-senador boliviano Andrés Guzmán e o empresário Olacyr de Moraes, em Moscou (Reprodução)
A Justiça de São Paulo receberá ainda nesta sexta-feira o inquérito que apura a morte do ex-senador boliviano Andres Fermin Gusman, de 60 anos, assassinado pelo motorista do mega-empresário da soja Olacyr de Moraes. Olacyr prestou depoimento ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) na quinta-feira e negou que o dinheiro que o boliviano carregava no dia do assassinato – uma maleta com 399.900 reais – teria vindo de extorsão. Na primeira versão dada pelo motorista Miguel Garcia Ferreira no dia do crime, ele teria dito que o patrão estaria sendo chantageado pelo boliviano e que queria apenas de "dar um susto" em Gusman. Ferreira é funcionário de Olacyr há 38 anos.
A viúva do ex-senador, que foi ouvida pela polícia na quarta-feira, também negou que seu marido extorquisse o empresário conhecido como ‘rei da soja’. Mas as versões dadas para o dinheiro foram diferentes. A viúva, em depoimento, teria afirmado que o dinheiro que havia sido entregue a Gusman por Olacyr pouco antes de ele ser morto era um pagamento por serviços que o boliviano prestou como corretor em negociação de terras. Provavelmente, venda de parte de fazendas produtoras de soja. 
A mulher afirmou ainda que a relação entre Gusman e Olacyr era sólida e que eles mantinham relacionamento próximo e tratavam de negócios há pelo menos vinte anos. Gusman era diretor de duas mineradoras que pertencem ao empresário. A viúva, que é brasileira, também afirmou à polícia que não sabe o que teria motivado o assassinato do marido. O corpo de Gusman foi enterrado no Brasil no início desta semana. Ele tem residência permanente no país desde 1972. 
Crime – O assassinato aconteceu na última sexta-feira perto do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. O motorista teria disparado quatro vezes dentro do carro blindado que o boliviano dirigia. Três disparos atingiram Gusman. O carro blindado, uma Cherokee, ficou com a frente toda amassada após bater em um poste.
O motorista teria pedido carona ao boliviano e durante o trajeto sacou um revólver calibre 38 para fazer a ameaça e dar o "susto" na tentativa de recuperar o dinheiro. Na versão de Ferreira, o boliviano começou uma briga, e foi então que os disparos aconteceram. O corpo de Gusman foi encontrado ao lado do carro. Ferreira foi preso em flagrante por homicídio. Ele tentava fugir e estava com a camisa ensanguentada. A polícia conseguiu encontrar a arma do crime.
Policiais do Deic trabalham para conseguir imagens de câmaras de segurança de condomínios da região e pretendem obter o material até o início da próxima semana. 
Comitiva de Dilma – O ex-senador embarcou em dezembro de 2012 em uma viagem junto com a comitiva da presidente Dilma Rousseff a Moscou, na Rússia. Segundo a publicação oficial da Gazeta Russa, ele ocupava o cargo de "diretor para assuntos internacionais" de duas mineradoras, Itaoeste Mineração e da OMF Mineral Star, que pertencem a Olacyr. 
Em abril de 2006, Gusman realizou, em sua casa de La Paz, uma reunião entre o mensaleiro José Dirceu e deputados da oposição. Na época, o já ex-ministro da Casa Civil de Lula foi à Bolívia como lobista do empresário Eike Batista.
‘Rei da Soja’ - Olacyr foi o mais jovem bilionário brasileiro no final dos anos 1980. Chegou a ter mais de quarenta empresas atuando em diversos ramos, como construção civil, transporte, agronegócio, pecuária, geração de energia, implementos agrícolas, armazenamento e estocagem de alimentos. Em outra façanha de seu currículo como empreendedor, ele ergueu, também na década de 80, um império agrícola nas terras até então consideradas inóspitas do Centro-Oeste

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